Redação FUVEST 2016
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Redação FUVEST 2016
Saudações, companheiros de fórum! Eu gostaria muito de receber sua crítica quanto ao texto que escrevi a partir da proposta do último vestibular da Fuvest.
Meu texto:
Agradeço desde logo!
- Proposta:
- Por algum motivo, o post estava ficando "bugado" e, todas as vezes que o enviei, a mensagem parava em algum ponto do texto da proposta. Então, resolvi suprimir todas as citações. Se alguém quiser consultá-las, pode clicar aqui e selecionar "redação" na barra lateral. Obrigado!
O conjunto de excertos acima contém um verbete, que traz uma definição de utopia, seguido de outros cinco textos que apresentam diferentes reflexões sobre o mesmo assunto. Considerando as ideias neles contidas, além de outras informações que você julgue pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema - As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?
Meu texto:
A utopia como inspiração
Todas as sociedades humanas, desde a primeira, tiveram problemas. Fome, guerras, desigualdade, enfim, realidades que incomodam porque são difíceis de aceitar. Em face a isso, há quem, geralmente por ignorância, adote uma postura de conformismo: "sempre foi assim, sempre será". Pensando "fora da caixa", porém, é possível imaginar mundos perfeitos: as utopias. Isso leva a algum lugar? Ou seria melhor aceitar "a vida como ela é"?
Tem-se afirmado, pelo menos desde o Iluminismo, que o grande diferencial do ser humano é justamente a sua capacidade de romper com a natureza. Ou seja, segundo esses autores - com destaque para Rousseau e Kant -, tudo o que é natural é mecânico, repetitivo, determinado; o homem, por sua vez, é capaz de transcender, de ir além, de inventar. Assim, a andorinha voa porque nasceu alada, e o homem porque inventou o avião. Ora, se o homem não se contenta com o que a natureza lhe confere, é de se esperar que menos ainda se conforme com o que a sociedade lhe impõe. Nesse sentido, é imediato que se idealizem mundos inexistentes, aparentemente impossíveis. "Utopizar" é uma faculdade humana por excelência.
A utopia apaixonada - e armada -, porém, torna-se problemática. Cabe lembrar o exemplo dos nazistas, que, sonhando com uma nação de pessoas "mais evoluídas", dizimaram 6 milhões de judeus. O problema, nesse caso, está na tentativa de imposição do projeto utópico e, essencialmente, no radicalismo. Aristóteles já recomendava: busque-se o "justo meio". Assim, se Marx (que foi um utopista, mesmo o negando) idealizou uma sociedade sem classes e previu que esta seria instalada pela força das armas, uma releitura moderada de sua obra originou a corrente socialdemocrata, que buscava minar as desigualdades por via democrática. A utopia, nesse caso como em outros tantos, foi essencial enquanto fonte de inspiração.
Portanto, não se devem desprezar as utopias. Viver sem elas é viver limitado, em um mundo aparentemente eterno e imutável, sem forças para reagir; é, enfim, viver enclausurado, como na caverna de Platão. É fundamental, contudo, aceitar que as pessoas pensam de maneira diferente, logo projetam distintas utopias. A democracia há de ser, enfim, o ponto de tangência entre as utopias, aproveitando o melhor de cada uma delas a fim de transformar a sociedade.
Tem-se afirmado, pelo menos desde o Iluminismo, que o grande diferencial do ser humano é justamente a sua capacidade de romper com a natureza. Ou seja, segundo esses autores - com destaque para Rousseau e Kant -, tudo o que é natural é mecânico, repetitivo, determinado; o homem, por sua vez, é capaz de transcender, de ir além, de inventar. Assim, a andorinha voa porque nasceu alada, e o homem porque inventou o avião. Ora, se o homem não se contenta com o que a natureza lhe confere, é de se esperar que menos ainda se conforme com o que a sociedade lhe impõe. Nesse sentido, é imediato que se idealizem mundos inexistentes, aparentemente impossíveis. "Utopizar" é uma faculdade humana por excelência.
A utopia apaixonada - e armada -, porém, torna-se problemática. Cabe lembrar o exemplo dos nazistas, que, sonhando com uma nação de pessoas "mais evoluídas", dizimaram 6 milhões de judeus. O problema, nesse caso, está na tentativa de imposição do projeto utópico e, essencialmente, no radicalismo. Aristóteles já recomendava: busque-se o "justo meio". Assim, se Marx (que foi um utopista, mesmo o negando) idealizou uma sociedade sem classes e previu que esta seria instalada pela força das armas, uma releitura moderada de sua obra originou a corrente socialdemocrata, que buscava minar as desigualdades por via democrática. A utopia, nesse caso como em outros tantos, foi essencial enquanto fonte de inspiração.
Portanto, não se devem desprezar as utopias. Viver sem elas é viver limitado, em um mundo aparentemente eterno e imutável, sem forças para reagir; é, enfim, viver enclausurado, como na caverna de Platão. É fundamental, contudo, aceitar que as pessoas pensam de maneira diferente, logo projetam distintas utopias. A democracia há de ser, enfim, o ponto de tangência entre as utopias, aproveitando o melhor de cada uma delas a fim de transformar a sociedade.
Agradeço desde logo!
rodrigoneves- Matador
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Re: Redação FUVEST 2016
Levando em consideração os aspectos argumentativos do texto, tenho a convicção de que tenha ficado muito bom!
Introdução: As perguntas no final, deram dinamicidade, e como são respondidas ao longo do texto, se tornaram um ótimo recurso linguístico para "prender" a atenção do leitor.
Desenvolvimento 1: Citou contexto histórico, pensadores, valorizou o seu ponto de vista e uma boa metáfora (não sei como os corretores avaliam figuras de linguagem em dissertações) para explicar em seguida.
Desenvolvimento 2: Colocou limites e citou exemplos.
Conclusão: Iniciar com "portanto" é um recurso muitas vezes mal visto por corretores...
Citar algo sem explicar é arriscado. Quando citou a caverna de Platão, uma breve descrição dela seria fundamental.
Associou bem: pensamentos distintos e democracia.
Achei a redação excelente!
Introdução: As perguntas no final, deram dinamicidade, e como são respondidas ao longo do texto, se tornaram um ótimo recurso linguístico para "prender" a atenção do leitor.
Desenvolvimento 1: Citou contexto histórico, pensadores, valorizou o seu ponto de vista e uma boa metáfora (não sei como os corretores avaliam figuras de linguagem em dissertações) para explicar em seguida.
Desenvolvimento 2: Colocou limites e citou exemplos.
Conclusão: Iniciar com "portanto" é um recurso muitas vezes mal visto por corretores...
Citar algo sem explicar é arriscado. Quando citou a caverna de Platão, uma breve descrição dela seria fundamental.
Associou bem: pensamentos distintos e democracia.
Achei a redação excelente!
Matemathiago- Estrela Dourada
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Re: Redação FUVEST 2016
Muito obrigado!Matemathiago escreveu:Levando em consideração os aspectos argumentativos do texto, tenho a convicção de que tenha ficado muito bom!
Introdução: As perguntas no final, deram dinamicidade, e como são respondidas ao longo do texto, se tornaram um ótimo recurso linguístico para "prender" a atenção do leitor.
Desenvolvimento 1: Citou contexto histórico, pensadores, valorizou o seu ponto de vista e uma boa metáfora (não sei como os corretores avaliam figuras de linguagem em dissertações) para explicar em seguida.
Desenvolvimento 2: Colocou limites e citou exemplos.
Conclusão: Iniciar com "portanto" é um recurso muitas vezes mal visto por corretores...
Citar algo sem explicar é arriscado. Quando citou a caverna de Platão, uma breve descrição dela seria fundamental.
Associou bem: pensamentos distintos e democracia.
Achei a redação excelente!
Quanto à citação não explicada, no final, sou obrigado a concordar. Aliás, eu tinha planejado falar sobre isso na introdução e depois apenas retomar (sim, eu faço a introdução por último... costuma dar certo), mas acabei não conseguindo, e quis deixar a conclusão como estava mesmo.
rodrigoneves- Matador
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Idade : 25
Localização : São Luís, Maranhão
Re: Redação FUVEST 2016
Redação ficou excelente , mas tome cuidado com as conclusões exemplo " Concluindo-se " Portanto" étc , evite isso. O corretor já estará sabendo que você está concluindo a redação.
Convidado- Convidado
Re: Redação FUVEST 2016
"Portanto" não é algo que comenta a estrutura que está sendo feita, diferentemente de "concluindo-se"!nanzinho12 escreveu:Redação ficou excelente , mas tome cuidado com as conclusões exemplo " Concluindo-se " Portanto" étc , evite isso. O corretor já estará sabendo que você está concluindo a redação.
_Arthur_- Mestre Jedi
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Re: Redação FUVEST 2016
Mas da a idéia do que eu me referi , e portanto da idéia de conclusão sim. Faço a advertência pois isso foi dica de um professor de um cursinho meu , que inclusive já foi corretor de bancas !SCOFIELD escreveu:"Portanto" não é algo que comenta a estrutura que está sendo feita, diferentemente de "concluindo-se"!nanzinho12 escreveu:Redação ficou excelente , mas tome cuidado com as conclusões exemplo " Concluindo-se " Portanto" étc , evite isso. O corretor já estará sabendo que você está concluindo a redação.
Convidado- Convidado
Re: Redação FUVEST 2016
Dar ideia de conclusão é completamente diferente de comentar a estrutura do texto.nanzinho12 escreveu:Mas da a idéia do que eu me referi , e portanto da idéia de conclusão sim. Faço a advertência pois isso foi dica de um professor de um cursinho meu , que inclusive já foi corretor de bancas !SCOFIELD escreveu:"Portanto" não é algo que comenta a estrutura que está sendo feita, diferentemente de "concluindo-se"!nanzinho12 escreveu:Redação ficou excelente , mas tome cuidado com as conclusões exemplo " Concluindo-se " Portanto" étc , evite isso. O corretor já estará sabendo que você está concluindo a redação.
Ideia de conclusão (ignore o sofisma):
Baleia são azuis. João é azul. Portanto, João é uma baleia.
Comentar a estrutura do texto (isto sim, deve-se evitar):
Baleia são azuis. João é azul. Diante do exposto, conclui-se que João é uma baleia.
_Arthur_- Mestre Jedi
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Data de inscrição : 11/05/2014
Idade : 28
Localização : Guacui - ES
Re: Redação FUVEST 2016
Não fiz referência a estrutura do texto , fiz advertência para tomar cuidado com "Portanto" e étc. Já que a estrutura da redação o último parágrafo é a conclusão fiz essa ressalva , não precisa dar a idéia que está concluindo o corretor já estará entendendo que está concluindo! Mas não tira o mérito da redação dele , está excelente.SCOFIELD escreveu:Dar ideia de conclusão é completamente diferente de comentar a estrutura do texto.nanzinho12 escreveu:Mas da a idéia do que eu me referi , e portanto da idéia de conclusão sim. Faço a advertência pois isso foi dica de um professor de um cursinho meu , que inclusive já foi corretor de bancas !SCOFIELD escreveu:"Portanto" não é algo que comenta a estrutura que está sendo feita, diferentemente de "concluindo-se"!nanzinho12 escreveu:Redação ficou excelente , mas tome cuidado com as conclusões exemplo " Concluindo-se " Portanto" étc , evite isso. O corretor já estará sabendo que você está concluindo a redação.
Ideia de conclusão (ignore o sofisma):
Baleia são azuis. João é azul. Portanto, João é uma baleia.
Comentar a estrutura do texto (isto sim, deve-se evitar):
Baleia são azuis. João é azul. Diante do exposto, conclui-se que João é uma baleia.
Convidado- Convidado
Re: Redação FUVEST 2016
Oiee, vou fazer alguns comentários; meras opiniões, então não as leve tão a sério kkk
(Sinceramente, não há nem muito o que dizer, pois a redação está excelente)
-> Em verde, alterações que eu faria na linguagem pra ela ficar um pouquinho melhor, ou, ao menos, explicitar mais a coesão etc, apesar de que eu não achei nenhum erro de linguagem
==
Todas as sociedades humanas, desde a primeira, tiveram problemas. Fome, guerras, desigualdade, enfim, realidades que incomodam porque são difíceis de aceitar. Em face a isso, há quem, geralmente por ignorância, adote uma postura de conformismo: "sempre foi assim, sempre será". Pensando "fora da caixa", porém, é possível imaginar mundos perfeitos: as utopias. Isso leva a algum lugar? Ou seria melhor aceitar "a vida como ela é"?
Tem-se afirmado, pelo menos desde o Iluminismo, que o grande diferencial do ser humano é justamente a sua capacidade de romper com a natureza. Ou seja, segundo esses autores - com destaque para Rousseau e Kant -, tudo o que é natural é mecânico, repetitivo, determinado; o homem, por sua vez, é capaz de transcender, de ir além, de inventar. Assim, a andorinha voa porque nasceu alada, e o homem porque inventou o avião. Ora, se o homem não se contenta com o que a natureza lhe confere, é de se esperar que menos ainda se conforme com o que a sociedade lhe impõe[1]. Nesse sentido, é imediato que se idealizem mundos inexistentes, aparentemente impossíveis. "Utopizar" é, pois,[1] uma faculdade humana por excelência.
A utopia apaixonada - e armada -, porém, torna-se problemática. Cabe lembrar o exemplo dos nazistas, os quais[2], sonhando com uma nação de pessoas "mais evoluídas", dizimaram6 seis[3] milhões de judeus. O problema, nesse caso, está na tentativa de imposição do projeto utópico e, essencialmente, no radicalismo. Aristóteles já recomendava: busque-se o "justo meio". Assim, se Marx (que foi um utopista, mesmo o negando) idealizou uma sociedade sem classes e previu que esta seria instalada pela força das armas;[4] uma releitura moderada de sua obra originou a corrente socialdemocrata, que buscava minar as desigualdades por via democrática.
Logo[5], a utopia, nesse caso como em outros tantos, foi essencial enquanto fonte de inspiração.
Portanto, não se devem desprezar as utopias. Viver sem elas é viver limitado, em um mundo aparentemente eterno e imutável, sem forças para reagir; é, enfim, viver enclausurado, como na caverna de Platão. É fundamental, contudo, aceitar que as pessoas pensam de maneira diferente, logo projetam distintas utopias. A democracia há de ser, enfim, o ponto de tangência entre as utopias, aproveitando o melhor de cada uma delas a fim de transformar a sociedade.
==
[1] Acrescentei um "pois" com sentido conclusivo, de forma a explicitar mais a estrutura de minirredação do seu parágrafo argumentativo.
[2] Sem ler a frase inteira, o "que" pode remeter a mais de um termo. Isso não acontece com essa modificação. Não está errado, claro, mas acho que ficaria melhor assim, mais claro.
[3] Tem uma regra que diz que todos os números têm que ser escritos por extenso, até o 17 (ou 13, não me lembro exatamente) kkkk
[4] Talvez um ponto e vírgula ou então um ponto mesmo seria mais adequado.
[5] Mesmo que [2]. Só tome cuidado para não repetir os conectivos.
==
[1] Senti que essa parte ficou vaga, afinal, o que seria uma "imposição social"? Você não definiu esse termo nem disse em que análise filosófica/sociológica ele está enquadrado (Durkheim, Weber, etc). Ao contrário, usou-o com o significado do senso comum.
==
-> Suas citações estão muito boas, mas recomendo fortemente você tentar impressionar ao máximo o corretor logo na introdução. Embora muito bem escrita, a introdução ficou "simples" e não cumpre esse papel. Se minha missão fosse tentar aumentar a nota da sua redação só acrescentando mais coisas, eu citaria (além do que está em verde) o livro O Admirável Mundo Novo, na introdução, pra fomentar (ou ilustrar ou etc) sua tese ou seus pensamentos (mas há várias outras possibilidades). Depois disso, acrescentaria alguma palavra ou expressão que fizesse alusão ao livro no meio do desenvolvimento, como "admirável", ou "pessoas que acham que estão vivendo em um admirável mundo novo", ou algo assim. Por fim, eu retomaria também essa bagagem cultural na conclusão (bem como as outras que você citou no decorrer da redação), e talvez alteraria o título. Isso é tudo que eu conseguiria fazer para tentar melhorar a nota que sua redação realmente tiraria.
-> Suas análises estão boas e autorias. Continue a fazer isso. Acrescente, porém, na próxima, uma introdução chamativa, principalmente "apelativa", assim como eu discuto no item anterior. Ressalto que isso é muito importante para a Fuvest (há melhores redações que fazem introduções "simples", como a sua, mas acho que as analogias e explicações filosóficas são os caminhos mais fáceis, seguros, eficazes).
-> Acho que é bom responder mais claramente a pergunta do tema.
==
Caso você vá fazer a prova aberta:
-> Cuidado que, a partir deste ano, não vai ter mais 34 linhas pra fazer a redação da Fuvest, e sim apenas 30 (as quais são um pouco maiores do que as do ENEM, então dá pra escrever um pouquinho mais do que lá).
-> É bastante competitivo fazer a redação em 1h30~1h40. É bom deixar um pouco mais de duas horas para português (acho que é a parte mais difícil da segunda fase da Fuvest), porque a prova é cansativa e não é fácil, especialmente depois de gastar suas energias na redação
==
Nota: 80~85/100 (não sei corrigir as redações da Fuvest, mas acho que a nota ficaria em torno disso).
(Sinceramente, não há nem muito o que dizer, pois a redação está excelente)
-> Em verde, alterações que eu faria na linguagem pra ela ficar um pouquinho melhor, ou, ao menos, explicitar mais a coesão etc, apesar de que eu não achei nenhum erro de linguagem
==
Todas as sociedades humanas, desde a primeira, tiveram problemas. Fome, guerras, desigualdade, enfim, realidades que incomodam porque são difíceis de aceitar. Em face a isso, há quem, geralmente por ignorância, adote uma postura de conformismo: "sempre foi assim, sempre será". Pensando "fora da caixa", porém, é possível imaginar mundos perfeitos: as utopias. Isso leva a algum lugar? Ou seria melhor aceitar "a vida como ela é"?
Tem-se afirmado, pelo menos desde o Iluminismo, que o grande diferencial do ser humano é justamente a sua capacidade de romper com a natureza. Ou seja, segundo esses autores - com destaque para Rousseau e Kant -, tudo o que é natural é mecânico, repetitivo, determinado; o homem, por sua vez, é capaz de transcender, de ir além, de inventar. Assim, a andorinha voa porque nasceu alada, e o homem porque inventou o avião. Ora, se o homem não se contenta com o que a natureza lhe confere, é de se esperar que menos ainda se conforme com o que a sociedade lhe impõe[1]. Nesse sentido, é imediato que se idealizem mundos inexistentes, aparentemente impossíveis. "Utopizar" é, pois,[1] uma faculdade humana por excelência.
A utopia apaixonada - e armada -, porém, torna-se problemática. Cabe lembrar o exemplo dos nazistas, os quais[2], sonhando com uma nação de pessoas "mais evoluídas", dizimaram
Logo[5], a utopia, nesse caso como em outros tantos, foi essencial enquanto fonte de inspiração.
Portanto, não se devem desprezar as utopias. Viver sem elas é viver limitado, em um mundo aparentemente eterno e imutável, sem forças para reagir; é, enfim, viver enclausurado, como na caverna de Platão. É fundamental, contudo, aceitar que as pessoas pensam de maneira diferente, logo projetam distintas utopias. A democracia há de ser, enfim, o ponto de tangência entre as utopias, aproveitando o melhor de cada uma delas a fim de transformar a sociedade.
==
[1] Acrescentei um "pois" com sentido conclusivo, de forma a explicitar mais a estrutura de minirredação do seu parágrafo argumentativo.
[2] Sem ler a frase inteira, o "que" pode remeter a mais de um termo. Isso não acontece com essa modificação. Não está errado, claro, mas acho que ficaria melhor assim, mais claro.
[3] Tem uma regra que diz que todos os números têm que ser escritos por extenso, até o 17 (ou 13, não me lembro exatamente) kkkk
[4] Talvez um ponto e vírgula ou então um ponto mesmo seria mais adequado.
[5] Mesmo que [2]. Só tome cuidado para não repetir os conectivos.
==
[1] Senti que essa parte ficou vaga, afinal, o que seria uma "imposição social"? Você não definiu esse termo nem disse em que análise filosófica/sociológica ele está enquadrado (Durkheim, Weber, etc). Ao contrário, usou-o com o significado do senso comum.
==
-> Suas citações estão muito boas, mas recomendo fortemente você tentar impressionar ao máximo o corretor logo na introdução. Embora muito bem escrita, a introdução ficou "simples" e não cumpre esse papel. Se minha missão fosse tentar aumentar a nota da sua redação só acrescentando mais coisas, eu citaria (além do que está em verde) o livro O Admirável Mundo Novo, na introdução, pra fomentar (ou ilustrar ou etc) sua tese ou seus pensamentos (mas há várias outras possibilidades). Depois disso, acrescentaria alguma palavra ou expressão que fizesse alusão ao livro no meio do desenvolvimento, como "admirável", ou "pessoas que acham que estão vivendo em um admirável mundo novo", ou algo assim. Por fim, eu retomaria também essa bagagem cultural na conclusão (bem como as outras que você citou no decorrer da redação), e talvez alteraria o título. Isso é tudo que eu conseguiria fazer para tentar melhorar a nota que sua redação realmente tiraria.
-> Suas análises estão boas e autorias. Continue a fazer isso. Acrescente, porém, na próxima, uma introdução chamativa, principalmente "apelativa", assim como eu discuto no item anterior. Ressalto que isso é muito importante para a Fuvest (há melhores redações que fazem introduções "simples", como a sua, mas acho que as analogias e explicações filosóficas são os caminhos mais fáceis, seguros, eficazes).
-> Acho que é bom responder mais claramente a pergunta do tema.
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Caso você vá fazer a prova aberta:
-> Cuidado que, a partir deste ano, não vai ter mais 34 linhas pra fazer a redação da Fuvest, e sim apenas 30 (as quais são um pouco maiores do que as do ENEM, então dá pra escrever um pouquinho mais do que lá).
-> É bastante competitivo fazer a redação em 1h30~1h40. É bom deixar um pouco mais de duas horas para português (acho que é a parte mais difícil da segunda fase da Fuvest), porque a prova é cansativa e não é fácil, especialmente depois de gastar suas energias na redação
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Nota: 80~85/100 (não sei corrigir as redações da Fuvest, mas acho que a nota ficaria em torno disso).
Hayzel Sh- Estrela Dourada
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Data de inscrição : 02/04/2016
Idade : 26
Localização : Curitiba, PR
Re: Redação FUVEST 2016
Obrigado, mas você poderia então sugerir outra forma de iniciar a conclusão? Realmente tenho dúvidas nisso.nanzinho12 escreveu:Redação ficou excelente , mas tome cuidado com as conclusões exemplo " Concluindo-se " Portanto" étc , evite isso. O corretor já estará sabendo que você está concluindo a redação.
Hayzel, muito obrigado, mais uma vez, pelas excelentes observações!HayzelS escreveu: [1] Acrescentei um "pois" com sentido conclusivo, de forma a explicitar mais a estrutura de minirredação do seu parágrafo argumentativo.
[3] Tem uma regra que diz que todos os números têm que ser escritos por extenso, até o 17 (ou 13, não me lembro exatamente) kkkk
[4] Talvez um ponto e vírgula ou então um ponto mesmo seria mais adequado.
[5] Mesmo que [2]. Só tome cuidado para não repetir os conectivos.
==
-> Suas citações estão muito boas, mas recomendo fortemente você tentar impressionar ao máximo o corretor logo na introdução. Embora muito bem escrita, a introdução ficou "simples" e não cumpre esse papel. Se minha missão fosse tentar aumentar a nota da sua redação só acrescentando mais coisas, eu citaria (além do que está em verde) o livro O Admirável Mundo Novo, na introdução, pra fomentar (ou ilustrar ou etc) sua tese ou seus pensamentos (mas há várias outras possibilidades). Depois disso, acrescentaria alguma palavra ou expressão que fizesse alusão ao livro no meio do desenvolvimento, como "admirável", ou "pessoas que acham que estão vivendo em um admirável mundo novo", ou algo assim. Por fim, eu retomaria também essa bagagem cultural na conclusão (bem como as outras que você citou no decorrer da redação), e talvez alteraria o título. Isso é tudo que eu conseguiria fazer para tentar melhorar a nota que sua redação realmente tiraria.
-> Suas análises estão boas e autorias. Continue a fazer isso. Acrescente, porém, na próxima, uma introdução chamativa, principalmente "apelativa", assim como eu discuto no item anterior. Ressalto que isso é muito importante para a Fuvest (há melhores redações que fazem introduções "simples", como a sua, mas acho que as analogias e explicações filosóficas são os caminhos mais fáceis, seguros, eficazes).
-> Acho que é bom responder mais claramente a pergunta do tema.
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Caso você vá fazer a prova aberta:
-> Cuidado que, a partir deste ano, não vai ter mais 34 linhas pra fazer a redação da Fuvest, e sim apenas 30 (as quais são um pouco maiores do que as do ENEM, então dá pra escrever um pouquinho mais do que lá).
-> É bastante competitivo fazer a redação em 1h30~1h40. É bom deixar um pouco mais de duas horas para português (acho que é a parte mais difícil da segunda fase da Fuvest), porque a prova é cansativa e não é fácil, especialmente depois de gastar suas energias na redação
Com relação ao [1], eu havia mesmo cogitado a possibilidade de usar uma conjunção, mas não o fiz porque queria fechar o parágrafo com uma "frase de efeito", e achei que com a pausa esse "impacto" seria perdido. O que você acha? Fiz uma boa escolha?
[3] Eu não conhecia essa regra, que bom que você me advertiu.
[4] Realmente a sentença entre vírgulas ficou meio grande, talvez seja por isso que você sugeriu uma pausa maior. Mas não usei ponto e vírgula porque na verdade há toda uma oração subordinada isolada por vírgulas (não poderia desrespeitar isso):
"Assim, se Marx (que foi um utopista, mesmo o negando) idealizou uma sociedade sem classes e previu que esta seria instalada pela força das armas, uma releitura moderada [...]"
[5] Eu não costumo enxergar a necessidade de um conectivo nesse tipo de situação, em que a progressão do texto já me parece progredir de forma muito natural. Assim mesmo, você recomenda usar os conectivos sempre, por garantia? (Não entendo a cabeça desses corretores.)
Eu compreendo que minha introdução ficou muito simples. Talvez seja o "vício" de escrever redações pro Enem, onde eu procurava ser muito objetivo e não "abrir" tanto as ideias (coisa que na Fuvest sei que é mais importante). Com relação à sugestão que você deu, eu vou procurar seguir, mas realmente não sinto que tenho essa bagagem cultural toda, kkkk.
Com relação às dicas que você deu depois, agradeço muito. Aliás, eu nem sabia que a folha da Fuvest um dia já havia tido 34 linhas. Mas isso não foi problema, porque eu tirei a proposta da prova mesmo, e lá estava indicado que o texto deveria ter no mínimo 20 e no máximo 30 linhas escritas. Nesse meu, por exemplo, gastei exatamente 30 (mesmo sabendo que obviamente as linhas da prova não são iguais às do meu caderno...).
rodrigoneves- Matador
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Data de inscrição : 30/03/2014
Idade : 25
Localização : São Luís, Maranhão
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