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Mensagem por DanielXD12 Qui Jul 19 2018, 23:31

O Princípio da Universalidade na Medicina
A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser
humano e da coletividade e será exercida sem
discriminação de nenhuma natureza.
Houve tempo no qual a medicina se devotava ou se
restringia a determinadas classes ou grupos da
sociedade.
Na antiga medicina hindu, representada
5 pelo ayurveda, o médico estava acima de tudo em busca
de sua evolução pessoal. Para promover sua ascese,
dentro do sistema de castas da antiguidade oriental,
deveria o médico evitar o contato com a classe dos párias
ou Shudras. Posteriormente, com o budismo, o médico
10 tornou-se apto a entrar em contato próximo com todas
as classes e castas.
No século XX, em modelos repletos de crueldade,
outros exemplos de acepção entre pessoas foram
observados na medicina nazista e na comunista. Os
15 nazistas comprometiam-se com determinada raça,
embora o próprio conceito de raça tenha sido questionado
por alguns à época. Já os comunistas, no próprio
juramento, colocam a revolução acima da vida humana,
priorizando a classe que o regime totalitário priorizava.
20 A concepção atual de nossa civilização acerca do
que é a boa medicina tem suas raízes na antiquíssima
tradição hipocrática e em seu desenvolvimento ao longo
dos séculos, passando pela concepção cristã.
No Juramento Hipocrático, o médico se
25 comprometia a tratar com dignidade igual pessoas de
ambos os sexos, livres ou escravos, uma vez que
adentrava o lar alheio para exercer sua profissão:
[...] em quantas casas eu entrar, entrarei para
benefício dos que sofrem, evitando toda injustiça
30 voluntária e outra forma de corrupção, e também atos
libidinosos no corpo de mulheres e homens, livres ou
escravos.
Com o advento do cristianismo, as características
da fé emergente reforçaram a ideia de igual dignidade
35 entre humanos, dando alcance universal às tradições
judaicas e acatando os ideais essenciais da medicina
hipocrática.
Hoje, quando falamos de Direitos Humanos
Universais, é inegável que a raíz da dignidade comum
40 do ser humano está ligada à antiga percepção de que
no ser humano há algo de divino e de transcendental,
seja da escola pitagórica — segundo alguns, precursora
religiosa do hipocratismo médico —, seja do judaísmo,
ao anunciar que o homem foi feito à imagem e
45 semelhança do próprio Deus.
Essa concepção de dignidade universal do ser
humano alia-se à percepção de que cada vida humana éespecial per se, repetida na concepção kantiana de que
cada ser humano deve ser tratado como um fim em si
50 mesmo.
Diante de tal nobre e elevada concepção do ser
humano, a ideia mais perigosa que hoje ameaça a
medicina é a de que seres humanos nada têm de
especial.
55 Diante dessa tradição de respeito ao valor e à
dignidade da vida humana, podemos interpretar melhor
esse que é o primeiro princípio do Código de Ética
Médica, assim como podemos apreender as implicações
do Código como um todo quando se dedica o ato médico
60 ao ser humano e à coletividade sem discriminação de
nenhuma natureza.
Quanto à definição de saúde propalada pela
Organização Mundial da Saúde — talvez a mais citada e
acatada —, guarda forte elemento de utopia, sem dúvida,
65 mas tem seu mérito ao lembrar que a saúde está ligada
às partes física, mental e social do ser humano. Carece
de precisão ao utilizar o termo “completo bem-estar” e
mostra-se incompleta ao não incluir diretamente o
aspecto espiritual ou transcendente do ser humano.
70 Porém, é difícil imaginar definição incontestável de saúde.
Daí a importância em estabelecer princípios de ação
geral e fundamentá-los na experiência comum de nossa
civilização, incluindo suas raízes religiosas ou seculares
e seu desenvolvimento ao longo dos séculos. Nesse
75 panorama imenso, os assustadores exemplos da
subversão de tais ideais nos mostram as consequências
de esquecer a vocação universalista da medicina e o
local especial ocupado pelo ser humano na prática
médica.
ANGOTTI NETO, Hélio. O princípio da universalidade na medicina.
Disponível em: https://academiamedica.com.br/author/helioangotti/>.
Acesso em: 26 out. 2016
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Está sem suporte textual a afirmativa de que essa tirinha se associa ao texto “O Princípio da Universalidade na Medicina” por
01) oferecer ao leitor um contraponto às definições de saúde previstas pela OMS no tangente ao “completo bem-estar” (l.67)
02) corroborar a postura do autor, Hélio Angotti Neto, ao não aceitar o reducionismo de banir os aspectos metafísicos que envolvem
o ser humano.
03) acentuar a crítica feita por Hélio Angotti Neto às concepções simplistas de saúde adotadas pela maioria da classe médica.
04) reforçar, em tom de humor, a reprovação feita por Hélio Angotti Neto quando adverte sobre práticas médicas que desprezem
a concepção de homem como um ser especial.
05) minimizar, através da sátira, as convicções de Hélio Angotti Neto em relação às imprecisões dos conceitos de saúde vigentes.
Gabarito: 05
Peço desculpas a questão ser tão grande.. mas se ainda poder fazer o esforço de comentar porque as alternativas estariam erradas, ficaria ainda mais grato ^^
DanielXD12
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