O Enem contribuiu com o ensino superior?

Relembrando a primeira mensagem :

Ao longo desse primeiro semestre na faculdade de engenharia venho reparando que alguns dos meus colegas (80% da turma para ser mais específico) tem grande dificuldade na área de exatas. Alguns não sabem **expressão de baixo calão** nenhuma a diferença entre molécula e átomo, outros não sabem que -1 é maior que -2 e que não é possível dividir duas matrizes, etc. No entanto boa parte da turma provém da escola pública por meio de cotas raciais ou/e financeiras. Enfim, a minha questão a ser levantada é se a adesão da prova do Enem pelas universidades federais como meio único de ingresso à mesma diminuiu o nível do ensino público superior? Gostaria de ler os comentários de vocês a respeito desse assunto, por exemplo, a mesma situação ocorre aí no sul e sudeste do Brasil?

A discussão sobre a educação e o ensino é sempre necessária dada a sua decorrente importância fundamental para o país.

Não basta discutir como ensinar, métodos são obviamente relevantes, mas é preciso saber para quê ensinar. O que se espera da educação? Ensinam-se os jovens para que fim? O que a nação espera desse investimento? Só quem fixa metas pode perseguir um resultado.

A resposta a essas perguntas vai definir o conteúdo e eventualmente os métodos. Vai definir o que é fundamental para formar um cidadão pleno e o que é complementar e preparatório para qualificá-lo a prosseguir numa graduação profissional.

Vou contribuir apenas informando-lhes a situação das universidades gaúchas:

Aqui no RS, para ser BEM sincero, os cursos de Universidades Federais que apresentam maior densidade de concorrentes (como Medicina, Psicologia e as Engenharias mais disputadas) são os únicos que aprovam um número relativamente grande de pessoas que entram com uma boa base teórica.

Os outros cursos, e cursos de universidades particulares (inclusive aquelas que todo brasileiro conhece e diz ser ÓTIMA, como a PUCRS), aprovam pessoas com conhecimento NULO; decrescendo MUITO a qualidade das aulas.

A saída para o gaúcho que quer fazer um curso menos concorrido, ou uma universidade particular, é estudar muito em casa, como complementação às aulas; o problema é que, em geral, os estudantes desses cursos/universidades não tem desejo algum de fazer isso. Por fim, chega-se ao resultado final do defesado ensino brasileiro: essas universidades acabam aprovando pessoas incapazes de exercer sua profissão.

Deixo vocês com uma frase que o estudante gaúcho dessas áreas que citei ama dizer: "Para que vou estudar isso e aquilo? Nunca vou usar no meu trabalho!"

Dezotti, você me surpreendeu!

Tem muito estudante de humanas que só fica vegetando e ainda se acha o super inteligente

isto está bem preconceituoso!

Você não acha que o mercado de trabalho seja quem deve regular essas demandas? Extinguir cursos de Ciências Políticas, Direito e Economia, contribui para diminuir a "inteligentsia" de um país.

Oi? Cancelar cursos de humanas? Qual vai ser a vantagem de cancelar esses cursos essenciais para o convívio em sociedade e a formação de indivíduos críticos?
(Fazendo um parênteses aqui, essa discussão me lembrou do tema da redação da UERJ esse ano: a necessidade de conhecer experiências históricas de violência e opressão, para a construção de uma sociedade mais democrática.)
É "compreensível" essa decisão do Japão, o país quer mais e mais mão de obra especializada para trabalhar em suas fábricas.
Aliás, acho triste essa generalização de que estudante de humanas é vagabundo e maconheiro.

Bate em Harvard e pede para cancelarem as humanas...

Esse tópico me cheira o mais puro preconceito.
PQ não entraram no ime ou ita se queriam escolas de alto padrão ?

E ainda apagaram meu comentário.

Vou ter que concordar com a Ana Clara. Nem todo estudante de humanas é esse "pseudointelectual" que não estuda, tampouco as faculdades devem ser mais exigentes pra deixar o aluno na rédea curta. 

Acho que a vida pessoal do indivíduo não deve se misturar com a profissional, certo? Se o professor do seu filho fumou maconha na universidade, isso vai impedir ele de dar uma educação de qualidade ao seu filho? Não né? Foi uma decisão dele usar, e não vai mudar nada. :bom:

Isso realmente é ofensivo. Aqui na UFV o preconceito com o curso de Ciências Sociais chegou a tamanhas proporções que os estudantes do citado curso fizeram uma carta aberta à toda a faculdade, expondo a situação deles, o preconceito existente e mais importante: a importância do seu curso .

Essa ideia de que estudantes de exatas são mais inteligentes, ou ainda que um engenheiro, por exemplo, não precisa de uma base humana, é ridícula e ultrapassada. O pensamento crítico é uma habilidade necessária para qualquer cidadão .

O Brasil pode estar ruim agora, mas afirmo com toda certeza que se uma medida semelhante aquela que está tramitando no Japão fosse aprovada aqui, a situação pioraria de uma maneira inimaginável. Essa medida soa como uma afronta à democracia.

É a minha opinião.