ufrgs cv 2019 português
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ufrgs cv 2019 português
01. Recebi consulta de um amigo que tenta
02. deslindar segredos da língua para
03. estrangeiros que querem aprender português.
04. Seu problema: “se digo em uma sala de aula:
05. ‘Pessoal, leiam o livro X’, como explicar a
06. concordância? Certamente, não se diz
07. ‘Pessoal, leia o livro X’".
08. Pela pergunta, vê-se que não se trata de
09. fornecer regras para corrigir eventuais
10. problemas de padrão. Trata-se de entender
11. um dado que ocorre regularmente, mas que
12. parece oferecer alguma dificuldade de análise.
13. Em primeiro lugar, é óbvio que se trata de
14. um pedido (ou de uma ordem) mais ou
15. menos informal. Caso contrário, não se usaria
16. a expressão “pessoal”, mas talvez “Senhores”
17. ou “Senhores alunos”.
18. Em segundo lugar, não se trata da tal
19. concordância ideológica, nem de silepse
20. (hipóteses previstas pela gramática para
21. explicar concordâncias mais ou menos
22. excepcionais, que se devem menos a fatores
23. sintáticos e mais aos semânticos; exemplos
24. correntes do tipo “A gente fomos” e “o
25. pessoal gostaram” se explicam por esse
26. critério). Como se pode saber que não se
27. trata de concordância ideológica ou de
28. silepse? A resposta é que, nesses casos, o
29. verbo se liga ao sujeito em estrutura sem
30. vocativo, diferentemente do que acontece
31. aqui. E em casos como “Pedro, venha cá”,
32. “venha” não se liga a “Pedro”, mesmo que
33. pareça que sim, porque Pedro não é o sujeito.
34. Para tentar formular uma hipótese mais
35. clara para o problema apresentado, talvez se
36. deva admitir que o sujeito de um verbo pode
37. estar apagado e, mesmo assim, produzir
38. concordância. O ideal é que se mostre que o
39. fenômeno não ocorre só com ordens ou
40. pedidos, e nem só quando há vocativo.
41. Vamos por partes: a) é normal, em
42. português, haver orações sem sujeito
43. expresso e, mesmo assim, haver flexão
44. verbal. Exemplos correntes são frases como
45. “chegaram e saíram em seguida”, que todos
46. conhecemos das gramáticas; b) sempre que
47. há um vocativo, em princípio, o sujeito pode
48. não aparecer na frase. É o que ocorre em
49. “meninos, saiam daqui”; mas o sujeito pode
50. aparecer, pois não seria estranha a sequência
51. “meninos, vocês se comportem”; c) se forem
52. aceitas as hipóteses a) e b) (diria que são
53. fatos), não seria estranho que a frase
54. “Pessoal, leiam o livro X” pudesse ser tratada
55. como se sua estrutura fosse “Pessoal, vocês
56. leiam o livro x”. Se a palavra “vocês” não
57. estivesse apagada, a concordância se
58. explicaria normalmente; d) assim, o problema
59. real não é a concordância entre “pessoal” e
60. “leiam”, mas a passagem de “pessoal” a
61. “vocês”, que não aparece na superfície da
62. frase.
63. Este caso é apenas um, dentre tantos
64. outros, que nos obrigariam a considerar na
65. análise elementos que parecem não estar na
66. frase, mas que atuam como se lá estivessem.
24. Assinale a alternativa que apresenta uma oração na voz passiva.
(A) mesmo que pareça que sim, [...] (l. 32-33).
(B) é normal, em português, haver orações sem sujeito expresso [...] (l. 41-43).
(C) Exemplos correntes são frases como “chegaram e saíram em seguida”, [...] (l. 44-45).
(D) não seria estranha a sequência “meninos, vocês se comportem”; [...] (l. 50-51).
(E) se forem aceitas as hipóteses a) e b) [...] (l. 51-52).
Poderiam explicar? Não sei nada de voz passiva e afins
02. deslindar segredos da língua para
03. estrangeiros que querem aprender português.
04. Seu problema: “se digo em uma sala de aula:
05. ‘Pessoal, leiam o livro X’, como explicar a
06. concordância? Certamente, não se diz
07. ‘Pessoal, leia o livro X’".
08. Pela pergunta, vê-se que não se trata de
09. fornecer regras para corrigir eventuais
10. problemas de padrão. Trata-se de entender
11. um dado que ocorre regularmente, mas que
12. parece oferecer alguma dificuldade de análise.
13. Em primeiro lugar, é óbvio que se trata de
14. um pedido (ou de uma ordem) mais ou
15. menos informal. Caso contrário, não se usaria
16. a expressão “pessoal”, mas talvez “Senhores”
17. ou “Senhores alunos”.
18. Em segundo lugar, não se trata da tal
19. concordância ideológica, nem de silepse
20. (hipóteses previstas pela gramática para
21. explicar concordâncias mais ou menos
22. excepcionais, que se devem menos a fatores
23. sintáticos e mais aos semânticos; exemplos
24. correntes do tipo “A gente fomos” e “o
25. pessoal gostaram” se explicam por esse
26. critério). Como se pode saber que não se
27. trata de concordância ideológica ou de
28. silepse? A resposta é que, nesses casos, o
29. verbo se liga ao sujeito em estrutura sem
30. vocativo, diferentemente do que acontece
31. aqui. E em casos como “Pedro, venha cá”,
32. “venha” não se liga a “Pedro”, mesmo que
33. pareça que sim, porque Pedro não é o sujeito.
34. Para tentar formular uma hipótese mais
35. clara para o problema apresentado, talvez se
36. deva admitir que o sujeito de um verbo pode
37. estar apagado e, mesmo assim, produzir
38. concordância. O ideal é que se mostre que o
39. fenômeno não ocorre só com ordens ou
40. pedidos, e nem só quando há vocativo.
41. Vamos por partes: a) é normal, em
42. português, haver orações sem sujeito
43. expresso e, mesmo assim, haver flexão
44. verbal. Exemplos correntes são frases como
45. “chegaram e saíram em seguida”, que todos
46. conhecemos das gramáticas; b) sempre que
47. há um vocativo, em princípio, o sujeito pode
48. não aparecer na frase. É o que ocorre em
49. “meninos, saiam daqui”; mas o sujeito pode
50. aparecer, pois não seria estranha a sequência
51. “meninos, vocês se comportem”; c) se forem
52. aceitas as hipóteses a) e b) (diria que são
53. fatos), não seria estranho que a frase
54. “Pessoal, leiam o livro X” pudesse ser tratada
55. como se sua estrutura fosse “Pessoal, vocês
56. leiam o livro x”. Se a palavra “vocês” não
57. estivesse apagada, a concordância se
58. explicaria normalmente; d) assim, o problema
59. real não é a concordância entre “pessoal” e
60. “leiam”, mas a passagem de “pessoal” a
61. “vocês”, que não aparece na superfície da
62. frase.
63. Este caso é apenas um, dentre tantos
64. outros, que nos obrigariam a considerar na
65. análise elementos que parecem não estar na
66. frase, mas que atuam como se lá estivessem.
24. Assinale a alternativa que apresenta uma oração na voz passiva.
(A) mesmo que pareça que sim, [...] (l. 32-33).
(B) é normal, em português, haver orações sem sujeito expresso [...] (l. 41-43).
(C) Exemplos correntes são frases como “chegaram e saíram em seguida”, [...] (l. 44-45).
(D) não seria estranha a sequência “meninos, vocês se comportem”; [...] (l. 50-51).
(E) se forem aceitas as hipóteses a) e b) [...] (l. 51-52).
Poderiam explicar? Não sei nada de voz passiva e afins
Última edição por folettinhomed em Sáb 31 Ago 2019, 14:02, editado 1 vez(es)
folettinhomed- Mestre Jedi
- Mensagens : 988
Data de inscrição : 23/02/2019
Idade : 24
Localização : Santa Cruz do Sul, RS, Brasil
Re: ufrgs cv 2019 português
Seguinte:
Na voz passiva, basicamente o sujeito passa a sofrer a ação verbal, e não a realiza. Nesse tipo de voz verbal, temos duas subclassificações:
VOZ PASSIVA ANALÍTICA: é quando temos apenas um sujeito sofrendo a ação verbal e um chamado "agente da passiva" . Exemplo:
Perceba que o carro (sujeito) sofreu a ação de ser comprado por João (agente da passiva).
**ADENDO: Se passar a oração para a voz ativa, o agente da passiva vira sujeito, e sujeito pode virar objeto:
João comprou o carro.
VOZ PASSIVA SINTÉTICA: Aqui a marca principal é a partícula "se" como partícula apassivadora; nesse caso, não teremos um agente da passiva explícito, veja bem:
Compram-se carros = Carros são comprados.
Tendo em vista isso, perceba que na alternativa (E) as hipóteses - sujeito da oração-, sofrem a ação de serem aceitas.
Qualquer coisa tamo ai
Na voz passiva, basicamente o sujeito passa a sofrer a ação verbal, e não a realiza. Nesse tipo de voz verbal, temos duas subclassificações:
VOZ PASSIVA ANALÍTICA: é quando temos apenas um sujeito sofrendo a ação verbal e um chamado "agente da passiva" . Exemplo:
O carro foi comprado por João.
Perceba que o carro (sujeito) sofreu a ação de ser comprado por João (agente da passiva).
**ADENDO: Se passar a oração para a voz ativa, o agente da passiva vira sujeito, e sujeito pode virar objeto:
João comprou o carro.
VOZ PASSIVA SINTÉTICA: Aqui a marca principal é a partícula "se" como partícula apassivadora; nesse caso, não teremos um agente da passiva explícito, veja bem:
Compram-se carros = Carros são comprados.
Tendo em vista isso, perceba que na alternativa (E) as hipóteses - sujeito da oração-, sofrem a ação de serem aceitas.
Qualquer coisa tamo ai
SanchesCM- Jedi
- Mensagens : 434
Data de inscrição : 19/09/2016
Idade : 27
Localização : Curitiba, Paraná, Brasil.
Re: ufrgs cv 2019 português
Valeuuuu; tem como explicar as outras alternativas??
folettinhomed- Mestre Jedi
- Mensagens : 988
Data de inscrição : 23/02/2019
Idade : 24
Localização : Santa Cruz do Sul, RS, Brasil
Re: ufrgs cv 2019 português
Então, na A, pelo menos ao meu ver, não há nada que expresse alguém sofrendo uma ação verbal, tampouco executando, o que recai na explicação que darei na C e D por ser verbo de ligação.
B) "é normal, em português, haver orações sem sujeito expresso."
Aqui o verbo haver é impessoal, isto é, sem sujeito, pois está no sentido de existir. Quando não se há sujeito, tem-se a voz ativa sempre, é só lembrar-se dos verbos meteorológicos, tipo 'chover'.
C) Sujeito: exemplos correntes. Foi até bom ter perguntado, eu havia esquecido de dizer mais uma coisa: Não temos voz verbal com verbo de ligação, visto que este exprime apenas um estado. No caso, o verbo "ser" é de ligação, não havendo, pois, voz passiva ou ativa.
D) Mesmo caso com verbo de ligação.
B) "é normal, em português, haver orações sem sujeito expresso."
Aqui o verbo haver é impessoal, isto é, sem sujeito, pois está no sentido de existir. Quando não se há sujeito, tem-se a voz ativa sempre, é só lembrar-se dos verbos meteorológicos, tipo 'chover'.
C) Sujeito: exemplos correntes. Foi até bom ter perguntado, eu havia esquecido de dizer mais uma coisa: Não temos voz verbal com verbo de ligação, visto que este exprime apenas um estado. No caso, o verbo "ser" é de ligação, não havendo, pois, voz passiva ou ativa.
D) Mesmo caso com verbo de ligação.
SanchesCM- Jedi
- Mensagens : 434
Data de inscrição : 19/09/2016
Idade : 27
Localização : Curitiba, Paraná, Brasil.
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