A matemática e a realidade
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A matemática e a realidade
Por que todo número elevado a 0 é igual a 1?*
Tirando as respostas que dizem ser uma convenção.
Isso, na realidade, não seria paradoxal?
Podemos supor uma reta sem atrito/perfeita e usar números irracionais nos cálculos. Mas, por não ser aplicável a realidade(não tem como imaginar 1g de chocolate dividido por 3 e dando 0,33... g nos pedaços), devemos fazer ajustes.
Isso, por si, não demonstra uma fraqueza na relação entre a matemática e a realidade?
Agora, imagine tentar pensar que algo elevado a 0 da 1. Impossível. Nem se eu tentar ajustar, totalmente fora da realidade.
*Exceto o zero
Tirando as respostas que dizem ser uma convenção.
Isso, na realidade, não seria paradoxal?
Podemos supor uma reta sem atrito/perfeita e usar números irracionais nos cálculos. Mas, por não ser aplicável a realidade(não tem como imaginar 1g de chocolate dividido por 3 e dando 0,33... g nos pedaços), devemos fazer ajustes.
Isso, por si, não demonstra uma fraqueza na relação entre a matemática e a realidade?
Agora, imagine tentar pensar que algo elevado a 0 da 1. Impossível. Nem se eu tentar ajustar, totalmente fora da realidade.
*Exceto o zero
Última edição por ClaudioFrancis1 em Dom 03 maio 2015, 09:47, editado 1 vez(es)
ClaudioFrancis1- Recebeu o sabre de luz
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Idade : 25
Localização : RJ
A realidade da .... Realidade?
Cabe melhor perguntar o que se pretende que seja a Realidade. As paredes que guarnecem a minha casa e que me parecem tão sólidas, têm tanto espaço vazio quanto a galáxia em que vivo, guardadas as proporções.
Porquê, na experiência de dupla fenda, um elétron pode reagir como uma onda e passar pelas duas fendas simultaneamente, ou como matéria, passando apenas por uma e... pior: fazer isso a depender de como seja feita a medição!
Saberíamos reconhecer uma árvore se a víssemos em todas as raias do espectro simultaneamente? O espectro visível aos nossos olhos é uma pequeníssima fração do espectro todo.
O que chamamos de "realidade" não é mais do que uma muito particular percepção do Universo. Uma barra de chocolate que se deseja dividir por três crianças, se pudesse ser vista com a percepção de todos os seu átomos, muito possivelmente teria limites incertos e bordas oscilantes. Se nós mesmos tivéssemos o tamanho de uma partícula alfa, como descreveríamos a "realidade" e o Universo?
Isso posto, coloquemos os "pés no chão". Somos o que somos e isso determina nossa relação com a circunstância que chamamos "realidade". Se não tivéssemos podido dar uma interpretação ao mundo que percebemos e em que vivemos provavelmente nem teríamos chegado até aqui. Tivemos sucesso porque pudemos erigir um modelo interpretativo de sucesso para os nossos propósitos. Produzimos sementes híbridas e resistentes às pragas e podemos alimentar bilhões de seres como nós. Descobrimos antibióticos e deixamos de morrer por tuberculose. Pudemos enviar uma nave para fora do Sistema Solar. Isso tudo apesar do fato que 1 dividido por 3 seja uma dízima periódica.
Se isso tudo puder ser chamado de "sucesso" esse sucesso deve ser atribuído a uma coisa muito misteriosa chamada Razão. Seja o que for isso, é o elemento que existe em nós e que realiza as avaliações das circunstâncias em que estamos metidos. A Razão tem métodos e ferramentas para realizar esse trabalho.
Quando simplesmente dizemos: "esta árvore é mais alta que a outra", estamos fazendo um uso da mais ancestral e poderosa das ferramentas que a Razão desenvolveu: a Matemática. O Universo não é matemático e nem faz sentido atribuir a ele (ou à tal realidade) essa virtude. Matemática é um modelo interpretativo criado (com muito sucesso) pela Razão. Um poderoso modelo abstrato capaz de se ajustar a (até agora) tudo com que nos deparamos.
Que importa, realmente, se o elétron é uma onda ou uma partícula? As duas coisas são interpretações nossas. O que importa é que podemos descrevê-lo das duas formas e fazer uso disso.
O modelo matemático nos pode levar onde o senso comum falha totalmente. A solução de Swartzchild para as equações de Einstein mostraram a possibilidade da existência dos buracos negros e do horizonte de eventos muito antes de que se descobrisse o primeiro deles.
Porquê, na experiência de dupla fenda, um elétron pode reagir como uma onda e passar pelas duas fendas simultaneamente, ou como matéria, passando apenas por uma e... pior: fazer isso a depender de como seja feita a medição!
Saberíamos reconhecer uma árvore se a víssemos em todas as raias do espectro simultaneamente? O espectro visível aos nossos olhos é uma pequeníssima fração do espectro todo.
O que chamamos de "realidade" não é mais do que uma muito particular percepção do Universo. Uma barra de chocolate que se deseja dividir por três crianças, se pudesse ser vista com a percepção de todos os seu átomos, muito possivelmente teria limites incertos e bordas oscilantes. Se nós mesmos tivéssemos o tamanho de uma partícula alfa, como descreveríamos a "realidade" e o Universo?
Isso posto, coloquemos os "pés no chão". Somos o que somos e isso determina nossa relação com a circunstância que chamamos "realidade". Se não tivéssemos podido dar uma interpretação ao mundo que percebemos e em que vivemos provavelmente nem teríamos chegado até aqui. Tivemos sucesso porque pudemos erigir um modelo interpretativo de sucesso para os nossos propósitos. Produzimos sementes híbridas e resistentes às pragas e podemos alimentar bilhões de seres como nós. Descobrimos antibióticos e deixamos de morrer por tuberculose. Pudemos enviar uma nave para fora do Sistema Solar. Isso tudo apesar do fato que 1 dividido por 3 seja uma dízima periódica.
Se isso tudo puder ser chamado de "sucesso" esse sucesso deve ser atribuído a uma coisa muito misteriosa chamada Razão. Seja o que for isso, é o elemento que existe em nós e que realiza as avaliações das circunstâncias em que estamos metidos. A Razão tem métodos e ferramentas para realizar esse trabalho.
Quando simplesmente dizemos: "esta árvore é mais alta que a outra", estamos fazendo um uso da mais ancestral e poderosa das ferramentas que a Razão desenvolveu: a Matemática. O Universo não é matemático e nem faz sentido atribuir a ele (ou à tal realidade) essa virtude. Matemática é um modelo interpretativo criado (com muito sucesso) pela Razão. Um poderoso modelo abstrato capaz de se ajustar a (até agora) tudo com que nos deparamos.
Que importa, realmente, se o elétron é uma onda ou uma partícula? As duas coisas são interpretações nossas. O que importa é que podemos descrevê-lo das duas formas e fazer uso disso.
O modelo matemático nos pode levar onde o senso comum falha totalmente. A solução de Swartzchild para as equações de Einstein mostraram a possibilidade da existência dos buracos negros e do horizonte de eventos muito antes de que se descobrisse o primeiro deles.
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In memoriam - Euclides faleceu na madrugada do dia 3 de Abril de 2018.
Lembre-se de que os vestibulares têm provas de Português também! Habitue-se a escrever corretamente em qualquer circunstância!
O Universo das coisas que eu não sei é incomensuravelmente maior do que o pacotinho de coisas que eu penso que sei.
Euclides- Fundador
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Idade : 74
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Re: A matemática e a realidade
Boa resposta.
Todavia, como eu já tinha escrito no primeiro comentário(com outra linha de pensamento), dividir um chocolate em certos casos pode ser menos problemático do que essa convenção.
Mesmo sendo um modelo interpretativo com suas limitações, aceitar uma convenção como essa é como dizer que as contradições entre a matematica e o que é concreto podem ser aceitáveis. Comprometendo a representatividade da matemática.
Para termos uma ideia, deixarei um trecho de uma suposta conversa de Wittgenstein e Turing.
''Nesse mesmo ano, Wittgenstein ministrou um curso em que se discutiram questões de filosofia da matemática. Esse tema já havia sido discutido em alguns de seus cursos anteriores. O curso de 1939 chama a atenção porque os alunos que o frequentaram tiveram a oportunidade de testemunhar os embates entre Wittgenstein e Alan Turing, um dos matemáticos mais brilhantes do século XX. Wittgenstein defendia em suas preleções, entre outras coisas, que as contradições lógicas não seriam um problema tão nefasto quanto julgavam os matemáticos. Turing, por sua vez, defendia que a preocupação de evitar contradições num sistema formal atendia a uma questão prática: se um engenheiro empregasse um sistema formal contaminado por contradições na construção de uma ponte, a ponte cairia! Desnecessário dizer que nenhum dos dois conseguiu convencer o outro do contrário." Wikipedia
Todavia, como eu já tinha escrito no primeiro comentário(com outra linha de pensamento), dividir um chocolate em certos casos pode ser menos problemático do que essa convenção.
Mesmo sendo um modelo interpretativo com suas limitações, aceitar uma convenção como essa é como dizer que as contradições entre a matematica e o que é concreto podem ser aceitáveis. Comprometendo a representatividade da matemática.
Para termos uma ideia, deixarei um trecho de uma suposta conversa de Wittgenstein e Turing.
''Nesse mesmo ano, Wittgenstein ministrou um curso em que se discutiram questões de filosofia da matemática. Esse tema já havia sido discutido em alguns de seus cursos anteriores. O curso de 1939 chama a atenção porque os alunos que o frequentaram tiveram a oportunidade de testemunhar os embates entre Wittgenstein e Alan Turing, um dos matemáticos mais brilhantes do século XX. Wittgenstein defendia em suas preleções, entre outras coisas, que as contradições lógicas não seriam um problema tão nefasto quanto julgavam os matemáticos. Turing, por sua vez, defendia que a preocupação de evitar contradições num sistema formal atendia a uma questão prática: se um engenheiro empregasse um sistema formal contaminado por contradições na construção de uma ponte, a ponte cairia! Desnecessário dizer que nenhum dos dois conseguiu convencer o outro do contrário." Wikipedia
ClaudioFrancis1- Recebeu o sabre de luz
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