O discurso da sexualidade em Foucault
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O discurso da sexualidade em Foucault
Qual as causas e consequências da disciplinação do comportamento sexual na sociedade?
Apresenta o pensamento de Foucault sobre a construção da verdade e do discurso da sexualidade. Para reflexão e discussão.
Os estudos de Foucault focam em alguns momentos estritamente no desvendamento do discurso do sexo, observa, assim, como a microfísica do poder atua nessa esfera social. Diante disso, a colunista Beatriz Bagagli pondera sobre o pensamento do filósofo: "o próprio fato de falar sobre sexo concederia deliberadamente um certo estatuto de subversão às normas por parte de quem enuncia, como se o sujeito que falasse sobre sexo pudesse se colocar para fora do poder. É como se ao falar sobre a opressão sexual, se conjurasse automaticamente um discurso sobre a libertação sexual. [...] Sexo se torna uma questão de Estado."
Descobrimos que a discussão sobre sexo tem importância no que tange a iniciação a vida sexual de qualquer adolescente. Inapropriadamente, as escolas pouco podem avançar no tema, visto que a moral familiar constantemente crítica o aprofundamento da discussão, ou seja, a influência que essa tem sobre o assunto não permite outros segmentos da sociedade colocar o tema em voga e superar alguns preconceitos, assim como orientar. De tal forma que, a escola limita-se a quase censura da prática do ato, com seu discurso protelatório sobre as doenças sexualmente transmissíveis, e a família que tem autoridade para tratar do assunto fica alentada e na observância do preceito “não falamos sobre isso, mas você concorda comigo”, pouco faz ou muitas vezes tem atitudes delimitativas que só contribuem para o agravamento da problemática.
*A partir das leituras iniciais que fiz elenquei alguns tópicos que ainda acho interessante tratar: a disciplinarização do corpo pelo trabalho; a glamorização do corpo pela indústria; a redução de transformações corporais a problemas médico-psiquiátricos
Apresenta o pensamento de Foucault sobre a construção da verdade e do discurso da sexualidade. Para reflexão e discussão.
Os estudos de Foucault focam em alguns momentos estritamente no desvendamento do discurso do sexo, observa, assim, como a microfísica do poder atua nessa esfera social. Diante disso, a colunista Beatriz Bagagli pondera sobre o pensamento do filósofo: "o próprio fato de falar sobre sexo concederia deliberadamente um certo estatuto de subversão às normas por parte de quem enuncia, como se o sujeito que falasse sobre sexo pudesse se colocar para fora do poder. É como se ao falar sobre a opressão sexual, se conjurasse automaticamente um discurso sobre a libertação sexual. [...] Sexo se torna uma questão de Estado."
Descobrimos que a discussão sobre sexo tem importância no que tange a iniciação a vida sexual de qualquer adolescente. Inapropriadamente, as escolas pouco podem avançar no tema, visto que a moral familiar constantemente crítica o aprofundamento da discussão, ou seja, a influência que essa tem sobre o assunto não permite outros segmentos da sociedade colocar o tema em voga e superar alguns preconceitos, assim como orientar. De tal forma que, a escola limita-se a quase censura da prática do ato, com seu discurso protelatório sobre as doenças sexualmente transmissíveis, e a família que tem autoridade para tratar do assunto fica alentada e na observância do preceito “não falamos sobre isso, mas você concorda comigo”, pouco faz ou muitas vezes tem atitudes delimitativas que só contribuem para o agravamento da problemática.
*A partir das leituras iniciais que fiz elenquei alguns tópicos que ainda acho interessante tratar: a disciplinarização do corpo pelo trabalho; a glamorização do corpo pela indústria; a redução de transformações corporais a problemas médico-psiquiátricos
Fontes
Os Amantes - René Magritte
http://tempossafados.blogspot.com/2014/07/resumo-completo-de-vigiar-e-punir-parte_22.html
http://colunastortas.com.br/2015/05/25/sexualidade-e-verdade-em-foucault/
Antologia de Textos Filosóficos - SEED/PR (2009)
Os Amantes - René Magritte
http://tempossafados.blogspot.com/2014/07/resumo-completo-de-vigiar-e-punir-parte_22.html
http://colunastortas.com.br/2015/05/25/sexualidade-e-verdade-em-foucault/
Antologia de Textos Filosóficos - SEED/PR (2009)
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*Se sua dúvida foi solucionada, marque o tópico como resolvido e agradeça quem ajudou.
*Não crie novo tópico para questão existente, comente junto dessa. (V)
*O enunciado da questão deve ser digitado. Também não são permitidos links externos para o enunciado e/ou para a resolução. (IX e X)
"A liberdade, se é que significa alguma coisa, significa o nosso direito de dizer às pessoas o que não querem ouvir."
Discussões no PiR2: Sexualidade - Foucault // Vias filosóficas
Diego A- Monitor
- Mensagens : 1398
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Idade : 28
Localização : Cascavel - PR
birdland gosta desta mensagem
Re: O discurso da sexualidade em Foucault
Meu caro amigo, sempre fico muito empolgado com seus tópicos.
Essa é simples de resolver, sem textões cansativos, já vou te dar a dica para você mesmo pesquisar os assuntos...
Quase todas (ou todas?) as culturas ocidentais pré-cristãs e pré-islâmicas e, portanto, pagãs, não lidavam com a problemático do sexo justamente porque o sexo não era um problema para elas! Ou seja, o sexo, em culturas tais como a grega,a romana, céltica (povos primitivos nativos das ilhas britânicas), bárbaros (povos do norte europeu em geral), etc., era vivido com liberdade e, logo, por não estar associado a nenhuma norma de conduta, o ato sexual não provocava sentimentos de medo ou culpa nos seus praticantes.
O início da represssão sexual se deu com a adesão do Império Romano ao cristianismo, posteriormente o levando ao estatuto de religião oficial do império e, ainda adiante, reprimindo todas as manifestações religiosas não-cristãs praticadas nos territórios sob o domínio do império. Com isto não veio somente a repressão sexual, mas também a caça às bruxas, a censura à literatura "perigosa" (Santa Inquisição), torturas, etc... Não que Cristo tenha pregado estas coisas, porém, infelizmente, seus seguidores o interpretaram de modo bem "diverso", ou, como Nietzsche costumava dizer: "O único cristão morreu na cruz...".
Aqui vai algumas referências ao antigo testamento que serviram de justificação ideológica para a normatização da sexualidade humana nas sociedades cristãs:
Livro de Mateus, capítulo 5, versículos 27-32:
Ouvistes o que foi dito: Não adulterarás.
Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela.
Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno.
E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno.
Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a torna-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.
Nesta passagem do Livro de Mateus temos uma justificação ideológica para toda uma repressão terrível da sexualidade humana, além de justificação para se dificultar a todo o custo o divórcio, o que trouxe consequências terríveis, dado que a maioria dos casametos ocorrem em circunstâncias bem adversas, como interesse financeiro ou pressões familiares.
Já nas cartas de Paulo aos residentes da cidade de Corinto, na grécia, temos uma justificativa da proibição do sexo antes do casamento:
Cp.7; versículos 8-9:
E os solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que eu também vivo.
Caso, porém, não se dominem, que se casem, porque é melhor casar do que viver abrasado.
Bom, essas são algumas das passagens que justificaram e justificam até hoje a repressão da sexualidade nas sociedades ocidentais cristãs, como o Brasil.
Está certo ou errado? Bom, depende da sua perspectiva. Em minha mais humilde opinião, uma das coisas mais terríveis e assombrosas que já ocorreu na história da humanidade foram essas passagens, que Freud tanto estudou e atribuiu a elas (não apenas a elas) o mal estar da civilização. Mas graças a Deus que as pessoas estão hoje acordando e abandonando estas formas de cristandade doentias e opressoras...
Se quiser saber das consequências leia ao menos este livro: Freud- "O Mal Estar na Civilização".
Essa é simples de resolver, sem textões cansativos, já vou te dar a dica para você mesmo pesquisar os assuntos...
Quase todas (ou todas?) as culturas ocidentais pré-cristãs e pré-islâmicas e, portanto, pagãs, não lidavam com a problemático do sexo justamente porque o sexo não era um problema para elas! Ou seja, o sexo, em culturas tais como a grega,a romana, céltica (povos primitivos nativos das ilhas britânicas), bárbaros (povos do norte europeu em geral), etc., era vivido com liberdade e, logo, por não estar associado a nenhuma norma de conduta, o ato sexual não provocava sentimentos de medo ou culpa nos seus praticantes.
O início da represssão sexual se deu com a adesão do Império Romano ao cristianismo, posteriormente o levando ao estatuto de religião oficial do império e, ainda adiante, reprimindo todas as manifestações religiosas não-cristãs praticadas nos territórios sob o domínio do império. Com isto não veio somente a repressão sexual, mas também a caça às bruxas, a censura à literatura "perigosa" (Santa Inquisição), torturas, etc... Não que Cristo tenha pregado estas coisas, porém, infelizmente, seus seguidores o interpretaram de modo bem "diverso", ou, como Nietzsche costumava dizer: "O único cristão morreu na cruz...".
Aqui vai algumas referências ao antigo testamento que serviram de justificação ideológica para a normatização da sexualidade humana nas sociedades cristãs:
Livro de Mateus, capítulo 5, versículos 27-32:
Ouvistes o que foi dito: Não adulterarás.
Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela.
Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno.
E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno.
Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a torna-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.
Nesta passagem do Livro de Mateus temos uma justificação ideológica para toda uma repressão terrível da sexualidade humana, além de justificação para se dificultar a todo o custo o divórcio, o que trouxe consequências terríveis, dado que a maioria dos casametos ocorrem em circunstâncias bem adversas, como interesse financeiro ou pressões familiares.
Já nas cartas de Paulo aos residentes da cidade de Corinto, na grécia, temos uma justificativa da proibição do sexo antes do casamento:
Cp.7; versículos 8-9:
E os solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que eu também vivo.
Caso, porém, não se dominem, que se casem, porque é melhor casar do que viver abrasado.
Bom, essas são algumas das passagens que justificaram e justificam até hoje a repressão da sexualidade nas sociedades ocidentais cristãs, como o Brasil.
Está certo ou errado? Bom, depende da sua perspectiva. Em minha mais humilde opinião, uma das coisas mais terríveis e assombrosas que já ocorreu na história da humanidade foram essas passagens, que Freud tanto estudou e atribuiu a elas (não apenas a elas) o mal estar da civilização. Mas graças a Deus que as pessoas estão hoje acordando e abandonando estas formas de cristandade doentias e opressoras...
Se quiser saber das consequências leia ao menos este livro: Freud- "O Mal Estar na Civilização".
EricFerro- Recebeu o sabre de luz
- Mensagens : 152
Data de inscrição : 09/09/2017
Idade : 29
Localização : Goiânia
birdland gosta desta mensagem
Re: O discurso da sexualidade em Foucault
Nossa irmão, é com igual prazer que recebo seus comentários!
Comecei a ler o texto que você citou do Freud e com ele alguns anexos que estão me ajudando a compreendê-lo, logo trago alguns comentários sobre.
Quero antes expor uma certa conexão com o texto "O que é Esclarecimento?" de Immanuel Kant. Neste, o autor pondera que a menoridade é a incapacidade do indivíduo de se servir da sua coragem e entendimento. Conseguinte, ele assevera que a tutoria seria responsável por criar um sentimento de medo diante da experiência que intimida contra toda nova tentativa. Isso, simplificadamente pode expressar uma facilidade dos indivíduos em tornar pequenas probabilidades de erro em abismos absurdos.
Quando em se tratando da expressão do corpo ou dos sentimentos observamos uma conjuntura parecida. No texto O Tabu da Virgindade de Freud, ele fala na transformação do ato de rompimento do hímen em algo praticamente sagrado - é claro, ele não é tão direto assim - mas sua ideia de que em povos primitivos o marido não seria o responsável por essa "façanha", sendo outras vezes o pai, uma mulher mais velha, ou um sacerdote, mostra-nos como diante da probabilidade de "se contaminar" com o sangue, isto é, diante daquele "perigo", cuja probabilidade de danos é baixa, o ser humano tece uma atmosfera sinistra.
Comecei a ler o texto que você citou do Freud e com ele alguns anexos que estão me ajudando a compreendê-lo, logo trago alguns comentários sobre.
Quero antes expor uma certa conexão com o texto "O que é Esclarecimento?" de Immanuel Kant. Neste, o autor pondera que a menoridade é a incapacidade do indivíduo de se servir da sua coragem e entendimento. Conseguinte, ele assevera que a tutoria seria responsável por criar um sentimento de medo diante da experiência que intimida contra toda nova tentativa. Isso, simplificadamente pode expressar uma facilidade dos indivíduos em tornar pequenas probabilidades de erro em abismos absurdos.
Quando em se tratando da expressão do corpo ou dos sentimentos observamos uma conjuntura parecida. No texto O Tabu da Virgindade de Freud, ele fala na transformação do ato de rompimento do hímen em algo praticamente sagrado - é claro, ele não é tão direto assim - mas sua ideia de que em povos primitivos o marido não seria o responsável por essa "façanha", sendo outras vezes o pai, uma mulher mais velha, ou um sacerdote, mostra-nos como diante da probabilidade de "se contaminar" com o sangue, isto é, diante daquele "perigo", cuja probabilidade de danos é baixa, o ser humano tece uma atmosfera sinistra.
Fontes
http://ajovemhomossexualdefreud.blogspot.com/2008/04/o-tabu-da-virgindade.html
Antologia de Textos Filosóficos - SEED (2009)
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*Se sua dúvida foi solucionada, marque o tópico como resolvido e agradeça quem ajudou.
*Não crie novo tópico para questão existente, comente junto dessa. (V)
*O enunciado da questão deve ser digitado. Também não são permitidos links externos para o enunciado e/ou para a resolução. (IX e X)
"A liberdade, se é que significa alguma coisa, significa o nosso direito de dizer às pessoas o que não querem ouvir."
Discussões no PiR2: Sexualidade - Foucault // Vias filosóficas
Diego A- Monitor
- Mensagens : 1398
Data de inscrição : 20/04/2016
Idade : 28
Localização : Cascavel - PR
birdland gosta desta mensagem
Re: O discurso da sexualidade em Foucault
Bela discussão! Microfísica do poder, de Foucault, é fascinante.
MalcolnMed- Mestre Jedi
- Mensagens : 705
Data de inscrição : 03/04/2017
Idade : 26
Localização : São Paulo
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