Redação ENEM

Tema:  A questão da pedofilia no Brasil




 O filme "Preciosa" narra a história de Claireece Preciosa, uma jovem que foi violentada em sua infância, principalmente pelos familiares, e sofre com vários estigmas dessas agressões em sua vida adulta. Análogo à longa-metragem, hoje, no Brasil, muitas crianças passam por casos de pedofilia diariamente, o que causa graves danos à sua integridade física e moral. Nesse sentido, cabe a análise das principais causas desse imbróglio, que vão desde a falta de educação sexual nas escolas, até a visão social distorcida que se tem dos agressores, cenário que urge intervenções estatais.
 Convém ressaltar, a princípio, que a não implementação de ensino sexual nas escolas em tenra idade é fator relevante para tal impasse. Sob tal ótica, segundo o filósofo contratualista inglês John Locke, a mente do ser humano é uma "tábula rasa", que é preenchida com conhecimento e capacidade de discernir desde a infância. Dessa forma, a não existência de aulas que ensinem as crianças a diferenciarem abusos físicos, ou contato nas partes íntimas, de brincadeiras saudáveis, colabora para a subnotificação de casos de estupro, pois o infante não saberá com totalidade o que são esses atos violentos. Com isso, é imprescindível que o governo tome providências para que a educação sexual nas escolas seja algo comum, a fim de minimizar os casos de pedofilia e suas máculas.
  Ademais, outro paradigma crucial para a persistência desse ato brutal, que é o abuso de menores, é a deformação da imagem dos agressores. Nessa perspectiva, muitas pessoas atribuem a aparência do pedófilo como sendo "monstros" ou pessoas incomuns. Isso, na realidade, não pode ser feito, haja vista que a maioria dos abusadores são pessoas da própria família da vítima- de acordo com dados do Disque 100, que relata a incidência de pedofilia no núcleo familiar cerca de 70% dos casos. Dessa maneira, a identificação desses violentadores se torna mais difícil, pois os pais ficarão com a falsa sensação de segurança e se descuidarão em ambientes supostamente seguros. Assim, fica evidente que a atribuição de imagens deturpadas aos agressores impede a devida prevenção das violências sexuais, como também dificulta a identificação dessas pessoas.
  Portanto, cabe ao Ministério da Educação criar uma nova grade curricular, por meio de professores e psicólogos especializados em didática escolar, que implemente aulas de educação sexual nos ensinos fundamentais 1 e 2, e no médio, a fim de proporcionar uma aprendizagem sobre os limites do corpo e diminuir a subnotificação de casos de abuso. Além disso, o mesmo órgão deve criar uma campanha virtual, por intermédio de postagens nas principais redes sociais, como Facebook e Instagram, que desfaçam a imagem distorcida dos abusadores e alertem para os perigos existentes dentro do ambiente familiar, com o fito de identificar os pedófilos mais facilmente e puni-los com eficácia. Quiçá, assim, os eventos ocorridos em “Preciosa” restringir-se-ão ao filme.




Boa noite!!


Gostaria da opinião dos (as) senhores (as) acerca da minha redação. Agradeço desde já pelos comentários!

Muito bom!!! Obrigado, Arthur, pelas valiosas dicas e observações. Espero um dia escrever tão bem assim. Tmjj 

Arthur, uma dúvida:

O dado que mencionei no D1 não precisa ser colocado? Vi que você não o colocou em seu parágrafo reescrito.

O período ficaria muito grande, e não é de fato necessário. Seria mais pertinente, a meu ver, colocar:
Nessa perspectiva, muitas pessoas, segundo a cientista social Sávia Barreto, ao atribuírem ao pedófilo o caráter de "monstro", desumanizam-o e sugestionam, por conseguinte, tratar-se de um criminoso fictício e, portanto, não pertencente à realidade, o que é incoerente, haja vista que a maioria dos abusadores são pessoas próximas à vítima, como os familiares.

Muito boa essa alusão à Sávia. Não a conheço muito bem, mas vou pesquisar pra saber mais sobre. Obrigado!

Só um adendo, Ceruko: dados estatísticos são bons para dar veracidade ao que você diz. Suponhamos, porém, uma situação: você decora que 70% dos casos de pedofilia ocorrem no núcleo familiar. Daí, no dia do ENEM, a própria prova lança esse dado - o que é bem comum. E aí? E aí que, ao você usar o dado, você estará se prendendo ao texto motivador, o que aumenta as chances de você perder ponto por falta de autoria. Por isso não gosto de estatística, pois, como disse, os próprios textos motivadores já a usam e, pior, muita gente a inventa. Então, para se destacar da manada, melhor usar sempre algum pensador, assim não tem erro.

Veja que, no último ENEM, de 10 redações nota 1000, apenas 2 usaram estatística:
https://g1.globo.com/educacao/enem/2020/noticia/2020/06/03/enem-leia-10-redacoes-nota-mil-em-2019-e-veja-dicas-de-candidatos-para-fazer-um-bom-texto.ghtml

Só mais uma correção (o próprio corretor corrige isso, mas deixei passar, kk)
ao atribuírem ao pedófilo o caráter de "monstro", desumanizam-no.

Realmente, até porque guardar dados é bem difícil também kkkkkkkk. Vou optar mais por alusões de autoridade agora.

Nem tinha percebido o erro hahaahah Muito comum errar isso, pelo menos pra mim.  Igual o acento no "puni-lo", quase coloquei-o kkkkk