Dissertação - PUC-SP 2011

por PedroCunha Dom 11 maio 2014, 00:12

Olá, amigos.

Fiz uma dissertação sobre o seguinte tema:

Proposta:
Com base nas informações obtidas nos dois textos acima, elabore um texto dissertativo-argumentativo que relacione homem e natureza, propondo uma intervenção – social, política ou econômica - para uma sociedade que vive um paradoxo: pressionada de um lado pelo consumo e pelo outro, pela necessidade de estar em harmonia com a natureza, em benefício da qualidade de vida. Dê um título ao seu texto.

e gostaria que vocês a corrigissem.

Segue a dissertação:

Homem e natureza: uma relação de dependência

Desde a pré-história, o homem tem uma relação intrínseca com a natureza. Uma relação vital. Sem a natureza, não existe vida – e consequentemente, não existe o homem. No entanto, com o passar do tempo, os seres humanos estão se esquecendo disso e estão usando a natureza apenas como meio de lucrar. Se isso não for mudado, a humanidade sofrerá grandes consequências.

Na sociedade atual, as florestas são destruídas, o ar e os rios poluídos, os animais caçados; tudo em nome do dinheiro e do desenvolvimento. Isso tem que mudar. É claro que é importante o desenvolvimento econômico, a criação de produtos, dentre outros. Porém, é ainda mais importante que a natureza não seja destruída. É necessária uma relação harmoniosa. A chave para um futuro melhor é o desenvolvimento sustentável.

O mesmo número de árvores que forem derrubadas deverão ser replantadas. Deve-se ter parcimônia na caça de animais, para que a fauna não seja afetada permanentemente. Várias espécies estão à beira da extinção devido à caça, como por exemplo o mico-leão-dourado e a baleia azul. Não só a caça, mas também a poluição dos rios e do ar também afetam a natureza de uma forma geral. Ecossistemas inteiros sofrem com as queimadas, desmatamentos, etc. . Os combustíveis fósseis devem ter seu uso regulado e devem ser gradualmente substituídos por fontes de energia sustentáveis e limpas, como a energia solar ou eólica.

Os governos devem voltar as suas atenções para a qualidade de vida, em vez de se preocuparem apenas com o dinheiro. São necessários investimentos para a recuperação de ecossistemas danificados, para a criação de áreas verdes, para as pesquisas relacionadas às novas formas de obtenção de energia de maneira limpa e sustentável.

É necessário uma mudança de conceitos no planeta todo. As pessoas devem perceber que a prioridade é manter a natureza viva. Para que isso ocorra, é preciso a criação de programas governamentais de incentivo ao desenvolvimento sustentável, de leis que protejam os animais e as florestas. Também deve-se tomar cuidado com a poluição gerada pelas fábricas. Medidas preventivas devem ser tomadas, como por exemplo a instalação de filtros nas chaminés das empresas. E também é de suma importância que os jovens sejam ensinados a respeitar a natureza e que entendam que na verdade, é o ser humano que depende da natureza, e não o contrário.

Agradeço a ajuda.

Abraços,
Pedro

por 88sude Dom 11 maio 2014, 10:04

''Na sociedade atual, as florestas são destruídas, o ar e os rios poluídos, os animais caçados''
os animais sempre foram caçados

"Os governos devem voltar as suas atenções para a qualidade de vida, em vez de se preocuparem apenas com o dinheiro"
O governo não tem culpa, pois a maior parte da poluição gerada vem do capital privado, empresas que despejam resíduos em rios, queimadas realizadas para adubar o solo... Você poderia falar que o governo não consegue supervisionar tais atos, mas não culpar este.

''de leis que protejam os animais e as florestas''.
Já existem, e só uma curiosidade, as leis ambientais do Brasil são umas das mais rígidas do mundo (apenas não são postas na prática Neutral

)

Em geral o texto ficou bom, falta de coerência externa ,que foi pouca, é bem imperceptível, tem que estar atento para captá-los.
Nota: 900 Cool

por PedroCunha Dom 11 maio 2014, 11:03

Obrigado, 88sude. De maneira geral, devo voltar esses críticas para a população e não para o governo?

por 88sude Dom 11 maio 2014, 12:46

diria que sim.

por MatheusMagnvs Dom 11 maio 2014, 17:28

Pedro, como seu foco é a USP, avaliarei sob os critérios da FUVEST e, portanto, com mais rigor do que se fosse uma correção do ENEM.

"Na sociedade atual, as florestas são destruídas, o ar e os rios poluídos, os animais caçados;"
Neste trecho, há duas imprecisões:
como 88sude salientou, há uma incoerência, mas é maior do que a citada por ele. Florestas sempre foram destruídas - igrejas monumentais medievais não eram sempre construídas em terrenos já previamente vagos - e os rios já eram previamente poluídos. O Rio Gangues, por exemplo, é historicamente poluído, e não é necessária uma Revolução Industrial para que ele estivesse assim.
O correto seria "Na sociedade atual, maximizou-se a destruição, a poluição e a caça" ou algo que o valha;
falhas gramaticais, imprecisão nas vírgulas. "Na sociedade atual, as florestas são destruídas; o ar e os rios, poluídos; os animais, caçados" O emprego das vírgulas é necessário pelo fato de estar se omitindo o verbo 'ser' utilizado quando se referiu a destruição das florestas.

“Se isso não for mudado, a humanidade sofrerá grandes consequências.”

O sr. introduziu isso no texto, portanto desenvolva. Não foram citadas quais consequências diretas isso acarreta para nós. É importante preservarmos a natureza... Por quê? Por qual razão somos dependentes da natureza? Se o sr. iniciou isso, dedique ao menos uma frase sobre o assunto. Não há motivo para nos preocuparmos se não houver grandes consequências, mas não deixe isso implícito para o corretor. É sua obrigação citá-las, caso introduza esse tema na redação. Entretanto, também não o recomendaria que o fizesse no primeiro parágrafo, pois isso diminuiria o poder da construção e gradação textual; isto é, seria um trecho do desenvolvimento que estaria na introdução e, por esse motivo, seria uma falha na construção do texto.

“Para que isso ocorra, é preciso a criação de programas governamentais de incentivo ao desenvolvimento sustentável, de leis que protejam os animais e as florestas”

Já existem esses programas e já existem essas leis. O que o sr. pode dizer, se quiser manter isso, é algo como: “Faz-se necessária a implementação de programas governamentais de incentivo ao desenvolvimento sustentável, bem como leis que efetivamente protejam o meio ambiente”.

"Os governos devem voltar as suas atenções para a qualidade de vida, em vez de se preocuparem apenas com o dinheiro."

O colega 88sude não está de todo errado, mas também está incorreto. O governo não supervisiona os atos das indústrias privadas justamente por que ele lucra ao não fazê-lo (se preocupa apenas com o dinheiro, nas palavras de Pedro), seja por recebimentos ilícitos, seja por influência econômica e política. A indústria em si tem um lobby muito mais forte do que é possível ao governo suportar por si só e, portanto é, também, culpa do governo e de seus representantes diretos. O governo depende da indústria muito mais do que o inverso.

Mais uma vez, discordo da posição de 88sude. Não é a prova do ENEM, é a FUVEST, ou, no caso da própria redação, da PUC. Não há nenhuma perda em criticar o governo, na presente reitoria da USP. Aliás, eu diria que é o contrário: a presente correção da FUVEST tem uma grande apreciação por críticas governamentais, vide a famosa redação subliminar da FUVEST, que continha críticas diretas ao governo, e que ganhou nota máxima. Portanto, não induza ao erro da generalização; cada prova é uma prova, cada corretor é um corretor. Aconselho que estude as posições políticas da reitoria presente da faculdade que prestará, no caso, a FUVEST. Se o próximo governo for de outra posição política, entretanto, já não é mais certeza absoluta de que se manterá nesses moldes, dado que o governador escolhe o reitor e isso muda grande parte da estrutura da universidade. São Paulo está desde 1995 com uma tendência política semelhante; logo, os reitores da USP também seguem esta linha. Caso a linha política estadual se altere, não é possível afirmar que a reitoria mantenha a mesma linha política.

Em suma: não há problema algum em criticar o governo na FUVEST, é inclusive aconselhável, caso seja uma crítica fundamentada em argumentos sólidos e de maneira ponderada. Aliás, como a redação da FUVEST é corrigida mais rigorosamente do que a maioria dos vestibulares, acho provável que o corretor se atente a esse fato: “se a população está sendo culpada de ter atos inconscientes para com o meio ambiente, quem é o culpado de proliferar esta inconsciência? O governo, pois este não educa a população e não coíbe as indústrias de atos prejudiciais. Logo, a culpa, no caso brasileiro, é do governo”. Portanto, sua crítica ao governo não está mal formulada. Mantenha.

A construção do texto está boa, peca em apenas alguns detalhes e construções. Há alguns erros gramaticais, mas nada absurdamente grave.

Nota: 40 (88sude deu uma nota no padrão ENEM; a nota da redação da FUVEST é, no máximo, 50, sendo os outros 50 pontos oriundos das 10 questões de português).

Espero ter ajudado. Very Happy