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(Simulado ITA/IME) Integral Trigonométrica

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Resolvido (Simulado ITA/IME) Integral Trigonométrica

Mensagem por Giovana Martins Dom Jul 07 2024, 10:42

Recebi esta questão, mas não consegui resolver. Estou compartilhando para quem quiser treinar Smile.

Para quais inteiros no intervalo 1 ≤ m ≤ 10 a igualdade abaixo ocorre?

\[\mathrm{\int\limits_{0}^{\pi }\left[cos(\theta )cos(2\theta )\cdot ...\cdot cos(m\theta )\right]d\theta =0}\]

Spoiler:


Última edição por Giovana Martins em Dom Jul 07 2024, 16:58, editado 1 vez(es)
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Resolvido Re: (Simulado ITA/IME) Integral Trigonométrica

Mensagem por DaoSeek Dom Jul 07 2024, 11:27

Editei pra desenvolver as ideias. Vou usar alguns resultados pra integrais de funções complexas (no fundo estou usando o teorema dos resíduos). Pra não ficar muito dependente desse conhecimento prévio, vou escrever um resumo bem conciso do que é realmente necessário pra essa questão. 

Resumo:
 

Seja \(I\) a integral que desejamos calcular. Usando a mudança de variável \(\theta = 2\pi - t\) observamos que

\( I = \displaystyle  \int_{\pi}^{2\pi} \cos \theta \cos(2 \theta) \cos(3 \theta) \cdots  \cos(m \theta) \, d\theta \implies 2I = \displaystyle \int_0^{2\pi} \cos \theta \cos(2 \theta) \cos(3 \theta) \cdots  \cos(m \theta) \, d\theta \)


Notamos o seguinte: Sendo \(z = e^{i \theta}\) então:

\( 2 \cos \theta =  z + \dfrac 1z\)

\( 2 \cos 2\theta =  z^2 + \dfrac 1{z^2}\)

\( 2 \cos 3\theta =  z^3 + \dfrac 1{z^3}\)

...

\( 2 \cos m\theta =  z^2 + \dfrac 1{z^m}\)


Assim, vamos considerar a função \(f(z) =\left( z^2 + \dfrac 1{z^2} \right) \left(  z^3 + \dfrac 1{z^3} \right) \cdots \left( z^m + \dfrac 1{z^m} \right) \). Sendo \(\gamma(\theta) = e^{i\theta}\) segue que:


\( \displaystyle \int_\gamma f(z) dz =2^{m-1} \int_0^{2\pi}  (-\sin \theta + i \, \cos \theta) (\cos (2\theta) \cos (3\theta) \cdots \cos (m \theta)  d\theta\)

Ou seja, a integral que queremos é justamente a parte imaginária da integral de f no círculo \(\gamma\), multiplicada por uma constante:

\(  \textrm{Im}\left(\int_\gamma f(z) dz \right)  =2^{m-1} (2I) = 2^m I\)

Agora vamos analisar a integral de f. Observamos que \(f(z) = \dfrac{P(z)}{z^{2+3+\cdots+ m}}\) onde \(P(z)\) é um polinômio de grau 4+6+...+2m. Ou seja, podemos escrever f(z) com algo da forma \(\displaystyle \sum a_k z^{k}\) onde k pode assumir valores positivos e negativos. Como discutido acima, da teoria de integrais complexas, segue que

\(\displaystyle \int_\gamma f(z) dz = 2 \pi i \cdot a_{-1} \)


Assim, I = 0 se, somente se, o coeficiente \(a_{-1}\) é igual a 0. Notamos que \(a_{-1}\) é o coeficiente de \(z^{(2+3+\cdots m) - 1}\) no polinômio P(z).

O polinômio P(z) é par, assim caso (2+3+4+...+m) - 1 seja ímpar temos \(a_{-1} = 0\). Isso acontece para m congruente a 1 ou 2 módulo 4. Caso seja m congruente a 3 ou 0 módulo 4, esse coeficiente é sempre não nulo.

Essa segunda afirmação dá um pouco de trabalho, mas pode ser provada interpretando combinatoriamente: O coeficiente \(a_{-1}\) é o número de maneiras nas quais é possível escrever (2+3+4+...+m) - 1 como soma de elementos distintos do conjunto {4,6,8,10,...,2m}. Para mostrar que \(a_{-1}\neq 0\) basta exibir uma dessas maneiras. Vou fazer apenas um exemplo: (é chato de explicar)

Se m = 16 (congruente a 0 módulo 4):
2+3+4+5+6+...+16 -1 =
(-1+2+3+4) + (5+6+7+Cool + (9+10+11+12) + (13+14+15+16) =
8 + (12+14) + (18+22) + (28+30)
(mesma ideia funciona sempre que m é multiplo de 4)

Se m = 19 (congruente a 3 módulo 4):
2+3+4+5+6+...+19 -1 =
(-1+2+3) + (4+5+6+7) + (8+9+10+11)  + (12+13+14+15) + (16+17+18+19) =
4 + (10+12) + (18+20) + (26+28) + (34+36)
(mesma ideia funciona sempre que m deixa resto 3 por 4)


Com isso concluímos que:

\(\displaystyle \int_0^{\pi} \cos\theta \cos(2\theta) \cos(3\theta) \cdots \cos(m \theta) \, d\theta = 0\) se \( m = 4k+1\) ou \(m = 4k+2\)

\(\displaystyle \int_0^{\pi} \cos\theta \cos(2\theta) \cos(3\theta) \cdots \cos(m \theta) \, d\theta \neq  0\) se \( m = 4k\) ou \(m = 4k+3\)


Última edição por DaoSeek em Seg Jul 08 2024, 07:37, editado 1 vez(es)
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Resolvido Re: (Simulado ITA/IME) Integral Trigonométrica

Mensagem por Giovana Martins Dom Jul 07 2024, 16:57

DaoSeek escreveu:
Editei pra desenvolver as ideias. Vou usar alguns resultados pra integrais de funções complexas (no fundo estou usando o teorema dos resíduos). Pra não ficar muito dependente desse conhecimento prévio, vou escrever um resumo bem conciso do que é realmente necessário pra essa questão. 

Resumo:
\( \displaystyle \int_\gamma f(z) dz = \int_a^b f(\gamma(t)) \gamma'(t) dt\)
Lembra uma integral de linha usual, mas notamos que aqui o resultado é um número complexo, pois tanto \(f(\gamma(t))\) quando \(\gamma'(t)\) são números complexos. Por exemplo, tomando \(f(z)= 1/z\) e \(\gamma(t) =  e^{it}\) o círculo unitário (t entre 0 e 2π), temos \(\gamma'(t) = i e^{it} = -\sin t + i \cos t\}. Logo:

\( \displaystyle \int_\gamma \dfrac{1}{z} dz = \int_0^{2\pi} \dfrac{1}{e^{it}} i e^{it} dt = 2\pi i\)

É possível verificar fazendo a conta explicitamente (mas há outras maneiras menos diretas e menos trabalhosas) que:

\( \displaystyle \int_\gamma z^n dz = 0 \) para todo n inteiro e diferente de -1. 

Por exemplo, \(\displaystyle \int_\gamma \dfrac{2}{z^3} - \dfrac{10}{z}  + 2z^4 dz\) é igual a \( - 20\pi i\), pois a única parcela que não se anula na integral acima é  \(-10/z\). Usando o cálculo acima para integral de 1/z, chegamos na resposta. 

Isso é tudo que irei usar na questão, mas para os interessados, esse resultado vale não apenas para o círculo unitário, mas pra qualquer curva fechada simples orientada no sentido anti-horário que da a volta na origem. E a teoria de desenvolve na seguinte direção: Podemos calcular integrais de curvas fechadas em torno de um ponto \(z_0\) expandindo a função desejada numa série da forma \( \sum a^n (z-z_0)^n\), com n sendo positivo ou negativo (chamada de série de Laurent). O coeficiente de \(z-z_0)^{-1}\) é o mais interessante de ser conhecido, pois a integral dos demais termos será zero.
 

Seja \(I\) a integral que desejamos calcular. Usando a mudança de variável \(\theta = 2\pi - t\) observamos que 

\( I = \displaystyle  \int_{\pi}^{2\pi} \cos \theta \cos(2 \theta) \cos(3 \theta) \cdots  \cos(m \theta) \, d\theta \implies 2I = \displaystyle \int_0^{2\pi} \cos \theta \cos(2 \theta) \cos(3 \theta) \cdots  \cos(m \theta) \, d\theta \)


Notamos o seguinte: Sendo \(z = e^{i \theta}\) então:

\( 2 \cos \theta =  z + \dfrac 1z\)

\( 2 \cos 2\theta =  z^2 + \dfrac 1{z^2}\)

\( 2 \cos 3\theta =  z^3 + \dfrac 1{z^3}\)

...

\( 2 \cos m\theta =  z^2 + \dfrac 1{z^m}\)


Assim, vamos considerar a função \(f(z) =\left( z^2 + \dfrac 1{z^2} \right) \left(  z^3 + \dfrac 1{z^3} \right) \cdots \left( z^m + \dfrac 1{z^m} \right) \). Sendo \(\gamma(\theta) = e^{i\theta}\) segue que:


\( \displaystyle \int_\gamma f(z) dz =2^{m-1} \int_0^{2\pi}  (-\sin \theta + i \, \cos \theta) (\cos (2\theta) \cos (3\theta) \cdots \cos (m \theta)  d\theta\)

Ou seja, a integral que queremos é justamente a parte imaginária da integral de f no círculo \(\gamma\), multiplicada por uma constante:

\(  \textrm{Im}\left(\int_\gamma f(z) dz \right)  =2^{m-1} (2I) = 2^m I\)

Agora vamos analisar a integral de f. Observamos que \(f(z) = \dfrac{P(z)}{z^{2+3+\cdots+ m}}\) onde \(P(z)\) é um polinômio de grau 4+6+...+2m. Ou seja, podemos escrever f(z) com algo da forma \(\displaystyle \sum a_k z^{k}\) onde k pode assumir valores positivos e negativos. Como discutido acima, da teoria de integrais complexas, segue que

\(\displaystyle \int_\gamma f(z) dz = 2 \pi i \cdot a_{-1} \)


Assim, I = 0 se, somente se, o coeficiente \(a_{-1}\) é igual a 0. Notamos que \(a_{-1}\) é o coeficiente de \(z^{(2+3+\cdots m) - 1}\) no polinômio P(z).

O polinômio P(z) é par, assim caso (2+3+4+...+m) - 1 seja ímpar temos \(a_{-1} = 0\). Isso acontece para m congruente a 1 ou 2 módulo 4. Caso seja m congruente a 3 ou 0 módulo 4, esse coeficiente é sempre não nulo. 

Essa segunda afirmação dá um pouco de trabalho, mas pode ser provada interpretando combinatoriamente: O coeficiente \(a_{-1}\) é o número de maneiras nas quais é possível escrever (2+3+4+...+m) - 1 como soma de elementos distintos do conjunto {4,6,8,10,...,2m}. Para mostrar que \(a_{-1}\neq 0\) basta exibir uma dessas maneiras. Vou fazer apenas um exemplo: (é chato de explicar)

Se m = 16 (congruente a 0 módulo 4):
2+3+4+5+6+...+16 -1 = 
(-1+2+3+4) + (5+6+7+Cool + (9+10+11+12) + (13+14+15+16) = 
8 + (12+14) + (18+22) + (28+30)
(mesma ideia funciona sempre que m é multiplo de 4)

Se m = 19 (congruente a 3 módulo 4):
2+3+4+5+6+...+19 -1 = 
(-1+2+3) + (4+5+6+7) + (8+9+10+11)  + (12+13+14+15) + (16+17+18+19) = 
4 + (10+12) + (18+20) + (26+28) + (34+36)
(mesma ideia funciona sempre que m deixa resto 3 por 4)


Com isso concluímos que:

\(\displaystyle \int_0^{\pi} \cos\theta \cos(2\theta) \cos(3\theta) \cdots \cos(m \theta) \, d\theta = 0\) se \( m = 4k+1\) ou \(m = 4k+2\)

\(\displaystyle \int_0^{\pi} \cos\theta \cos(2\theta) \cos(3\theta) \cdots \cos(m \theta) \, d\theta \neq  0\) se \( m = 4k\) ou \(m = 4k+3\)

Muito obrigada, Daoseek.

Para ser sincera, não entendi tão bem, mas a culpa não sua. Juro. Tenho certeza de que você foi bastante claro.

A verdade é que eu nunca estudei o assunto Teorema dos Resíduos e suas nuances. Na faculdade vi apenas o cálculo integral e diferencial na variável real.

Quando eu tiver um tempinho vou pegar para estudar um pouquinho esse assunto para entender melhor a resolução.

Novamente, muito obrigada!
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Resolvido Re: (Simulado ITA/IME) Integral Trigonométrica

Mensagem por DaoSeek Dom Jul 07 2024, 17:10

Vou verificar que essas integrais dão zero pra m = 4k+1 ou m = 4k+2. Provavelmente, a ideia que vou usar também funciona pra verificar que as integrais não são nulas nos demais casos, porém tem cara de precisar bastante conta.

Sejam \(T_n(x)\) os polinômios de Chebyshev. Mais informações sobre eles podem ser encontradas na wikipedia  (https://en.wikipedia.org/wiki/Chebyshev_polynomials), mas o que vamos usar é o seguinte. Esses polinômios tem a propriedade de que

\(T_n(\cos(x)) = \cos(nx)\).

Ou seja, para encontrá-los basta desenvolver cos(nx) numa expressão dependendo de apenas cos(x). Por exemplo, sabemos que
cos(2x) = 2cos²(x) - 1
Isso implica que \(T_2(x) = 2x^2 - 1\)

O fato aqui é que \(T_0(x) = 1 \) e \(T_1(x) = x\) e através da igualdade
\( \cos((n+1)x) + \cos((n-1)x) = 2 \cos x \cos(nx)\)
obtemos que \( T_{n+1} (x) = 2x T_n(x) - T_{n-1}(x) \)

Com essa relação recursiva, podemos mostrar que \(T_n\) é uma função impar caso n seja ímpar e é uma função par caso n seja par. (Isso é a única coisa que vamos usar de fato).


Sejam então
o polinomio \(Q(x) = T_2(x) \cdot T_3(x)  \cdots T_m(x)\)
a curva \(\gamma(\theta) = (\cos \theta, \sin \theta), \qquad 0 \leq \theta \leq 2 \pi\)
e o disco \( D =\{ (x,y) \in \mathbb R^2 | x^2+y^2 \leq 1\}\)

Sabemos que

\( \displaystyle \int_\gamma Q(x) dy = \int_0^{2\pi} Q(\cos(\theta)) \cos\theta \, d\theta = \int_0^{2\pi} \cos\theta \cos(2 \theta) \cos(3 \theta) \cdots \cos(m\theta)\, d\theta\)

Do teorema de Green temos:

\( \displaystyle \int_\gamma Q(x) dy = \iint_D Q'(x) dA\)

Repare que essa última integral é nula caso Q'(x) seja uma função ímpar, devido a simetria da região de integração. Isso ocorre sempre que (2+3+4+...+m)-1 é impar. Ou seja, para m congruente a 1 ou 2 módulo 4. Logo, concluímos que

\( \displaystyle \int_0^{2 \pi} \cos \theta \cos(2\theta) \cdots \cos(m\theta)\, d\theta  = 0 \) para m = 1,2,5,6,9,10,13,14...
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Resolvido Re: (Simulado ITA/IME) Integral Trigonométrica

Mensagem por DaoSeek Dom Jul 07 2024, 17:43

Giovana Martins escreveu:
Muito obrigada, Daoseek.

Para ser sincera, não entendi tão bem, mas a culpa não sua. Juro. Tenho certeza de que você foi bastante claro.

A verdade é que eu nunca estudei o assunto Teorema dos Resíduos e suas nuances. Na faculdade vi apenas o cálculo integral e diferencial na variável real.

Quando eu tiver um tempinho vou pegar para estudar um pouquinho esse assunto para entender melhor a resolução.

Novamente, muito obrigada!

Por nada!
É complicado acompanhar do zero mesmo é um curso inteiro resumido em 1 parágrafo. Mas se você já estudou integrais de linha não é tão complicado assim, caso tenha interesse no assunto, eu estou a disposição pra discutir!

Voltando a questão, eu acredito que é possível verificar que as integrais dao zero pra m = 4k+1 ou m = 4k+2 fazendo as contas mesmo (ou seja, sem funções complexas nem teorema de Green). Usando a paridade das funções (explorando as simetrias das funções trigonometricas) ou talvez por indução (com as formulas de transformação de soma em produto). Tem cara de dar trabalho, vou tentar um outro dia!
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Resolvido Re: (Simulado ITA/IME) Integral Trigonométrica

Mensagem por Giovana Martins Dom Jul 07 2024, 17:59

DaoSeek escreveu:
Vou verificar que essas integrais dão zero pra m = 4k+1 ou m = 4k+2. Provavelmente, a ideia que vou usar também funciona pra verificar que as integrais não são nulas nos demais casos, porém tem cara de precisar bastante conta.

Sejam \(T_n(x)\) os polinômios de Chebyshev. Mais informações sobre eles podem ser encontradas na wikipedia  (https://en.wikipedia.org/wiki/Chebyshev_polynomials), mas o que vamos usar é o seguinte. Esses polinômios tem a propriedade de que

\(T_n(\cos(x)) = \cos(nx)\).

Ou seja, para encontrá-los basta desenvolver cos(nx) numa expressão dependendo de apenas cos(x). Por exemplo, sabemos que
cos(2x) = 2cos²(x) - 1
Isso implica que \(T_2(x) = 2x^2 - 1\)

O fato aqui é que \(T_0(x) = 1 \) e \(T_1(x) = x\) e através da igualdade 
\( \cos((n+1)x) + \cos((n-1)x) = 2 \cos x \cos(nx)\) 
obtemos que \( T_{n+1} (x) = 2x T_n(x) - T_{n-1}(x) \)

Com essa relação recursiva, podemos mostrar que \(T_n\) é uma função impar caso n seja ímpar e é uma função par caso n seja par. (Isso é a única coisa que vamos usar de fato).


Sejam então
o polinomio \(Q(x) = T_2(x) \cdot T_3(x)  \cdots T_m(x)\) 
a curva \(\gamma(\theta) = (\cos \theta, \sin \theta), \qquad 0 \leq \theta \leq 2 \pi\)
e o disco \( D =\{ (x,y) \in \mathbb R^2 | x^2+y^2 \leq 1\}\)

Sabemos que 

\( \displaystyle \int_\gamma Q(x) dy = \int_0^{2\pi} Q(\cos(\theta)) \cos\theta \, d\theta = \int_0^{2\pi} \cos\theta \cos(2 \theta) \cos(3 \theta) \cdots \cos(m\theta)\, d\theta\)

Do teorema de Green temos:

\( \displaystyle \int_\gamma Q(x) dy = \iint_D Q'(x) dA\)

Repare que essa última integral é nula caso Q'(x) seja uma função ímpar, devido a simetria da região de integração. Isso ocorre sempre que (2+3+4+...+m)-1 é impar. Ou seja, para m congruente a 1 ou 2 módulo 4. Logo, concluímos que 

\( \displaystyle \int_0^{2 \pi} \cos \theta \cos(2\theta) \cdots \cos(m\theta)\, d\theta  = 0 \) para m = 1,2,5,6,9,10,13,14...

Eita que meus cálculos não estão mais afiados, não kkkkkkk.

Eu vi um montão desse Teorema de Green na faculdade e embora eu soubesse fazer as continhas para passar nas provas, eu não sabia muito bem o que eu estava calculando kkkk.

Tem uns 3 ou 4 anos que não mexo com essas ferramentas. Vou ter que revisar  Embarassed Razz.

Sei que você fazia matemática. Você já formou?
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Resolvido Re: (Simulado ITA/IME) Integral Trigonométrica

Mensagem por DaoSeek Dom Jul 07 2024, 18:49

Giovana Martins escreveu:
Eita que meus cálculos não estão mais afiados, não kkkkkkk.

Eu vi um montão desse Teorema de Green na faculdade e embora eu soubesse fazer as continhas para passar nas provas, eu não sabia muito bem o que eu estava calculando kkkk.

Tem uns 3 ou 4 anos que não mexo com essas ferramentas. Vou ter que revisar  Embarassed Razz.

Sei que você fazia matemática. Você já formou?

Eu já formei sim, faz bastante tempo já (foi em 2016).
Na época que eu fiz a matéria também sabia só fazer as contas e olhe lá, passei capengando sem saber muita coisa. Hoje as ideias estão mais claras, mas não tanto porque eu não uso isso todo dia. Mas segue aqui alguma intuição sobre o assunto

Os teoremas integrais usualmente estudados em cálculo são:

Teorema fundamental do cálculo:
\(\displaystyle \int_a^b f'(x)dx = f(b) -f(a)\)
Teorema fundamental das integrais de linha:
\(\displaystyle \int_\gamma \nabla f \cdot d\vec r = f(\vec r(b)) -f(\vec r(a))\)
Teorema de Green:
\( \displaystyle \iint_D \dfrac {\partial Q}{\partial x} - \dfrac{\partial P}{\partial y} dA = \int_C P dx + Q dy \)
Teorema de Stokes:
\( \displaystyle \iint_S \textrm{rot} \vec F \cdot d\vec S  = \int_C \vec F \cdot d \vec r\)
Teorema da Divergencia:
\( \displaystyle \iiint_E \textrm{div} \vec F dV = \iint_S \vec F \cdot d\vec S\)

Todos esses resultados tem os seguintes fatores em comum:
Do lado esquerdo temos a integral de um tipo de "derivada" ( f', gradiente, rotacional, divergente,etc são calculados usando derivadas) em uma certa região. Do lado direito aparece sempre a "primitiva" integrada no bordo dessa região (no teorema fundamental do cálculo por exemplo, os pontos a e b são o "bordo" do intervalo [a.b]. No teorema de Green, a curva C é o bordo da região plana D, etc).

Acho que a gente só começa a entender o que está havendo para além das continhas quando descobre que nada disso é coincidência. De fato, todos esses teoremas decorrem de um resultado mais geral, também conhecido como teorema de Stokes, para formas diferencias. Posteriormente, descobriu-se que esse teorema conecta dois objetos que a primeira vista não tem relação alguma (pelo menos pra mim) que são a homologia e a cohomologia de De Rham. Mas infelizmente eu não sei mais sobre o assunto pra continuar a história...


Última edição por DaoSeek em Dom Jul 07 2024, 20:45, editado 1 vez(es)
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Resolvido Re: (Simulado ITA/IME) Integral Trigonométrica

Mensagem por DaoSeek Seg Jul 08 2024, 11:10

Segue uma solução sem nada sofisticado (apenas cálculo 1).


Sejam \(a_1, a_2, ..., a_k\) números pares. Primeiro vamos observar o seguinte.


(1) \(\displaystyle \int_0^{2\pi} \cos\theta \cos(a_1 \theta) \cos(a_2 \theta) \cdots \cos(a_k \theta) d \theta = 0\)


Justificativa:


Essa propriedade já é suficiente pra verificar que a integral procurada é zero para os valores m = 1,2,5,6,9,10. Seja

\( \displaystyle I_m = \int_0^{\pi} \cos \theta \cos(2\theta) \cos(3 \theta) \cdots \cos(m\theta) \, d\theta \)

a integral que queremos calcular. Como discutido antes, vale que

\( \displaystyle I_m = \dfrac 12 \int_0^{2\pi} \cos \theta \cos(2\theta) \cos(3 \theta) \cdots \cos(m\theta) \, d\theta \)

Para simplificar a notação, vou adotar a seguinte notação: \( C(k) \) representa \(\cos(k \theta)\) e as integrais serão sempre no intervalo de 0 até \(2 \pi\) na variavel \(\theta\) (não vou mais colocar os intervalos nem o \(d \theta\). Ou seja:

\( \displaystyle  I_m = \dfrac 12 \int C(1)C(2) \cdots C(m) \)

A ideia aqui é usar a propriedade (1) para ver que as integrais serão nulas. Vamos usar a propriedade \( \cos(a) \cos(b) = \dfrac{\cos(a+b) + \cos(a-b)}2\) para "eliminar" os termos da forma \(\cos(k\theta)\) com k impar. Por exemplo, na nossa notação temos:
\( C(3)C(5) = \dfrac{ C(2)+C(Cool}2 \) e \( C(7)C(9) = \dfrac{C(2) + C(16)}2\)

Ou seja:

\(\displaystyle I_1 = \dfrac 12 \int C(1) = 0 \) (diretamente pela propriedade (1), basta tomar todos os a's iguais a zero.)

\(\displaystyle I_2 = \dfrac 12 \int C(1)C(2) = 0 \) (diretamente pela propriedade (1) também, basta tomar \(k = 1, a_1 = 2\).)

\( \displaystyle I_5 = \dfrac 12 \int C(1) C(2)C(3)C(4)C(5) = \dfrac 12 \int C(1)C(2)C(4) \left(\dfrac{C(2) + C(Cool}{2} \right) = \dfrac 14 \int C(1)C(2)C(2)C(4) + C(1)C(2)C(4)C(Cool = 0\)

\( \displaystyle I_6 = \dfrac 12 \int C(1) C(2)C(3)C(4)C(5)C(6) = \dfrac 12 \int C(1)C(2)C(4)C(6) \left(\dfrac{C(2) + C(Cool}{2} \right) = \dfrac 14 \int C(1)C(2)C(2)C(4)C(6) + C(1)C(2)C(4)C(8)C(6) = 0\)

\( \displaystyle I_9 = \dfrac{1}{2}\int C(1)C(2)C(3)C(4)C(5)C(6)C(7)C(8)C(9) = \dfrac 12 \int C(1)C(2)C(4)C(6)C(Cool \left(\dfrac{C(2) + C(Cool}{2}\right) \left(\dfrac{C(2) + C(16)}{2}\right)  = 0\)

\( \displaystyle I_{10} = \dfrac{1}{2}\int C(1)C(2)C(3)C(4)C(5)C(6)C(7)C(8)C(9) = \dfrac 12 \int C(1)C(2)C(4)C(6)C(8)C(10) \left(\dfrac{C(2) + C(Cool}{2}\right) \left(\dfrac{C(2) + C(16)}{2}\right)  = 0\)

Bom, sempre que m deixa resto 1 ou 2 na divisão por 4 podemos usar essa estrategia de agrupar os termos impares 2 a 2 transformando-os em pares e deixando apenas C(1), e aplicar a propriedade (1) pra concluir que a integral é zero.

Isso mostra que essas integrais são nulas. A segunda parte(ver que os demais casos não são nulos) vou digitar depois. Mas posso adiantar que é a mesma ideia: usar a formula de transformação de soma em produto e observar que \( \int C(a)C(b)\) da zero quando \(a \neq b\) e é positiva quando \(a= b\).
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Resolvido Re: (Simulado ITA/IME) Integral Trigonométrica

Mensagem por Giovana Martins Ter Jul 09 2024, 19:45

DaoSeek escreveu:
Segue uma solução sem nada sofisticado (apenas cálculo 1).


Sejam \(a_1, a_2, ..., a_k\) números pares. Primeiro vamos observar o seguinte.


(1) \(\displaystyle \int_0^{2\pi} \cos\theta \cos(a_1 \theta) \cos(a_2 \theta) \cdots \cos(a_k \theta) d \theta = 0\)


Justificativa:

Consideramos a mudança de variável \(\theta = \dfrac{\pi}{2} - x\). Observamos que caso \(a\) seja um número par, isso implica  que:

\(\cos (a\theta) = \pm \cos (ax)\)

(o sinal pode ser + ou -, a depender do valor de a. Mais precisamente, se a é multiplo de 4, então o sinal é positvo. E se a deixa resto 2 por 4, então o sinal é negativo.)

Por outro lado temos também  \(\cos \theta = \sin x\). Assim, fazendo a mudança de variavel ficamos com a integral:

\(\displaystyle \int_{-\pi/2}^{3\pi/2} \pm \sin x \cos(a_1x) \cos(a_2x) \cdots \cos(a_k x) dx \)

Aqui o sinal pode ser + ou -, a depender dos valores de \(a_1, \cdots, a_k\). Mas o sinal não importa, pois a integral será nula. Para ver isso, notamos que  a função

\(f(x) = \sin x \cos(a_1x) \cos(a_2x) \cdots \cos(a_k x)\)

satisfaz \(f(x + 2\pi) = f(x)\). Ou seja, é uma função periódica. Como estamos integrando em um intervalo de comprimento \(2\pi\), essa propriedade implica que podemos trocá-lo por qualquer outro desde que tenha comprimento \(2\pi\). Logo:

\( \displaystyle \int_{-\pi/2}^{3\pi/2} f(x) dx = \int_{-\pi}^{\pi} f(x) dx\)


Por outro lado, a função f é impar. Isso significa que a sua integral em qualquer intervalo simétrico é nula. Ou seja:

\( \displaystyle  \int_{-\pi}^{\pi} f(x) dx = 0\)

E isso implica que a integral original também é nula.



Essa propriedade já é suficiente pra verificar que a integral procurada é zero para os valores m = 1,2,5,6,9,10. Seja 

\( \displaystyle I_m = \int_0^{\pi} \cos \theta \cos(2\theta) \cos(3 \theta) \cdots \cos(m\theta) \, d\theta \)

a integral que queremos calcular. Como discutido antes, vale que

\( \displaystyle I_m = \dfrac 12 \int_0^{2\pi} \cos \theta \cos(2\theta) \cos(3 \theta) \cdots \cos(m\theta) \, d\theta \)

Para simplificar a notação, vou adotar a seguinte notação: \( C(k) \) representa \(\cos(k \theta)\) e as integrais serão sempre no intervalo de 0 até \(2 \pi\) na variavel \(\theta\) (não vou mais colocar os intervalos nem o \(d \theta\). Ou seja:

\( \displaystyle  I_m = \dfrac 12 \int C(1)C(2) \cdots C(m) \)

A ideia aqui é usar a propriedade (1) para ver que as integrais serão nulas. Vamos usar a propriedade \( \cos(a) \cos(b) = \dfrac{\cos(a+b) + \cos(a-b)}2\) para "eliminar" os termos da forma \(\cos(k\theta)\) com k impar. Por exemplo, na nossa notação temos:
\( C(3)C(5) = \dfrac{ C(2)+C(Cool}2 \) e \( C(7)C(9) = \dfrac{C(2) + C(16)}2\)

Ou seja:

\(\displaystyle I_1 = \dfrac 12 \int C(1) = 0 \) (diretamente pela propriedade (1), basta tomar todos os a's iguais a zero.)

\(\displaystyle I_2 = \dfrac 12 \int C(1)C(2) = 0 \) (diretamente pela propriedade (1) também, basta tomar \(k = 1, a_1 = 2\).)

\( \displaystyle I_5 = \dfrac 12 \int C(1) C(2)C(3)C(4)C(5) = \dfrac 12 \int C(1)C(2)C(4) \left(\dfrac{C(2) + C(Cool}{2} \right) = \dfrac 14 \int C(1)C(2)C(2)C(4) + C(1)C(2)C(4)C(Cool = 0\)

\( \displaystyle I_6 = \dfrac 12 \int C(1) C(2)C(3)C(4)C(5)C(6) = \dfrac 12 \int C(1)C(2)C(4)C(6) \left(\dfrac{C(2) + C(Cool}{2} \right) = \dfrac 14 \int C(1)C(2)C(2)C(4)C(6) + C(1)C(2)C(4)C(8)C(6) = 0\)

\( \displaystyle I_9 = \dfrac{1}{2}\int C(1)C(2)C(3)C(4)C(5)C(6)C(7)C(8)C(9) = \dfrac 12 \int C(1)C(2)C(4)C(6)C(Cool \left(\dfrac{C(2) + C(Cool}{2}\right) \left(\dfrac{C(2) + C(16)}{2}\right)  = 0\)

\( \displaystyle I_{10} = \dfrac{1}{2}\int C(1)C(2)C(3)C(4)C(5)C(6)C(7)C(8)C(9) = \dfrac 12 \int C(1)C(2)C(4)C(6)C(8)C(10) \left(\dfrac{C(2) + C(Cool}{2}\right) \left(\dfrac{C(2) + C(16)}{2}\right)  = 0\)

Bom, sempre que m deixa resto 1 ou 2 na divisão por 4 podemos usar essa estrategia de agrupar os termos impares 2 a 2 transformando-os em pares e deixando apenas C(1), e aplicar a propriedade (1) pra concluir que a integral é zero.

Isso mostra que essas integrais são nulas. A segunda parte(ver que os demais casos não são nulos) vou digitar depois. Mas posso adiantar que é a mesma ideia: usar a formula de transformação de soma em produto e observar que \( \int C(a)C(b)\) da zero quando \(a \neq b\) e é positiva quando \(a= b\).

Muito obrigada, Daoseek. Um show de conhecimento affraid affraid !
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Resolvido Re: (Simulado ITA/IME) Integral Trigonométrica

Mensagem por DaoSeek Ter Jul 09 2024, 21:33

A segunda parte da solução. Queremos verificar que a integral

\( \displaystyle I_m = \dfrac 12 \int_0^{2\pi} \cos \theta \cos(2\theta) \cos(3 \theta) \cdots \cos(m\theta) \, d\theta\)

é não nula quando m é multiplo de 4 ou quando deixa resto 3. A ideia aqui é usar a identidade \( \cos(a) \cos(b) = \dfrac{\cos(a+b) + \cos(a-b)}2\) para dividir a integral em várias integrais com menos termos. Ao contrário do que acontece na situação anterior, aqui as contas ficam bem mais extensas, então precisamos ser espertos. Vamos fazer dois casos pra esclarecer as ideias. Primeiro observamos que na notação da primeira parte, a identidade pode ser escrita como:
\( C(a)C(b) = \dfrac{C(a+b)+C(a-b)}2\)
Daí temos:

\( \displaystyle I_3 = \dfrac 12 \int C(1)C(2)C(3) \)
Usando a identidade, pra b= 1 e a = 2 ficamos com:
\(\displaystyle I_3= \dfrac 12 \int  \dfrac{C(3) + C(1)}{2} C(3) = \dfrac 14 \int C(3)C(3) + C(1)C(3) \)
Agora usamos novamente nos produtos C(3)C(3) e C(1)C(3) ficaremos com:
\(\displaystyle I_3= \dfrac 18 \int  C(0) + C(6) + C(2) + C(4) \)
Para concluir, observamos que \( \int C(n) \) é igual a zero sempre que \(n \neq 0\). Por outro lado, \( \int C(0)  = 2\pi\). Logo:
\(\displaystyle I_3 = \dfrac \pi 4\)

O ponto aqui é que usando a identidade um número finito de vezes (mais precisamente, após \(2^{m-1} -1 vezes\) vamos transformar o produto  C(1)C(2)...C(m) numa soma de varias cossenos (mais precisamente, haverão \(2^{m-1}\) parcelas). Vamos fazer mais um exemplo:

\( \displaystyle I_5 = \dfrac 12 \int C(1)C(2)C(3)C(4)C(5) \)
Usando a identidade no produto C(1) C(2):
\( \displaystyle I_5 = \dfrac 14 \int C(1)C(3)C(4)C(5)  + C(3)C(3)C(4)C(5)\)
Usando nos produtos C(1)C(3) e C(3)C(3):
\( \displaystyle I_5 = \dfrac 18 \int C(2)C(4)C(5) + C(4)C(4)C(5)+ C(0)C(4)C(5) + C(6)C(4)C(5)\)
Usando em C(2)C(4), C(4)C(4), C(0)C(4)  e C(6)C(4):
\( \displaystyle I_5 = \dfrac 1{16} \int C(2)C(5) + C(6)C(5)+ C(0)C(5)+C(8)C(5)+ C(4)C(5)+ C(4)C(5) + C(2)C(5) + C(10)C(5)\)
Finalmente(ufa!):
\( \displaystyle I_5 = \dfrac 1{32} \int C(3) + C(7) + C(1) + C(11)+ C(5)+C(5)+C(3)+C(13)+ C(1)+C(9)+ C(1)+C(9)+ C(3)+C(7) +C(5)+C(15)\)
Como todas as integrais são nulas, concluímos que \(I_5 = 0 \).


Notamos que fizemos uso da identidade exatamente 1+2+4+8 = 15 vezes e no final obtemos uma soma com 16 parcelas. É possível mostrar que, a menos de sinal, os fatores finais obtidos não dependem da ordem em que usamos a identidade. Independente de como fizermos, apos o uso dela 15 vezes, obteríamos as mesmas 16 parcelas. Eu não vou mostrar isso, pois não é necessário para resolver a questão, mas farei um post pra quem quiser tentar depois (vou editar essa resposta e acrescentar o link depois).

O ponto aqui é o seguinte: ao realizarmos essa operação no produto C(1)C(2)...C(m) vamos obter C(0) com alguma das parcelas finais? Em caso afirmativo, a integral não é nula. Caso contrário a integral é nula. É possível mostrar que caso m deixe resto 1 ou 2 na divisão por 4, então o termo C(0) não pode aparecer no final. Também não vou provar isso, vou deixar na questão! Isso mostraria a primeira parte da questão novamente. Estamos interessados agora quando m é multiplo de 4 ou quando deixa resto 3. Nesse caso, vamos verificar que o C(0)  pode aparecer no final. Farei isso novamente com exemplos (a ideia é simples, porém chato de descrever):

Digamos que m = 7. Começamos com o produto
C(1)C(2)C(3)C(4)C(5)C(6)C(7)
Ao aplicar a identidade em C(6)C(7), vamos dividir esse produto em uma soma de duas parcelas, cada parcela com 6 termos. Não precisamos das duas, a unica que interessa é a seguinte:
C(1)C(2)C(3)C(4)C(5)C(1)
Novamente vamos aplicar a identidade em C(4)C(5), mas só estamos interessados na parcela contendo o C(1):
C(1)C(2)C(3)C(1)C(1)
Aplicando a identidade para C(2)C(3), uma das parcelas resultantes será:
C(1)C(1)C(1)C(1)
Agora aplicamos a identidade para C(1)C(1), uma das parcelas será:
C(0)C(1)C(1)
Novamente:
C(0)C(0)
Por fim:
C(0)

A ideia aqui é que quando temos m deixando resto 3 por 4, podemos agrupar os termos consecutivos, e apos algumas operações, ficaremos com C(1)C(1)...C(1), onde C(1) se repete um número par de vezes. E essa integral é positiva. Similarmente, quando o m é multiplo de 4 o mesmo ocorre. Por exemplo, para m = 8 temos:


C(1)C(2)C(3)C(4)C(5)C(6)C(7)C(Cool
Usando em C(7)C(Cool, uma das parcelas será:
C(1)C(2)C(3)C(4)C(5)C(6)C(1)
Usando em C(5)C(6), uma das parcelas será:
C(1)C(2)C(3)C(4)C(1)C(1)
Usando em C(3)C(4), uma das parcelas será:
C(1)C(2)C(1)C(1)C(1)
Usando em C(1)C(2), uma das parcelas será:
C(1)C(1)C(1)C(1)
E daqui seguimos analogamente ao exemplo anterior.

Edit: aqui o link pro post que comentei que faria:
https://pir2.forumeiros.com/t205689-operacao-com-conjuntos-combinatoria#706160
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