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(Uerj 2014) Experiências em humanos

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Mensagem por Carl Edward Sagan Jr Seg 25 Set 2017, 22:01

Texto motivador:



 
A Bioética como o futuro da saúde
Sabe-se que as pesquisas voltadas para a bioética pouco são estimuladas pelo governo e a população pouco sabe sobre. De certo, para haver uma maior divulgação no tocante à área da Saúde e da Medicina, deve haver financiamento público de pesquisas para com os animais e leis de estímulo para o voluntariamento de pessoas para experimentos científicos.
Primeiramente, as pesquisas com animais em sua maioria dos casos, não são reconhecidas pela população brasileira. Seja pela precária base em ciências no ensino em geral ou pela falta de esclarecimento de informação de mídias tradicional e alternativa. Por isso, as pessoas pensam que as pesquisas para com os animais são igualmente experimentais em humanos. Como por exemplo, seria como pensar que todo ser humano produz anticorpos para um determinado antígeno.
Além do mais, caso houvesse realmente, se tal fato previamente dito ocorresse, o ser humano iria entrar em padecimento. Para melhores avanços na ciência, os cientistas usam os ratos, que tem o ADN parecido com o do nosso. Outrossim, eles têm organismos mais fortes que os nossos e não há genes dominantes, o que facilita os experimentos e faz grandes avanços à ciência. Sob uma nova perspectiva, nada impede criações de políticas públicas de voluntariamento de seres humanos, tendo consciência de seus próprios atos, com consentimento de suas famílias, para novas linhas de pesquisas.
Dessarte, a ação de políticas públicas ao fomento de pesquisas facilitará o avanço da ciência e tecnologia, em um país com poucos investimentos nestas tais áreas, junto com a criação de leis que façam com a cobaia e a família tenham consentimentos deste tal experimento.
 
Gostaria que corrigissem a minha redação. Sei que tenho que melhorar e muito, e quero me aperfeiçoar com vocês seja no que vier.

Um abraço e tenham uma ótima noite! Very Happy

P.S: Apontem todos os meus erros possíveis para eu melhorar ao máximo! ❤ :cyclops: 👽 :bounce:
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(Uerj 2014) Experiências em humanos Empty Re: (Uerj 2014) Experiências em humanos

Mensagem por EricFerro Ter 26 Set 2017, 12:51

Evite o uso de expressões como "as pessoas pensam", pois soa informal e fora da norma culta da língua
exigida como critério de avaliação positiva das redações nos vestibulares. Eu te sugeriria substituir
expressões desta forma por expressões como "é uma crença disseminada na mentalidade popular que pesqui-
sas científicas experimentais em animais são igualmente experimentais em seres humanos".

Lembre-se: a redação que você está redigindo funciona como a simulação de um texto que não seria
lido apenas por um público especializado, caso contrário seria uma dissertação científica, mas não uma dissertação
argumentativa em que você expõe um ponto de vista e se utiliza de argumentos para defendê-lo. Então
quando for utilizar jargões científicos como "ADN" tente dar uma explicação, mesmo que resumida, do que
signifique esta palavra. Acredito que desta forma o corretor ficará mais satisfeito com o uso dos termos
científicos ao longo do desenvolvimento do texto. Pense comigo: se você é um corretor formado em
letras, está corrigindo 100 redações por dia e leva em média de 1 a 2 min para corrigir cada redação,
você realmente teria paciência de ler um texto e decifrar cada jargão científico não explicado nele?

Terceiro ponto que eu gostaria de comentar seria a respeito da tese central que me parece ter sido utilizada
em sua redação: o uso de cobaias humanas voluntárias seria essencial para o progresso científico nas
áreas biológicas e, por isso, deve ser estimulado através de iniciativas governamentais. Certo, mas
agora pense comigo: o seu texto é sobre bio-ética, sendo que sua proposta cria ao mesmo tempo um
dilema ético, a saber, o de que o potencial sacrifício de um número menor de vidas humanas (as cobaias
humanas) em pesquisas científicas---pois sabemos que há um risco para o voluntário---poderia beneficiar
um número maior de pessoas no futuro através de avanços médicos. A visão ética que está subtendida em
seu texto é chamada na filosofia de utilitarismo. O utilitarismo é definido como uma visão ética que
estabelece que o valor ético de qualquer ação humana está em ela ser pautada ou não em uma decisão que vise maximizar o benefício a um número maior de pessoas, mesmo que em detrimento de um número menor de pessoas. Por exemplo, se eu decido mentir para um oficial nazista em 1944 quando ele me interroga sobre haver ou não judeos fugitivos
escondidos em minha casa, o meu ato de mentir, mesmo que seja negativo por um lado, é compensado pelo
bem maior que eu estou fazendo aos judeos que serão salvos. Mas é aqui que está o problema em sua proposta
de redação: todas as propostas de solução para os problemas, ao menos no enem, devem estar de acordo
com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e, segundo este conjunto de normas, o valor de um ser
humano é absoluto e, portanto, ele não pode ser relativizado. Ou seja, colocar em risco a vida de um
grupo menor de seres humanos ao submetê-los à condição de cobaias científicas, mesmo que visando uma
lógica utilitarista, seria uma violação da Decl.Un.D.U, ao menos ao meu ver. Isto decorre da seguinte questão: ao menos ao meu ver, pelo que eu já estudei em teorias éticas na filosofia, a Decl.U.D.Hu é um conjunto de normas jurídicas fundamentadas em uma ética não-utilitarista que vê no ser humano um valor absoluto e inalienável. Irei te dar um exemplo para melhor compreensão: se eu decido matar minha avó rica para ficar com a herança e, posteriormente, utilizar esta herança para beneficiar um número maior de vidas ao doá-la para uma instituição de caridade, mesmo que minhas intenções forem boas, minha ação será considerada um crime. Isso porque a ética de nossas ordens jurídicas é uma ética absoluta, que não relativiza seres humanos e, portanto, não é possível quantificar vidas.

Desculpe se eu fui um pouco longo e me desculpe por qualquer erros de ordem gramatical ou teórica. Abrass


Última edição por EricFerro em Ter 26 Set 2017, 19:03, editado 1 vez(es)

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Mensagem por Carl Edward Sagan Jr Ter 26 Set 2017, 15:10

Oi Eric, 

Muito obrigado por ter me ajudado. Feri os Direitos Humanos sem ao menos perceber. O que você me sugere pra eu fazer uma boa redação sobre esse tema? Quais referências eu posso ler sobre? Pode me recomendar alguma?

Um abraço.

P.S: Esse tema é da Uerj, de 2014.
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(Uerj 2014) Experiências em humanos Empty Re: (Uerj 2014) Experiências em humanos

Mensagem por EricFerro Ter 26 Set 2017, 19:10

Olá Carl Sagan Jr.

Bom, a meu ver você deveria ler artigos a respeito de bioética (não precisa ser muitos para não aprofundar tanto), trechos de alguns livros que tratem do assunto, e se informar através das mídias a respeito das novidades neste universo da ética e das ciências biológicas. Tente a partir da leitura destes materiais construir uma posição própria a respeito do tema, com argumentos sólidos que fundamentem de fato suas conclusões, pois assim caso seja proposto um tema semelhante no dia do exame você já estará com as cartas na manga.
Te aconselharia também a fazer isso com todos as questões atuais que podem ser futuros temas de redações, como violência urbana, a questão dos refugiados, tensão entre Coreia do Norte, EUA, China e Rússia, Terrorismo na Europa, etc.

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Mensagem por Carl Edward Sagan Jr Qui 28 Set 2017, 15:19

Que artigos de bioética você me recomendaria?
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Mensagem por EricFerro Qui 28 Set 2017, 20:52

Sinceramente eu não estou por dentro do assunto. Mas o que eu conheço dos mais polêmicos que tratam a respeito do assunto é o Peter Singer, que tem alguns artigos pequenos sobre bioética no quesito do direito dos animais. Peter Singer tenta desenvolver uma ética que, segundo ele, crítica o paradigma atual do que ele chama de 'especismo' na ética. Especismo é definido como um preconceito ético que enxerga somente na espécie humana a capacidade de adquirir direitos e, portanto, exigir obrigações de terceiros. Por exemplo, um dos direitos fundamentais do ser humano é o direito à vida e, portanto, este direito se reflete na obrigação de terceiros de não me matarem (porque eu possuo este direito como ser humano). Porém, a reflexão que Singer coloca é a seguinte: por que apenas a espécie humana tem direito à vida? Por que animais também não possuem tal direito e, se possuem, não seria eticamente errado o consumo de carne? Se argumentarmos que a espécie humana possui direitos porque é inteligente, então cometeríamos uma contradição, pois pessoas dotadas de deficiências mentais também possuem direitos e, portanto, este argumento é inválido. Logo este argumento não é coerente para restringir o direito à vida somente aos seres humanos e, portanto, o consumo de carne é eticamente errado (eu não sigo esta ética, hehehe...).

Bom, este autor que eu citei é só uma ilustração, mas eu acredito que seja relevante citá-lo porque, pelo que eu já reparei, as melhores notas de redação  são atribuídas aos candidatos que têm um conhecimento mais profundo sobre o tema e citam autores em seus textos. Com a citação de Singer eu acredito poder enriquecer mais seus conhecimentos sobre bioética e te auxiliar em sua evolução na construção de uma redação sobre o tema bioética. Percebe, seria legal você debater estes pontos de vistas de diferentes filósofos em sua redação, e chegar a um ponto de vista próprio. O Singer, por exemplo, como é um utilitarista, propõe que animais podem ser utilizados em experimentos apenas nos casos em que isso poderá trazer um benefício para um número maior de animais (no caso nós seres humanos). Ou seja, animais não podem ser usados por seres humanos simplesmente porque somos superiores a eles enquanto espécie inteligente, mas sim porque se colocarmos na balança os benefícios alcançados em relação aos prejuízos causados, então compensa prejudicar um número menor de indivíduos de uma certa espécie (como ratos de laboratório) para beneficiar um número maior de indivíduos de outra espécie (neste caso nós, Homo-sapiens) através de experimentos científicos.

Percebe a diferença entre o seu ponto de vista e o de Peter Singer? Você foi um especista e utilitarista em seu texto, ele já é utilitarista e não-especista? Percebe como o tema da ética pode ser até complicadinho...hehehe

Abrass...Desculpe qualquer erro...

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Mensagem por Hayzel Sh Qui 28 Set 2017, 21:25

Ótima dica usar as ideias desse filósofo para este tema, Eric. Vou pensar nisso caso eu tenha que fazer um tema similar, obrigada.  Razz
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Mensagem por Carl Edward Sagan Jr Sex 29 Set 2017, 21:12

Eric,

Como eu resolveria essa problema especista meu que eu nem sabia e sabendo que todo vida humana é inalienável?
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(Uerj 2014) Experiências em humanos Empty Re: (Uerj 2014) Experiências em humanos

Mensagem por EricFerro Ter 03 Out 2017, 01:22

Entendo sua pergunta, de fato, sua pergunta é fundamental e intrigante ao mesmo tempo, porque chegamos a um impasse lógico: pois se a vida humana é inalienável, então ela é absoluta e, portanto, não pode ser relativizada, ou seja, não pode ser comparada a outras vidas a fim de se balancear prejuízos causados com benefícios alcançados e se criar um sistema de decisão utilitarista a partir daí. Porém essa teoria de que a vida humana tem um valor absoluto (irrelativizável) tem seus limites, pois em certos contextos espaciotemporais, como quando um piloto de um avião em queda devido a falhas no motor tem de decidir entre pousar em uma área de uma cidade e matar os passageiros do avião e os habitantes daquela área, ou não pousar naquela área e matar apenas os passageiros do avião em queda, suas decisões não seriam eticamente idênticas, pois se ele preferir a primeira opção à segunda seríamos levados a julgá-lo negativamente. Ou seja, em certos contextos, quando estamos a pesar vida humana contra vida humana, devemos ser utilitaristas e, portanto, balancear prejuízos causados com benefícios produzidos para decidirmos sobre a melhor ação naquele contexto. Assim sendo, não devemos adotar a teoria de Peter Singer sem contestações, pois do contrário seríamos levados à concluir que a vida de três camundongos vale mais do que a vida de 2 seres humanos! O que é absurdo! Ou seja, não podemos aceitar uma ética totalmente não-especista!

Logo, respondendo à sua questão: para resolvermos esse impasse devemos considerar a vida humana como absoluta em quase todos os contextos, e relativizá-la apenas quando estamos lidando com a vida de outros seres humanos honestos (pois é melhor 3 seres humanos bondosos, isto é, cujas ações produzem consequências benéficas para o grupo, do que 4 políticos corruptos e/ou psicopatas). E, se combinarmos essa abordagem com a de Peter Singer, então teríamos uma teoria ética híbrida entre um não-especismo e um especismo relativo, na medida em que consideramos a vida humana como absoluta e, portanto, uma espécie mais importante que as outras, porém quando comparada entre seus próprios membros (seres humanos com seres humanos, como no exemplo do piloto do avião em queda) ela passa a ser relativa para seres humanos honestos (benéficos ao grupo). Deste modo, a espécie humana é absoluta quando comparada com qualqueer outra espécie, isso significa que mil ratos nunca valerão por um bebê humano (ou você gostaria de salvar mil ratos às custas da vida de seu pequenino irmão?!), porém mil seres humanos honestos valem mais do que um único ser humano honesto!

Bom, ao meu é isso, kkk, agora eu tentei dar uma de filósofo e respondi à sua questão com minha posição própria, espero ter ajudado. Abrass e bons estudos, arrase no vestibular meu caro!

Mais um detalhe: essa nossa teoria híbrida já havia sido proposta pelo Gênio de John Stuart Mill no século XIX, pois ele desenvolveu uma ética utilitarista baseada na noção de valor qualitativo, e não apenas quantitativo, ou seja, o valor da vida humana é qualitativamente superior ao valor da vida de animais não-humanos e, portanto, qualquer quantidade de animais não-humanos não valeria por 1 unidade de vida humana. Ou seja, tudo só pode ser quantificado e colocado na balança ética utilitarista se pertencerem à mesma ordem de qualidades éticas.

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