O Enem contribuiu com o ensino superior?

Relembrando a primeira mensagem :

Ao longo desse primeiro semestre na faculdade de engenharia venho reparando que alguns dos meus colegas (80% da turma para ser mais específico) tem grande dificuldade na área de exatas. Alguns não sabem **expressão de baixo calão** nenhuma a diferença entre molécula e átomo, outros não sabem que -1 é maior que -2 e que não é possível dividir duas matrizes, etc. No entanto boa parte da turma provém da escola pública por meio de cotas raciais ou/e financeiras. Enfim, a minha questão a ser levantada é se a adesão da prova do Enem pelas universidades federais como meio único de ingresso à mesma diminuiu o nível do ensino público superior? Gostaria de ler os comentários de vocês a respeito desse assunto, por exemplo, a mesma situação ocorre aí no sul e sudeste do Brasil?

Sinceramente acho que os alunos de colégio particular tão mais preocupados com o número de vagas que sobrarão pra eles do que com a qualidade.
Antes eles poderiam disputar 100% das vagas, agora só podem disputar 50%.
Os outros 50% são para escola pública.

Evidentemente ninguém tá preocupado com a qualidade da escola pública. Só querem que esses alunos de escola pública ( que entram com nota mais baixa ) não pudessem entrar pra sobrar mais vagas para quem tem notas mais altas ( alunos de escola particular ). Ou seja, continuar tudo como era antes.

Falta coerência há algumas pessoas qdo reclamam.

Há algum tempo li em um link - o perdi - que a nota do curso de Pedagogia influi na qualidade das escolas públicas. Ora, salvas algumas exceções, o professor escolheu tornar-se o que é porque foi o que deu, ou seja, ao invés de tentar entrar em Direito/Medicina/Engenharia... pedagogia se mostrou uma opção mais fácil. O aluno percebe quando o professor é despreparado e não gosta de ensinar - tal prática torna-se um fardo. Estudei o fundamental em colégio público e sei bem como funciona essa situação : é licenciado em Geografia dando aula de Matemática e licenciado em Inglês dando aula de Ciências... E olha que a particular em que estudo não foge muito dessa realidade. (graças à Deus faltam dias para que eu conclua o E.M). O professor de Química da minha escola explica 64 capítulos por ano, enquanto na outra pública em que ele também dá aula esse número gira em torno 5-6 cap (Sim, às vezes até menos. Não consigo imaginar o processo de ''aprendizagem'' numa sala de 50 alunos com capacidade para 30...). Por tudo isso que presenciei, nunca gostei de depender de ensino de escola, por melhor que ela possa ser.

P.S : Acho ridículo todos esses esteriótipos à respeito dos Cursos de Humanas.

Mas pra isso é so fazer uma faculdade particular. Faz o que gosta.
    O buraco é bem mais embaixo.
    O professor estuda para ser professor, para lecionar e nao pra ser baba de filho de madame.
    
     Vc gostaria de trabalhar num lugar onde as pessoas nao te respeitam ?

Vocês conhecem a Escola da Ponte em Porto? Seria ótimo se tivesse escolas públicas com essa metodologia aqui no Brasil.

Fito42 escreveu:Os cursos de Humanas são realmente IMPORTANTES. No meu curso de engenharia estou puxando alguns conteúdos mais sociais, até porque o atual mercado de trabalho procura alunos socialmente competentes e líderes em potencial. Saber lidar com pessoas é indispensável. O problema dos cursos de humanidades é o pessoal que entra. Se houvesse uma seleção mais puxada ou diferente, o cenário seria outro.

Falou tudo, rs. Só discordo da generalização que você fez, pois há um pessoal que passa em Humanas com notas maiores do que qualquer candidato que passou nas áreas de exatas; basta checar vestibulares que liberam as médias dos primeiros lugares em cada curso.

A metodologia da escola da ponte é fantástica; quando eu vi como funcionava eu só pensei "não isso no Brasil nunca há de funcionar", talvez seja os longos anos com a mesma metodologia de ensino que fazem q não somente eu pense como um sonho impossível de ser implementado aqui; falta tanto pro Brasil aprimorar a própria didática na educação, mas seria ótimo que algumas escolas públicas adotassem o exemplo lusitano.

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Gozado essa discussão sobre Humanas. Pessoalmente, me destaco em Exatas, e vejo realmente a necessidade dela para a produção efetiva, motivo que me levou a uma imersão moral angustiante pra saber qual rumo levaria. Descobri que eu não conseguiria trabalhar como Engenheiro, Médico ou etc de forma a não perder o sono com todos os problemas do lado de fora...Infelizmente eu conclui que, embora tivesse salário justo, vivesse confortavelmente, contribuísse e muito no aspecto materialista da sociedade, pra mim não serviria de tão bom grado se eu não tivesse a oportunidade de discutir sobre as causas humanas (sociais). É por isso que, aos 45 do segundo tempo, mesmo tendo parcialmente nota pra passar em medicina, decidi ir pra humanas. Escolhi Economia, mas para puxar o lado humano da coisa. E o diferencial dessa história vem daqui: não me importo em ser rico, nem tampouco quero ter uma vida "easygoing". 

Acho o ofício de exatas muito justo e bem mais prático do que o de humanas, o que é importante, mas não adianta um sem um outro. Fico inclusive triste ao ver muitos escolhendo Direito com reles intuito de ganhar dinheiro sendo um burocrata que não cria, somente reproduz. E o Estado fomenta isso de uma forma que me lembra a política dos governadores da República Velha. Entretanto, não vejo isso como símbolo de humanas. Ainda vejo humanas formando grandes pensadores. Entretanto enquanto eu e alguns vemos como um abrigo para inconformados, a maioria vê como o recurso para fugir das exatas (??!). Mas, ora bolas, até Exatas é tão fundamental à Humanas como o contrário. Exatas, por si só, é uma ferramento do raciocínio e deduções. Humanas, por si só, é uma ferramenta de análise e contrapontos. Vejo pessoas como Marcelo Gleiser, Richard Dawkins e eu ousaria dizer alguns ambientalistas (apesar de eu ser cético sobre alguns assuntos, o trabalho deles envolve conhecimento de exatas)...compõem idealmente junção de Exatas e Humanas.

Agora que é fundamental acabar com essa onda de marijuana por aí isso é imperativo. Fornecer aulas de qualidade e que exigem participação do aluno para um ensino dialético e se deparar com um aluno drogado não dá. É falta de respeito com a instituição. Não que sejam todos, porque não são. De fato, tem de ser cabalmente banido de qualquer instituição de ensino, mesmo escolas. Afinal, escolas são agente socializadores e introduzir esse instrumento chamado narcóticos de forma irresponsável nesse meio cria agente sociais irresponsáveis.

P.S.: Adora o tema do método de ensino! (apesar de eu não acompanhar autores, tiro forte embasamento das minhas experiências) E muito me perguntam sobre. Muitos clamam que vão muito bem na escola, e quando chega no vestibular parecem ter esquecido tudo. E de fato, acompanho colegas próximos que quase não dormem com vista a estudar e mesmo assim, nada de resultados eminentes. Daí minha crença que as escolas querem transformar os alunos em zumbis e esse é o maior tiro no pé que podem dar. Ou é o medo da estudante crítico ou é a falta de competência dos planejadores, não sei, mas que precisamos repensar o ensino, isso sim. Tema oportuno pra um tópico, ou esse mesmo, não?