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"Mas você não tem vida?"

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PedroCunha
Christian M. Martins
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Mensagem por Christian M. Martins Sáb 12 Set 2015, 17:19

Hoje ocorreu algo bem interessante. Eu fui ao centro da cidade fazer compras, e ao retornar de ônibus minha namorada encontrou uma antiga amiga sua. Enquanto as duas conversavam sobre as faculdades e os números de cadeiras que estavam fazendo, sua amiga comentou, a respeito do número de cadeiras que minha namorada faz na faculdade:

- Mas você não tem vida?

E aí comecei a divagar a respeito do comentário, e resolvi vir aqui compartilhar com vocês e ver suas opiniões.

Por que a educação é vista como um estorvo para a maioria dos brasileiros? A sociedade costuma a ver o estudo como algo a ser "vencido", uma batalha a ser enfrentada. E como a amiga de minha namorada citou, um empecilho ao "viver a vida".

Isto não devia ser assim. Deveria, sim, ser visto como algo interessante a ser praticado no dia-a-dia, assim como os diversos esportes que se incluem na paixão do brasileiro.
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Mensagem por PedroCunha Sáb 12 Set 2015, 18:04

Concordo com você em partes.

A educação, de fato, não deve ser vista como um empecilho. Porém, quando pegamos o exemplo de uma pessoa que está fazendo faculdade de medicina e que tem que fazer 45,50 créditos semanais, ou seja 45,50h de estudo só na faculdade (fora em casa), fica difícil ter alguma vida.

Abraços,
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Mensagem por Euclides Sáb 12 Set 2015, 18:14

O que dizer de um trabalhador que sai de casa às 6:00 h e retorna às 20:00 h todos os dias?

Geologia, na USP é um curso de período integral. Eu levava quase 2 horas para ida e outro tanto para a volta para casa em transporte público.

Durante 10 horas por dia eu estava junto da minha turma de faculdade e éramos bons amigos. 

A Vida é luta. É preciso saber viver todos os momentos e não apenas no lazer.

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Mensagem por Christian M. Martins Sáb 12 Set 2015, 18:38

Sim, concordo. Minha intenção não foi rebaixar aqueles que passaram e atualmente passam por diversas horas de estudo seguidas. Nesses casos o estudo é uma luta, aí sim é algo a ser vencido.

O que eu não falei é que a minha namorada, nesse semestre, faz 4 horas de estudos por dia na faculdade, de segunda-feira a sexta-feira, e ambas as amigas moram próximas da universidade. Essas 4 horas foram vistas por sua amiga como uma dificuldade imensa, e é aí que vem a minha dúvida: será que tão pouco tempo de estudo pode atrapalhar tanto uma vida assim para que um comentário desses seja feito?

Também não tenho a intenção de incitar a discussão apenas sobre esses casos específicos, mas sim sobre uma pluralidade de outros casos. Por exemplo: por que as pessoas não tem o costume de, em alguns finais de semana, pegar um livro didático para estudar e obter um pouco mais de conhecimento? Por que o estudo está tão longe do dia-a-dia do povo brasileiro? Ele deveria estar mais próximo nos feriados, nos finais de semana, etc., afinal, duas ou três horas de estudo por dia de final de semana gera um conhecimento IMENSO a longo prazo, e, vamos combinar... esse tempinho não mata e não impede ninguém de viver.
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Mensagem por Convidado Sáb 12 Set 2015, 19:04

É difícil você contrariar totalmente essa afirmação de que o estudo, de certa forma, nos impede de viver, mas também é difícil argumentar a favor desta tese. O que temos são pontos de vista diferentes, uma discrepância entre "produtividade" e "investimento". Para algumas pessoas é mais vantajoso trabalhar 8 horas por dia, do que estudar esse mesmo período em horas. 

Longe do discurso de "falta de oportunidades", reitero o discurso de "falta de planejamento". Existe um pensamento que se agrega em uma parcela de indivíduos de que só se consegue realizar algo se o sujeito for inteligente (leia-se: aquele que tira notas altas na escola) ou tiver recursos financeiros oriundos do seu meio familiar. Daí a sujeição ao mercado de trabalho, de modo precoce e sem intenção de crescimento*.

*É claro que todos possuem a intenção de crescer profissionalmente, mas essa parcela a que me refiro mantém isso no plano das ideias. Não confundam intenções com objetivos.



É uma questão de pensamento; como eu disse, visões diferentes. Eu gosto de comparar usando dois perfis opostos, uma pessoa portando o que eu chamo de síndrome da produção imediata e outra portando o que pode ser chamado de síndrome da produção fragmentada. O primeiro se preocupa em obter recursos de forma rápida, interpretando o seu acúmulo de bens como um avanço pessoal. Não há planejamento de longo prazo, apenas de curto prazo. Como os resultados, ainda que pequenos, vêm em pouco tempo, essa pessoa compara o seu modo de vida com o do segundo, se achando superior porque possui mais bens numa mesma idade. É mais fácil você ver alguém que começou trabalhar aos 16 anos e tem um carro aos 20, do que alguém que começou a estudar aos 16 e tem carro aos 20.



Por outro lado, a visão da pessoa que possui a síndrome da produção fragmentada é diferente. Para esta, submeter-se ao mercado de trabalho, sem objetivos futuros, é perda de tempo. É o perfil que se infiltra no mercado de trabalho precocemente para sustentar-se com os gastos da faculdade. Há aqui uma preocupação em investir o dinheiro em algo que possa proporcionar uma qualidade de vida melhor no futuro. Os resultados demoram um pouco mais para acontecer, mas acontecem em um período menor de tempo. É como se a pessoa portadora do primeiro perfil fosse uma reta crescente (função de primeiro grau) em um gráfico, enquanto a segunda fosse constante. Porém, a partir de certo tempo, a pessoa do segundo perfil torna-se uma função exponencial e passa a crescer de forma muito mais rápida do que a primeira. É justamente essa constância que causa a impressão de que estamos parados em relação a vida. Eu mesmo já ouvi do meu pai, enquanto eu estava me matando de estudar, que eu "não estava fazendo nada, e que era melhor eu ir trabalhar". 



Viajei bastante, mas, resumindo, tudo depende do referencial que será adotado.

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Mensagem por Christian M. Martins Sáb 12 Set 2015, 19:38

Não viajou não, falou muito bem. Apenas desviou um pouco o foco do tópico, mas para um assunto relacionado que também pode ser tratado por aqui.

Os maiores infortúnios relacionados aos afligidos pela sua neológica "síndrome da produção imediata" são os sonhos trocados por dinheiro. Esse sindrômico padrão brasileiro de nascer, completar o ensino médio e adentrar o mercado de trabalho está tão enraizado na nossa cultura que, infelizmente, as pessoas deixam de seus ideais para entrar na fila indiana daqueles que — sem planos de crescimento — vivem uma vida rotineira, aguardando a chegada de suas mortes. A despeito dessa situação atual, o padrão deveria ser modificado de forma que os sonhos se aproximassem mais da realidade; de forma que a vida fosse vivida com objetivos psicólogicos, e não financeiros.

Mudando para o assunto pelo qual o tópico foi fundado, o que reitero é que a motivação para o estudo deve ser fundada na obtenção de conhecimento, não de dinheiro, assim como a razão para o ingresso em uma universidade deve ser a busca de um sonho; o desejo de se tornar um ótimo profissional, não de ser rico. Com a quebra desse vínculo estudo-dinheiro o desejo do conhecimento se aproximaria mais do povo brasileiro.
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Mensagem por Convidado Dom 13 Set 2015, 11:10

Negar o conceito de estudo-dinheiro só vai dificultar ainda mais as coisas, em minha opinião. A maioria das pessoas buscam se desenvolver objetivando aumentar a sua qualidade de vida. E isso envolve vários setores da vida: relacionamento conjugal, relacionamento extra-conjugal, profissão, finanças, lazer, etc. Se satisfazer profissionalmente não significa que você vai poder "dar um futuro" aos seus filhos. As pessoas também precisam de algo material para dar significado aos seus esforços. O professor Pierluigi Piazzi disse uma vez em suas palestras: "Existem duas maneiras de você fazer um burro andar; e a melhor delas é você colocar a cenoura na sua frente". 

Para mim, duas motivações resumem bem o desejo pelo conhecimento: o lazer e o poder. São dois conceitos complementares. Não adianta você trabalhar naquilo que você quer, ganhar pouco, e não poder dar uma vida boa aos seus filhos. E essa ideia de "vida boa" é o que eu chamo de triunfo: um equilíbrio entre as diversas partes da vida, citadas no parágrafo anterior. 

Infelizmente, não dá para pagar as contas só com uma psicologia. Por outro lado, não dá para negar, também, que o conhecimento pode ter, como consequência, a geração de riquezas; mas essa é só uma das n possibilidades. 

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Mensagem por Diaz Dom 13 Set 2015, 12:18

Em primeiro lugar parabéns pelo tópico Christian, uma discussão muito relevante e que poderia se transformar facilmente em um tema de redação para qualquer concurso/vestibular.  Dezotti, concordo bastante com os argumentos expostos em seus posts. Agora minha opinião:

O Brasileiro vê a faculdade/universidade como um trampolim para a vida profissional, por isso vê como um estorvo, pensa que são aqueles anos de estudo que o separam de uma vida profissional brilhante e do dinheiro. Mas isso é instaurado nas raízes, no ensino médio e fundamental. Pensem vocês qual a maior propaganda de uma escola? O número de aprovações nos vestibulares, é passado ao aluno a ideia de que entrar na faculdade será seu trunfo, o que lhe dará tudo na vida, isso acaba criando no brasileiro esta sensação de que estudar é pesaroso, pois muitas vezes ele está na faculdade não pq quer receber conhecimento, gerar conhecimento e aplicar tais conhecimentos na sociedade (Que por acaso são as 3 funções primordiais de uma faculdade, perceberam que não tem ''Formar profissionais para atuar no mercado de trabalho?''). Muitos amigos meus entraram na faculdade achando que ela iria gerar milagres e ele irá sair de lá empregado e ganhando muito bem, ledo engando diga-se de passagem, por causa disso criam-se alunos que só querem sair logo da faculdade para trabalhar e não atentam para o conhecimento que lhe é passado. Eu tinha um professor muito bom que uma vez chegou na sala e perguntou: ''Se eu te desse seu diploma aqui agora, o quê você faria com ele?'' Esta pergunta me quebrou, a maioria das pessoas realmente não tem planos com o que fazer depois que se formarem, jogam todo peso na faculdade a qual não tem essa função de fornecer um emprego para você, e acabam vendo o trajeto entre passar no vestibular -> estudar muito-> se formar como algo que só está atrapalhando o objetivo final que é ganhar dinheiro.
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Mensagem por Carlos Adir Dom 13 Set 2015, 12:49

Engraçado é que dizem que "precisa viver mais", largar um pouco os estudos, mas as mesmas pessoas ficam impressionadas quando tu diz o por quê de um fenômeno fisico/quimico ocorrer e que queria saber tanto quanto você.
Mas falam isso da boca pra fora. Faz um tempo que vi uma frase(acho que foi aqui no fórum), que um estudante é semelhante a um atleta, necessita preparação, dedicação e determinação.
Bem, tem pessoas que reclamam em ir à academia praticar exercícios e querem emagrecer logo, mas pouco fazem pra conseguir isto. Talvez valorizem a "vida mansa(tranquila)" e sem muito esforço em relação a uma vida "magra".
"Sofrer"(pra alguns é sofrimento mesmo) para "emagrecer" é pior que se sentir "magro".

Queria escrever tão bem quanto Dezotti, mas não consigo haha.

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"Mas você não tem vida?" Empty Re: "Mas você não tem vida?"

Mensagem por Diaz Dom 13 Set 2015, 13:17

"Bem-vindo a Manaus onde muitos querem subir, mas têm medo dos degraus" Um ditado aqui da minha cidade, mas cabe em muitas pessoas de várias cidades.
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