Dúvidas em relação ao embasamento.

Comece estudando pelo básico, como você sugeriu.

Minha recomendação pessoal é que você tenha um bom domínio de matemática elementar (equações/inequações, gráficos, funções básicas, noções de geometria) antes de se envolver com Física, por mais que você prefira Física ou tenha facilidade. Mesmo que, talvez, você não goste tanto, a matemática é a rainha das ciências, e dominá-la é um diferencial enorme em qualquer área do conhecimento; se você for médico, advogado, engenheiro, biólogo ou sociólogo, saber dela é um diferencial gigantesco. Francamente, não caia nessa conversa de que é inútil para um historiador saber matemática, ou inútil a um engenheiro saber história etc.; frases bem comuns entre os vestibulandos.
Só um exemplo: não sei se você conhece a "clássica" questão dos Três Turistas, que sempre dá um bom trabalho para os novatos e o professor Renato Brito dá uma solução bem interessante (mas longa) resolução dela. Um colega meu, medalhista da OBM, resolveu ela em poucos passos usando transformações geométricas (reflexão, translação etc), e como eu não entendia direito matemática (pelo menos bem menos do que agora), não pude apreciar essa técnica na época. Assim como você vai poder resolver muitas questões com mais facilidade se usar gráficos, estatísticas e modelos matemáticos não convencionais, tanto em física quanto em química.

É minha dica mais importante. Se não quiser segui-la, tudo bem também.

Fora isso, o Iezzi, o Feltre e o Física Clássica são muito bons para começar. Eu prefiro o Aref ao Iezzi, mas o Iezzi realmente permite uma base boa; só tome cuidado por que alguns assuntos, como radicais duplos se não me engano, não estão presentes na coleção. Ouvi dizer que as edições do Feltre de 2001 são melhores do que as mais recentes, mas como não conheço essas mais antigas, não posso confirmar. Adoro o Física Clássica; acho ele bem mais interessante do que o Tópicos de Física. Eu consegui acompanhar o Atkins ao mesmo tempo em que fazia embasamento em Química, então eu poderia aconselhar você a tentar também; mas tem gente que não consegue e prefere embasar completamente (estudar todo o Feltre, por exemplo) e só depois ir para o Atkins. Isso sim é algo que só você poderá descobrir.

Espero ter ajudado em algo.

JoaoLeal96 escreveu:faz o q o matheus escreveu uma dica se eu tivesse com 15 anos e com essa mentalidade eu estudaria para entrar em harvard ou MIT estudando para isso vc entra no ITA com certeza

Concordo. O único "problema"(que eu vejo como uma grande vantagem) é que essas universidades cobram algo muito além dos vestibulares brasileiros; algo que prova nenhuma pode atestar, mas que, mesmo assim, garantem uma seleção muito mais justa e verdadeira. Passar no ITA ou no IIT não garante uma vaga no MIT; mas o inverso é quase certamente verdade.

Imagino que você se refira a Ivan Antunes. Ninguém sabe se ele se dedicou mesmo à prova do ITA, já que o foco dele sempre foi a application (minha namorada teve aulas na Astronomia com ele e ele sempre só falava nas faculdades americanas), mas o fato de ele ser medalhista na IPhO, na OBM e na OBQ já são por si suficientes para compreender que ele tem sim capacidade para ingressar no ITA. Não sabemos o número de inscrição dele no ITA sequer para saber se ele fez todos os dias de prova ou se ele realmente fez a prova com seriedade ou se foi só uma "obrigação social" (como foi meu caso com a FUVEST) ou se ele se importou com a prova de português (ele poderia ter gabaritado todas as outras provas, inclusive inglês, e não a de português; para alguém que, como ele, intenta desde muito cedo ir para o exterior, dominar a complexidade da língua portuguesa é tão útil quanto para um belga que não pretende vir ao um país lusófono e, ainda assim, ele tem todas as aptidões necessárias para ingressar e cursar o ITA; na verdade, acho que ficou tácito que eu não me incluiria a prova de português quando disse o comentário, já que a maioria dos candidatos ao MIT não deve saber a língua). O outro, Gustavo Haddad, foi admitido no ITA, mas eles são pessoas bem diferentes em todos os sentidos, dizem aqueles que os conhecem mais pessoalmente.

O outro, medalhista no IJSO, desconheço. Especifique, já que citou.

Não disse em momento algum que, academicamente, um aluno do ITA não tem capacidade para aguentar o currículo do MIT. Disse apenas que, sendo processos bem diferentes, um aluno do ITA não necessariamente passaria no MIT, enquanto o oposto (se for um candidato a ciências exatas e, como dito, excetuando-se a prova de português, para a qual a maioria dos candidatos sequer saberiam ler) teria grandes chances de ingressar no ITA se fizesse a prova seriamente, já que boa parte são medalhistas internacionais (processos bem mais difíceis do que o ITA). Talvez eles não passassem, obviamente, por português, já que um belga, por exemplo, talvez não veja tanta utilidade, ou uma pessoa que deseja viver no exterior também não vê (como já ressaltado no caso do Ivan); se milhões de brasileiros não veem, quem dirá um estrangeiro ou alguém que não pretende viver aqui.

Além disso, são duas filosofias estudantis bem diferentes. O ITA prevê uma vida acadêmica rigorosa, enquanto o MIT prevê uma conciliação entre uma vida acadêmica e uma vida extracurricular. Talvez isso seja algo que possa mudar para melhor durante as atuais reformas do ITA.

Não acho que o ITA tenha deixado de ser uma "instituição modelo"; acredito que ele tenha mantido seu mérito, mas acho que faltou um pouco de inovação e diversificação para elevar este ainda mais.

O reitor está no posto desde 2011. Não se reestrutura uma faculdade como o ITA em apenas três anos, há inúmeras considerações econômicas, políticas e pedagógicas que interferem; e, com uma intensa burocracia, as reformas se tornam ainda mais lentas.
Mas acredito que o reitor esteja desempenhando sua função com excelência. O atual reitor foi o responsável por aproximar ainda mais o ITA e o MIT (que, como muitos devem saber, tem laços históricos); foi responsável por iniciar as reformas de maneira benéfica para a instituição e para os alunos; está sendo um dos responsáveis por tornar o ITA, que já é ótimo, em algo ainda melhor.

A eficiência do MIT consiste em conseguir alunos esforçados, simultaneamente, nas áreas acadêmicas (tanto a application quanto o vestibular podem, de certa forma e dependendo do nível do vestibular, filtrar isso) e sociais, junto uma grande criatividade e proatividade (e isso o vestibular não consegue filtrar de forma alguma, enquanto a application sim).  [Além disso, acredito que o modelo do vestibular seja um grande fator da falta de estímulo ao estudo no país. É possível passar numa excelente instituição como ITA sem ter estudado nada até terminar o ensino médio, fazendo cursinho, se esforçando de última hora etc., o que faz com muitos (e devo dizer que seja a grande maioria dos alunos que conheço) não se importem com a escola e o estudo prematuramente (o que vemos que não é o caso do colega que abriu o tópico); por outro lado, não se entra em Harvard sem um esforço acadêmico e extracurricular muito forte desde cedo (ou seja, eles avaliam a personalidade da pessoa como um todo, e não apenas uma parte dela, o que é um grande diferencial).]
Mas esperemos que o ITA consiga renovar seus moldes com eficiência; e, assim, deixará de ser a instituição excelente que é para ser uma instituição excelentíssima.