"Mas você não tem vida?"

por **Christian M. Martins** Sáb 12 Set 2015, 17:19

Relembrando a primeira mensagem :

Hoje ocorreu algo bem interessante. Eu fui ao centro da cidade fazer compras, e ao retornar de ônibus minha namorada encontrou uma antiga amiga sua. Enquanto as duas conversavam sobre as faculdades e os números de cadeiras que estavam fazendo, sua amiga comentou, a respeito do número de cadeiras que minha namorada faz na faculdade:

- Mas você não tem vida?

E aí comecei a divagar a respeito do comentário, e resolvi vir aqui compartilhar com vocês e ver suas opiniões.

Por que a educação é vista como um estorvo para a maioria dos brasileiros? A sociedade costuma a ver o estudo como algo a ser "vencido", uma batalha a ser enfrentada. E como a amiga de minha namorada citou, um empecilho ao "viver a vida".

Isto não devia ser assim. Deveria, sim, ser visto como algo interessante a ser praticado no dia-a-dia, assim como os diversos esportes que se incluem na paixão do brasileiro.

por **Christian M. Martins** Dom 13 Set 2015, 14:05

Se encaixa perfeitamente no Brasil inteiro, Diaz.

por Convidado Dom 13 Set 2015, 15:02

Uma das frases do livro "O segredo das mentes milionárias", de T. Harv Eker, se aplica bem a esse comportamento: "Dinheiro é resultado, riqueza é resultado, saúde é resultado, doença é resultado, o seu peso é resultado. Vivemos num mundo de causa e efeito". Essa citação define uma das ideias mais ignoradas pela humanidade: o hoje é consequência do ontem, e o futuro é consequência do hoje. Embora muitos tenham consciência disso, não se remetem à recomendação implícita na frase, de que é necessário planejar cada passo.

Ao adentrar nessa "descoberta", o indivíduo começa a questionar-se sobre uma das decisões mais impactantes de sua vida: "O que eu vou fazer quando deixar a escola?". E é aí que o germe do triunfo (e não do sucesso) começa a ser regado, pois a primeira resposta exigida pela definição do planejamento foi respondida: "O que eu quero? O que eu preciso?". Nessa complementariedade entre o "querer" e o "precisar" há a possibilidade de unir o útil ao agradável. Sucede-se a isso a definição da estratégia, de encontrar maneiras de se chegar ao objetivo; talvez dificultado pelas "heranças cognitivas" do indivíduo, isto é, pela maneira com que ele aprendeu a interpretar a realidade.

Superar a ideia de "herança cognitiva" é o que irá determinar, ou não, se o indivíduo será bem sucedido. É o abandono da concepção de que ser inteligente é um dom de nascença, medido por professores; é a passagem para um estágio superior em que as convicções não funcionam como cárceres, nos limitando mais do que qualquer verdade ou mentira. Não é escolher entre a fé e a razão, mas encontrar a razão na própria fé. Como dizia Jean Paul Sartre, "o importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós."

É preciso desconstruir para construir. E esse ato de desconstrução é doloroso; é difícil abandonar ou questionar aquilo que você acredita, pois essa atividade pode gerar um vácuo de significado na própria existência - quem nunca tentou convencer uma pessoa a estudar e ela respondeu que se deve aproveitar a vida, se divertir? No entanto, é o que falta no nosso entendimento: questionar. Não se encontra um propósito para existir, nós o inventamos com base no que achamos ser correto ou mais fácil. Infelizmente, essa opção não é tomada com certeza, porque o livre arbítrio social deixou de existir quando o primeiro ser humano tomou a sua decisão; de lá para cá, somos seres altamente influenciados pela sociedade a qual pertencemos. Tem gente que não chega aonde quer, porque não sabe o que quer.