Uerj 2016 - Texto Base 2: Questão 11
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Uerj 2016 - Texto Base 2: Questão 11
[TEXTO BASE 2 ]
A ARTE DE ENGANAR
[1] Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda que, na era vitoriana, era proibido mencionar
“calças” na presença de uma jovem. Hoje em dia, diz ele, não cai bem utilizar certas expressões
perante a opinião pública: “O capitalismo exibe o nome artístico de economia de mercado;
imperialismo se chama globalização; suas vítimas se chamam países em via de desenvolvimento;
[5] oportunismo se chama pragmatismo; despedir sem indenização nem explicação se chama
flexibilização laboral” etc.
A lista é longa. Acrescento os inúmeros preconceitos que carregamos: ladrão é sonegador; lobista
é consultor; fracasso é crise; especulação é derivativo; latifúndio é agronegócio; desmatamento é
investimento rural; lavanderia de dinheiro escuso é paraíso fiscal; acumulação privada de riqueza
[10] é democracia; socialização de bens é ditadura; governar a favor da maioria é populismo; tortura
é constrangimento ilegal; invasão é intervenção; peste é pandemia; magricela é anoréxica.
Eufemismo é a arte de dizer uma coisa e acreditar que o público escuta ou lê outra. É um jeitinho
de escamotear significados. De tentar encobrir verdades e realidades.
Posso admitir que pertenço à terceira idade, embora esteja na cara: sou velho. Ora, poderia dizer
[15] que sou seminovo! Como carros em revendedoras de veículos. Todos velhos! Mas o adjetivo
seminovo os torna mais vendáveis.
Coitadas das palavras! Elas são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça como
está. Não conseguem, contudo, escapar da luta de classes: pobre é ladrão, rico é corrupto.
Pobre é viciado, rico é dependente químico.
Em suma, eufemismo é um truque semântico para tentar amenizar os fatos.
Na produção do humor, traço típico da crônica, o autor combina eufemismos com outros recursos ou figuras de linguagem. O exemplo em que o humor é produzido por meio da superposição entre um eufemismo e uma comparação entre elementos distintos é:
A) despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral (l. 5-6)
B)acumulação privada de riqueza é democracia; (l. 9-10)
C) Ora, poderia dizer que sou seminovo! (l. 14-15)
D) são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça como está. (l. 17-18)
GABARITO: C
A ARTE DE ENGANAR
[1] Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda que, na era vitoriana, era proibido mencionar
“calças” na presença de uma jovem. Hoje em dia, diz ele, não cai bem utilizar certas expressões
perante a opinião pública: “O capitalismo exibe o nome artístico de economia de mercado;
imperialismo se chama globalização; suas vítimas se chamam países em via de desenvolvimento;
[5] oportunismo se chama pragmatismo; despedir sem indenização nem explicação se chama
flexibilização laboral” etc.
A lista é longa. Acrescento os inúmeros preconceitos que carregamos: ladrão é sonegador; lobista
é consultor; fracasso é crise; especulação é derivativo; latifúndio é agronegócio; desmatamento é
investimento rural; lavanderia de dinheiro escuso é paraíso fiscal; acumulação privada de riqueza
[10] é democracia; socialização de bens é ditadura; governar a favor da maioria é populismo; tortura
é constrangimento ilegal; invasão é intervenção; peste é pandemia; magricela é anoréxica.
Eufemismo é a arte de dizer uma coisa e acreditar que o público escuta ou lê outra. É um jeitinho
de escamotear significados. De tentar encobrir verdades e realidades.
Posso admitir que pertenço à terceira idade, embora esteja na cara: sou velho. Ora, poderia dizer
[15] que sou seminovo! Como carros em revendedoras de veículos. Todos velhos! Mas o adjetivo
seminovo os torna mais vendáveis.
Coitadas das palavras! Elas são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça como
está. Não conseguem, contudo, escapar da luta de classes: pobre é ladrão, rico é corrupto.
Pobre é viciado, rico é dependente químico.
Em suma, eufemismo é um truque semântico para tentar amenizar os fatos.
Na produção do humor, traço típico da crônica, o autor combina eufemismos com outros recursos ou figuras de linguagem. O exemplo em que o humor é produzido por meio da superposição entre um eufemismo e uma comparação entre elementos distintos é:
A) despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral (l. 5-6)
B)acumulação privada de riqueza é democracia; (l. 9-10)
C) Ora, poderia dizer que sou seminovo! (l. 14-15)
D) são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça como está. (l. 17-18)
GABARITO: C
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