Utopias
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Utopias
Cabresto Social
Em uma de suas obras mais famosas “Crepúsculo dos Ídolos”, Nietzsche nos mostra como pode ser perigoso construir sociedades em torno de ídolos que possuem como único objetivo apaziguar a realidade obscura que nos cerca, cegando-nos para uma falsa ideia de felicidade e conformidade. Talvez seja essa a melhor definição de utopia: amenizar nossos sofrimentos e projetar uma realidade perfeita, porém, inatingível.Apesar desse conceito estar presente na sociedade há séculos, é notória sua ascensão após o início da Revolução Industrial no século XVIII, onde desenvolveram-se os conceitos de classes sociais, trabalho e consumo como conhecemos hoje. A estratificação social oriunda da época deu origem a padrões de vida extremamente diferentes entre as classes sociais, projetando expectativas de ascensão e consumo nas classes mais modestas, que sonhavam em poder adquirir as novas tecnologias produzidas. O expoente máximo desse modo de vida é expresso no “American Way of Life”, criado nos Estados Unidos, que gerava ideais perfeitos de sociedades, não mais a nível nacional como no século XVIII e sim em âmbitos globais, consolidando o modelo de produção capitalista.
Para os marxistas da Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer, esse conceito chama-se “cultura de massa”, no qual são projetados ideais utópicos na sociedade a fim de satisfazer as vontades das classes dominantes. Nesse sentido, os indivíduos perdem a capacidade racional e se tornam escravos do sistema, alimentados e anestesiados pelos sonhos de melhores condições de vida e de se tornarem, um dia, parte integrante do establishment social. As utopias, nesse contexto, não passam de arreios e cabrestos que guiam a massa cega em direção à perpetuação da própria desigualdade.
Portanto, há de se evitar cair nas mazelas das utopias, uma vez que todas elas são apenas frutos dos meios sociais dominantes, funcionando como estimulantes para que se mantenha viva a chama de um dia pertencer a uma realidade inacessível, ignorando o mundo verdadeiro e os seus reais problemas, cada vez mais escondidos pelos falsos ideais de felicidade.
Se alguém puder corrigir...
AlessandroMDO- Jedi
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Idade : 24
Localização : Ipuã - SP
Re: Utopias
Alessandro, não sou nenhum expert em redação, mas tentarei dar minha opinião como aluno e leitor.
Seu texto tem ideias muito boas, entretanto, em alguns momentos você me pareceu muito pessimista em relação às utopias e até exagerado nas suas convicções. Vou analisar cada parágrafo e caberá a você aceitar ou não minhas opiniões:
1º parágrafo: Logo no início é necessário colocar uma vírgula antes do título da obra citada. " Em uma de suas obras mais famosas, “Crepúsculo dos Ídolos”, Nietzsche..."
A sua introdução ficou muito boa, mas senti falta de um link mais expressivo com o contexto histórico que você introduzirá nos paragráfos seguintes (Revolução Industrial) e até mesmo com a atualidade.
2º parágrafo: "Apesar desse conceito estar presente na sociedade há séculos..." Qual conceito? Você não citou o conceito de utopia! Você citou no 1º parágrafo a melhor definição entre tantas outras.
Você poderia ter apresentado o conceito de utopia no 1º parágrafo e acrescentado que ao lado da obra de Nietzsche, aquela talvez seja a melhor definição de utopia... " amenizar nossos sofrimentos e projetar uma realidade perfeita, porém, inatingível."
"expectativas de ascensão e consumo nas classes mais modestas, que AS QUAIS sonhavam em poder adquirir as novas tecnologias produzidas."
3º parágrafo: "Para os marxistas da Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer, esse conceito chama-se “cultura de massa”..." Mais uma vez: que conceito?! Você, até agora, não citou o conceito de utopia. A utopia é cultura de massa? E as utopias pessoais? Tudo que nós vivemos e sentimos é produto da cultura de massa?
"As utopias, nesse contexto, não passam de arreios e cabrestos que guiam a massa cega em direção à perpetuação da própria desigualdade." NESSE CONTEXTO. Isso ficou muito bom, pois você delimitou a sua ideia. Lá no 1º parágrafo eu entendi que você iria escrever baseado naquela "melhor definição de utopia". Todos os seus parágrafos devem girar em torno dela, me pareceu a ideia central.
Perceba que você lançou uma ideia um tanto pessimista nesse trecho, mas ela está delimitada ao contexto.
4º parágrafo: "Portanto, há de se evitar cair nas mazelas das utopias, uma vez que todas elas são apenas frutos dos meios sociais dominantes..." TODAS ELAS? Cara, isso é exagero! Além de que uma utopia nem sempre é fruto de uma parcela social dominante. Classes sociais menos favorecidas também têm suas utopias.
Você poderia ter retomado o CONTEXTO que eu comentei acima na conclusão.
" ignorando o mundo verdadeiro e os seus reais problemas, cada vez mais escondidos pelos falsos ideais de felicidade." Sério? As utopias escondem os reais problemas? Todas as utopias? Todas elas? E se a utopia for uma esperança/solução para mudar um problema?
..................
Eu até gostei do seu texto e no fundo, consegui entender um pouco do que você queria transmitir. Mas é preciso refletir bem antes e durante a produção textual. Você citou uma obra, citou pensadores... ok. Senti falta do link entre os paragráfos, principalmente na introdução e na conclusão. Onde está aquele CONTEXTO na conclusão? Lembre-se que a conclusão é o desfecho do seu texto, é onde você retoma sua ideia principal. Sobre as generalizações, se você queria expressar sua visão negativa a respeito das utopias manipuladas (algumas são) pela classe dominante e pela cultura de massa, por que não apresentou quesões atuais? Vivemos constantemente bombardeados por utopias manipuladas...
Boa sorte
Seu texto tem ideias muito boas, entretanto, em alguns momentos você me pareceu muito pessimista em relação às utopias e até exagerado nas suas convicções. Vou analisar cada parágrafo e caberá a você aceitar ou não minhas opiniões:
1º parágrafo: Logo no início é necessário colocar uma vírgula antes do título da obra citada. " Em uma de suas obras mais famosas, “Crepúsculo dos Ídolos”, Nietzsche..."
A sua introdução ficou muito boa, mas senti falta de um link mais expressivo com o contexto histórico que você introduzirá nos paragráfos seguintes (Revolução Industrial) e até mesmo com a atualidade.
2º parágrafo: "Apesar desse conceito estar presente na sociedade há séculos..." Qual conceito? Você não citou o conceito de utopia! Você citou no 1º parágrafo a melhor definição entre tantas outras.
Você poderia ter apresentado o conceito de utopia no 1º parágrafo e acrescentado que ao lado da obra de Nietzsche, aquela talvez seja a melhor definição de utopia... " amenizar nossos sofrimentos e projetar uma realidade perfeita, porém, inatingível."
"expectativas de ascensão e consumo nas classes mais modestas
3º parágrafo: "Para os marxistas da Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer, esse conceito chama-se “cultura de massa”..." Mais uma vez: que conceito?! Você, até agora, não citou o conceito de utopia. A utopia é cultura de massa? E as utopias pessoais? Tudo que nós vivemos e sentimos é produto da cultura de massa?
"As utopias, nesse contexto, não passam de arreios e cabrestos que guiam a massa cega em direção à perpetuação da própria desigualdade." NESSE CONTEXTO. Isso ficou muito bom, pois você delimitou a sua ideia. Lá no 1º parágrafo eu entendi que você iria escrever baseado naquela "melhor definição de utopia". Todos os seus parágrafos devem girar em torno dela, me pareceu a ideia central.
Perceba que você lançou uma ideia um tanto pessimista nesse trecho, mas ela está delimitada ao contexto.
4º parágrafo: "Portanto, há de se evitar cair nas mazelas das utopias, uma vez que todas elas são apenas frutos dos meios sociais dominantes..." TODAS ELAS? Cara, isso é exagero! Além de que uma utopia nem sempre é fruto de uma parcela social dominante. Classes sociais menos favorecidas também têm suas utopias.
Você poderia ter retomado o CONTEXTO que eu comentei acima na conclusão.
" ignorando o mundo verdadeiro e os seus reais problemas, cada vez mais escondidos pelos falsos ideais de felicidade." Sério? As utopias escondem os reais problemas? Todas as utopias? Todas elas? E se a utopia for uma esperança/solução para mudar um problema?
..................
Eu até gostei do seu texto e no fundo, consegui entender um pouco do que você queria transmitir. Mas é preciso refletir bem antes e durante a produção textual. Você citou uma obra, citou pensadores... ok. Senti falta do link entre os paragráfos, principalmente na introdução e na conclusão. Onde está aquele CONTEXTO na conclusão? Lembre-se que a conclusão é o desfecho do seu texto, é onde você retoma sua ideia principal. Sobre as generalizações, se você queria expressar sua visão negativa a respeito das utopias manipuladas (algumas são) pela classe dominante e pela cultura de massa, por que não apresentou quesões atuais? Vivemos constantemente bombardeados por utopias manipuladas...
Boa sorte
t.mgrs- Iniciante
- Mensagens : 8
Data de inscrição : 13/01/2017
Idade : 27
Localização : Recife
Re: Utopias
Legal, legal! Você tratou de desvencilhar a utopia como um mecanismo de dominação de massas, quer dizer, você estreitou a função das utopias. Por outro lado, também foi preciso dar um tratamento geral para não demonstrar fuga ao tema, o que te levou a afirmar algo universal a partir do conhecimento de um fato específico. Isso, que foi base para os comentário do t.mgrs.
Bom, o que faltou então para construir um pujante raciocínio indutivo? Colocar o exemplo primeiro, depois tratar de refletir de um modo geral, e, para fechar, uma argumentação para sustentar. Assim, quase que inverter os parágrafos.
Enfim, seu texto está bom, olhando para coesão de cada parágrafo e para a argumentação. Contudo, se você queria se manter estritamente o tema dentro do uso das utopias como forma de dominação faltou, realmente, delimitar melhor a introdução, problematizar mais dentro do contexto capitalista e produzir o raciocínio indutivo. Mesmo assim, por esse texto, é possível que sua nota estivesse próxima dos 8 pontos
2º p: "Apesar desse conceito estar presente na sociedade há séculos, é notória sua ascensão após o início da Revolução Industrial no século XVIII, onde desenvolveram-se os conceitos de classes sociais, trabalho e consumo como conhecemos hoje."
Revolução Industrial não é lugar... Já postei artigo no fixo de dicas, dê uma olhada.
Bom, o que faltou então para construir um pujante raciocínio indutivo? Colocar o exemplo primeiro, depois tratar de refletir de um modo geral, e, para fechar, uma argumentação para sustentar. Assim, quase que inverter os parágrafos.
Enfim, seu texto está bom, olhando para coesão de cada parágrafo e para a argumentação. Contudo, se você queria se manter estritamente o tema dentro do uso das utopias como forma de dominação faltou, realmente, delimitar melhor a introdução, problematizar mais dentro do contexto capitalista e produzir o raciocínio indutivo. Mesmo assim, por esse texto, é possível que sua nota estivesse próxima dos 8 pontos
2º p: "Apesar desse conceito estar presente na sociedade há séculos, é notória sua ascensão após o início da Revolução Industrial no século XVIII, onde desenvolveram-se os conceitos de classes sociais, trabalho e consumo como conhecemos hoje."
Revolução Industrial não é lugar... Já postei artigo no fixo de dicas, dê uma olhada.
Diego A- Monitor
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Data de inscrição : 20/04/2016
Idade : 28
Localização : Cascavel - PR
Re: Utopias
Obrigado aos dois
Vou tentar corrigir quando conseguir tempo livre. Depois coloco aqui.
Vou tentar corrigir quando conseguir tempo livre. Depois coloco aqui.
AlessandroMDO- Jedi
- Mensagens : 436
Data de inscrição : 20/09/2016
Idade : 24
Localização : Ipuã - SP
Re: Utopias
Alessandro,
eu faço minhas redações de maneira similar a você, ou seja, eu uso um filósofo na introdução (no seu caso, Nietzsche), e uso mais um no meio da argumentação (no seu caso, os da Escola de Frankfurt). Sei que sua redação não é modelo ENEM, no entanto, acho importante frisar que se você fizer isso no ENEM você certamente vai perder 40 pontos, porque os corretores vão achar que o uso de Nietzsche por você no primeiro parágrafo se configura como "uso de repertório cultural não produtivo", o que não aconteceria quando a banca de correção não era da Vunesp (ano passado pra trás).
Pra resolver isso, eu recomendo você criar expressões com as ideias do filósofo e com as palavras do tema, e encaixar, cada uma em um parágrafo argumentativo (segundo e terceiro parágrafos da redação). Por exemplo, você poderia escrever no meio do segundo parágrafo algo como "...então esses ídolos nietzschianos...". Dessa forma, o corretor vai saber que o seu repertório cultural permeia a redação por inteiro e, assim, não vai descontar nota por isso.
No ENEM, se você fizer dessa forma, não se esqueça de fazer essas retomadas, ok? Eu vou usar dois filósofos no ENEM também, mas vou ter muita cautela pra deixar o repertório cultural produtivo.
eu faço minhas redações de maneira similar a você, ou seja, eu uso um filósofo na introdução (no seu caso, Nietzsche), e uso mais um no meio da argumentação (no seu caso, os da Escola de Frankfurt). Sei que sua redação não é modelo ENEM, no entanto, acho importante frisar que se você fizer isso no ENEM você certamente vai perder 40 pontos, porque os corretores vão achar que o uso de Nietzsche por você no primeiro parágrafo se configura como "uso de repertório cultural não produtivo", o que não aconteceria quando a banca de correção não era da Vunesp (ano passado pra trás).
Pra resolver isso, eu recomendo você criar expressões com as ideias do filósofo e com as palavras do tema, e encaixar, cada uma em um parágrafo argumentativo (segundo e terceiro parágrafos da redação). Por exemplo, você poderia escrever no meio do segundo parágrafo algo como "...então esses ídolos nietzschianos...". Dessa forma, o corretor vai saber que o seu repertório cultural permeia a redação por inteiro e, assim, não vai descontar nota por isso.
No ENEM, se você fizer dessa forma, não se esqueça de fazer essas retomadas, ok? Eu vou usar dois filósofos no ENEM também, mas vou ter muita cautela pra deixar o repertório cultural produtivo.
Hayzel Sh- Estrela Dourada
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Idade : 26
Localização : Curitiba, PR
Re: Utopias
Concordo com o que a Hayzel falou.
Última edição por Diego A em Qui 14 Set 2017, 16:38, editado 1 vez(es)
Diego A- Monitor
- Mensagens : 1398
Data de inscrição : 20/04/2016
Idade : 28
Localização : Cascavel - PR
Re: Utopias
Segundo o manual do ENEM, a nota máxima na Competência II prevê:
Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo.
A Vunesp vai levar isso à risca. E quem diz isso não sou eu, mas os próprios corretores da Vunesp. Quem escrever, neste ano, coisas como "Segundo Kant, o homem é o que a educação faz dele" será penalizado.
A Escola de Frankfurt colabora para a sua argumentação e, portanto, contribui para a autoria de seu texto. Entretanto, não vejo os conceitos de Nietzsche sendo utilizados produtivamente na argumentação. Então, como disse, para evitar esse desconto desnecessário de nota, recomendo fazer aquela alteração proposta por mim no último post.
Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo.
A Vunesp vai levar isso à risca. E quem diz isso não sou eu, mas os próprios corretores da Vunesp. Quem escrever, neste ano, coisas como "Segundo Kant, o homem é o que a educação faz dele" será penalizado.
A Escola de Frankfurt colabora para a sua argumentação e, portanto, contribui para a autoria de seu texto. Entretanto, não vejo os conceitos de Nietzsche sendo utilizados produtivamente na argumentação. Então, como disse, para evitar esse desconto desnecessário de nota, recomendo fazer aquela alteração proposta por mim no último post.
Hayzel Sh- Estrela Dourada
- Mensagens : 1110
Data de inscrição : 02/04/2016
Idade : 26
Localização : Curitiba, PR
Re: Utopias
Hayzel Sh escreveu:Segundo o manual do ENEM, a nota máxima na Competência II prevê:
Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo.
A Vunesp vai levar isso à risca. E quem diz isso não sou eu, mas os próprios corretores da Vunesp. Quem escrever, neste ano, coisas como "Segundo Kant, o homem é o que a educação faz dele" será penalizado.
A Escola de Frankfurt colabora para a sua argumentação e, portanto, contribui para a autoria de seu texto. Entretanto, não vejo os conceitos de Nietzsche sendo utilizados produtivamente na argumentação. Então, como disse, para evitar esse desconto desnecessário de nota, recomendo fazer aquela alteração proposta por mim no último post.
Por qual motivo? Desde que não seja escrito de forma isolada(e sem sentido) , qual seria o problema em traçar tais citações?
AprovaçãoE- Padawan
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