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Brasil x Coreia do Sul: dois modelos de industrializaçã

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Mensagem por owen123 Ter 24 Ago 2021, 15:54

Comparando a história e a trajetória de sucesso da empresa Samsung, com a CEE, empresa brasileira do mesmo ramo mas de menor porte, discuta e apresente, em um pequeno texto, as diferenças entre cada uma delas e o porquê do modelo de industrialização do Brasil não conseguir seguir em frente.

owen123
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Mensagem por Pedro Celso Silva Qua 17 Nov 2021, 02:00

A Samsung foi criada em 1947. Ela vendia peixe. A Coréia do Sul, posteriormente teve uma guerra devastadora com a vizinha do norte entre 1950,até 1953. O país era miserável,até os anos 1970. O país era uma ditadura até 1986. O país tem ameaças externas (Rússia,China,Coréia do Norte e até mesmo o Japão,devido aos 35 anos de colônia de devastação,isso porque além de explorar,os japoneses escravizaram os sul coreanos, destruíram monumentos,museus,sua cultura,sua religião,seu idioma,mandaram os homens para a linha de frente na Segunda Guerra) e internas: alagamentos,furacões e outras catástrofes climáticas.
De 1988,a Coréia do Sul decidiu mudar seu futuro. O país asiático começou com metas pequenas: a ideia era atingir 98% da população alfabetizada ano após ano. Usaram a cultura e religião confuncionista,que preza pelo trabalho (são mais de 40 horas de trabalho por semana). Investimento pesadíssimo em educação básica,pesquisa e desenvolviento,ciência e tecnologia.
O país do paralelo 38 aplicou o protecionismo econômico. Empresas que entrassem no país,teriam que pagar uma taxa para se situar,e ficariam mais caras que possíveis empresas nacionais do setor,e assim,as empresas coreanas ganhariam a concorrência. O país pagou para empresas estrangeiras lhes ensinassem a fabricar os produtos.
A Hyundai e a Kia pagaram para a Mitsubishi lhe ensinar a fazer carro em 1992. O país desvalorizou sua moeda para poder aumentar os lucros das suas exportações em produtos industrializados. Era mais caro importar produtos de baixo valor agregado (minério de ferro,aço,cobre,frutas e alimentos) mas,em relação ao dólar suas exportações eram mais baratas (carros da Kia,carros da Hyundai,celulares da Samsung,televisões da LG).
Mais baratos em relação ao dólar lhes faziam ganhar a preferência no exterior. O Samsung Galaxy é mais barato que o Iphone,porque o won (moeda sul coreana) é desvalorizado em relação ao dólar,ou seja,poucos dólares são muitos wons. Ao mesmo tempo,o Iphone que é dólar->dólar, custa mais dólares do que o samsung. Assim como o Nokia (finlandês),Finlândia usa euro e euro vale mais que o dólar,seria muito,muito mais caro que o celular asiático.
Os sul coreanos também investiram na industrialização nacional e no ensino superior nacional. A Hyundai tem a maior fábrica de carros do mundo,fica em Busan,na Coréia do Sul. Essa fábrica tem um porto próprio. O país é tão qualificado que a Samsung produz: celulares,televisões,tablets,computadores, máquinas de lavar,fuzis,blindados carros de combate,carros (Renault Fluence é da Samsung),escavadeiras,tratores e até mesmo foguetes inter espaciais.
E isso ficou tão notável...que,até os anos 70,o Brasil era o líder mundial na área mercante naval e nós fomos ultrapassados justamente por...eles.
Enquanto isso,no Brasil...
O governo não investe na educação básica. Egoísticamente,prefere sucatear a educação pública só para não ter a população esclarecida sobre suas possíveis mazelas,não lhe fazer cobranças e não ser oposição a prováveis besteiras que ele faça. Quando a cabeça não pensa,o corpo padece e é isso que acontece: boa parte da população brasileira não percebe que somos o país que pode alimentar o mundo todo sozinho,com menos de 20% do território em área agricultável e mesmo assim,temos 19 milhões de compatriotas em insegurança alimentar.
O Brasil,em 2012,foi o 54 país de 60 num total,que foram avaliados no Índice Pisa,um indicador que avalia as notas dos alunos em seu idioma nativo e em Matemática. O país também deixa a educação básica pública péssima porque a bancada ruralista do Congresso é muito forte e um país industrializado depende pouco da parte agrícola e a área industrial dá muito mais dinheiro do que a parte agrícola. Pensa só quantos milhões de dólares a Coréia do Sul ganha com 100 toneladas de Samsung Galaxy S20 e quantos milhões de dólares os latifundiários ganham com 100 toneladas de soja. Eles também,egoísticamente,perderiam dinheiro com um esforço industrial brasileiro.
O Brasil não tentou reduzir o analfabetismo. Pelo contrário,ele mudou o critério de considerar quem é alfabetizado. Para ser alfabetizado no Brasil, você tem que ler e escrever o seu próprio nome. Isso é muito fácil. Na França, você precisa escrever uma redação sobre sua vida sem erros graves. Sendo mais criteriosa,você tem maior qualidade.
O Ministério da Educação faz milagres com o orçamento quando o assunto é ensino superior. As nossas faculdades concorrem e rivalizam com universidades estrangeiras mesmo com orçamento muito menor. USP e UFRJ são universidades reconhecidíssimas e respeitadíssimas no Velho Continente (Europa). A UFRJ,em parceria com a Petrobrás criou a perfuradeira de diamante,uma tecnologia 100% brasileira de última geração que permite a prospecção de petróleo em águas muito profundas,algo que nem os Estados Unidos conseguiu e fez o favor de espionar a gente pra descobrir mais sobre.
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/06/dobra-o-numero-de-universidades-brasileiras-entre-as-melhores-do-mundo-mas-nenhuma-entra-no-top-100.shtml
O problema é que essa parceria empresa privada faculdade pública não existe com todas as áreas. A UFRJ tinha uma cientista brasileira genial chamada Suzane Herculano Houzel,que foi a primeira neurocirurgiã que catalogou novas áreas do cérebro,mas infelizmente o pouco investimento fez ela emigrar para os EUA. A UFRJ criou o trem de levitação magnética,algo que só existe no Japão e na China. A USP criou a Butanvac e fez o Brasil entrar no seleto grupo dos países que têm vacina 100% nacionais contra a COVID-19. Mais interessante que ela fez a vacina com ovo.
Não há estímulo para a criação de empresas nacionais. Temos poucas: Embraer,WEG, Troller,Petrobrás e algumas outras. A primeira nem os latifundiários mexem,porque ela foi uma criação da Força Aérea Brasileira. É um sucesso: terceira maior empresa aeronáutica do mundo atrás apenas da Boeing (EUA) e Airbus (Europeia). Tem um avião que é o mais vendido do segmento há 9 anos seguidos. A segunda,foi graças ao altíssimo potencial hidrelétrico do país. A terceira foi o sonho de um empresário cearense em fazer jipes,mas a Ford acabou com ela e a Petrobrás anda mal das pernas.
Não investem em ciência e tecnologia,não investem em pesquisa e desenvolvimento. A Embraer,por mais poderosa e brilhante que ela seja, ela não sabe construir motores de avião 100% nacionais. Ela compra de fora. Ela teve que pedir para a Suécia ensinar a fazê-la. Enquanto o Brasil era assolado pela COVID-19 e infelizes falavam que os pesquisadores brasileiros usavam o dinheiro da ciência para surfar na Indonésia,os cientistas estavam criando uma vacina a partir do ovo e há mais 18 na gaveta.
É difícil para o país criar tecnologia,porque há pouco incentivo. A maior parte da população é vira-lata. Ela acha que o país é um inferno e não incentiva a criação de produtos e tecnologias nacionais. Acha que tudo o que é bom,vem de fora. Enquanto os sul coreanos têm orgulho de comprar produtos seus,os brasileiros parecem ter repulsa a produtos seus. Um exemplo disso é na própria gastronomia: China in Box é uma empresa brasileira,mas teve que escolher este nome justamente para atrair a clientela. Bob´s também Giraffas também. Você acha que as pessoas vão lá para ajudar o país? Poucos,talvez quando querem algo mais completo no almoço.
A carga tributária é enorme. Esses impostos não são repassados: a infraestrutura é incipiente. O Brasil tem a maior usina hidrelétrica do mundo (em produção constante de kilowatts) e ainda assim,quando chove, temos quedas de energia. Enquanto o Japão construiu reservatórios subterrâneos com 600 milhões de litros de capacidade para evitar enchentes, qualquer chuva de verão no país tupiniquim é o bastante para haver uma enchente.também pelo fato de tanto Coréia do Sul e Japão pensarem no coletivo e não jogarem lixo no chão,enquanto no Brasil,muitos pensam apenas no próprio umbigo.
O protecionismo econômico no Brasil é ridículo. As empresas estrangeiras pagam um "arrego" para o Procon,para o governo e eles aplicam um protecionismo econômico. Vou dar um exemplo na área automotiva:o Brasil não tem empresas próprias fortes na área automobilística. Chevrolet é estadunidense,Ford também,Fiat é italiana, Volkswagen é alemã e elas chegaram ao país nos anos 50 e 70. A Fiat construiu a quinta maior fábrica de carros do mundo,em Betim,Minas Gerais, no Quadrilátero Ferrífero.
Desde então até os anos 90,essas empresas fizeram o que quiseram no Brasil. Vendiam carros que se batessem,todos a bordo morreriam. Vendiam carros que o retrovisor era opcional,vendiam carros com 24 anos de idade. Os carros eram caros,mal equipados,mal acabados, gastavam muito combustível,não tinham desempenho,não tinham conforto e não eram seguros. Como o brasileiro não é esclarecido,aceitavam. 
Foi só o presidente falar que os carros eram carroças e abrir o mercado que a concorrência fez eles melhorarem um pouco. Mas nenhuma empresa é brasileira. As montadoras que chegaram eram mais caras porque tinham que pagar tarifas alfandegárias impostas por um protecionismo... de montadoras que nem brasileiras eram.
E o país está numa situação de refém. A montadora cobra 94 mil reais num carro 2021 que custava 35 mil em 2008,sem alterações,um desastre,como disse acima. Se o brasileiro não compra,ela alega crise e vai embora,ela não abaixa o preço nunca e se o brasileiro compra,ela aumenta o preço. Se o brasileiro reclamar,é capaz dela sair do Brasil, dela deixar milhares de desempregados e ainda cobrar dívida do dinheiro investido no Brasil,além do Brasil ficar sem carro pelo fato dele não dominar essa tecnologia,ele não saber fabricar e ainda comprar de montadoras estrangeiras.
Se pelo menos fosse protecionismo de empresas nacionais,ganharíamos dinheiro e teríamos empregos. São poucos institutos de tecnologia,são poucas as pessoas qualificadas. E o problema é: essas pessoas qualificadas estão sem emprego,justamente pelo fato do país estar se desindustrializando. O engenheiro é motorista de Uber,porque o país,além de ter empobrecido, ele prefere comprar os produtos com tecnologia de fora,ao invés de produzir aqui.

Pedro Celso Silva
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