Consigo passar no ITA ou é tarde?

Relembrando a primeira mensagem :

Tô com 18 anos de idade e farei 19 em maio do ano que vem, ou seja, tenho 5 tentativas.
Minha ideia é começar a estudar pelos livros tradicionais de embasamento (Iezzi, Feltre, Tópicos, etc), minha intenção é começar agora em dezembro pra tentar terminar todo o embasamento do ensino médio por esses livros até o fim do ano que vem. Logo após, começar um cursinho preparatório, talvez o Poliedro, visto que moro do ladinho. Estou disposto a passar 15h diárias líquidas com uma rotina saudável, já que não trabalho e não faço “nada” além de estudar. Já consigo manter essa rotina, pois meu ensino médio era composto por aulas que duravam o dia todo, tipo um internato. Vocês acham que mesmo começando agora, com 18 e tendo 5 tentativas, é tarde pra começar a estudar para o ITA?

@(Willian Honorio), existem algumas falhas aí. Essas contagens de "2 anos pra levar base e 3 ou 4 pra passar" são extremamente subjetivos, como eu disse anteriormente: pode ser que seja menos, pode ser que seja mais ou pode ser que nem passe. Simplesmente não dá pra ficar afirmando com "talvez" e jogando valores em anos; pelo menos não nessa idade na qual ele está. Conforme eu disse, conheço gente que estudou desde os 16 em turma ITA e não passou. E mesmo quem chega sem muita base, reparei que a aprovação tem grandes chances com 2 anos de curso, neste caso. Pra quem já tem, 1 ano muitas vezes serve. É necessário ter em mente que tudo isso varia de pessoa pra pessoa, de prova para prova, não tem como adivinhar o que vai acontecer com você com base nos outros.

Quando a "estar alienado" para qualquer outra prova, isto é um grande equívoco. Não é incomum ver a galera que estuda para o ITA passar até em medicina ou ter nota para isso no ENEM, além de ser aprovado em USP, UNICAMP, etc. nos mais diversos cursos e isso sem mesmo estudar biologia, história e geografia -- acredite, sei muito bem o que estou falando quanto a isso. De qualque forma, é possível ver o básico dessas matérias enquanto foca no ITA. O próprio Poliedro fornece algumas aulas dessas matérias semanalmente para quem quer.

Agora sobre o QOEng da FAB é preciso verificar, pois não tenho certeza se eles são efetivos ou temporários. As Forças Armadas têm contratado muitos militares sob regime temporário (máximo de 8 anos) e é uma tendência que tem tudo para aumentar. O pessoal que vai para o ITA muitas vezes não está ligando para ser engenheiro mesmo, isso é verdade, Willian, mas acontece na Poly USP também. Isso porque a galera entra querendo dinheiro e rapidamente percebem que a engenharia não é a melhor área para isso. Todavia, quem escolhe o ITA tem outros motivos também: todo o suporte fornecido como os alojamentos com tudo incluso a baixíssimo preço, alimentação (3x/dia, 365 dias/ano), morar dentro do campus militar sem precisar ter medo, sem ter que pegar transporte público, convivência com pessoas muito boas, as boas oportunidades de emprego que chegam automaticamente. Isso sem contar que recebe salário como aluno militar no primeiro ano e depois esse salário aumenta muito se continuar militar (alunos da ativa), de forma que nenhum estágio paga isso, nem mesmo primeiro emprego, na maioria das vezes. Tudo isso é preciso ser levado em consideração.
Agora, a AFA é algo que eu não recomendaria pra alguém que não tem certeza se quer ser militar pelo resto da vida. Não tem muito o que fazer com um diploma de lá, tem que correr atrás mais vigorosamente e se sujeitar a maiores incertezas se quiser sair da carreira depois.
Ah e sobre a formação do ITA e da USP, elas são diferentes mesmo, como você afirmou. É bem sabido que o ensino da USP é bem melhor que o do ITA ou do IME, apesar de não oferecer todo esse conforto que falei aí em cima. O IME/ITA acabam formando pessoas boas à base da força bruta: você toma tanta pancada e tem que se virar tanto que, no final, as outras coisas na vida ficam mais de boa. Por isso é tão comum ver gente do ITA/IME passando em concursos e processos seletivos nada a ver com engenharia depois, você fica treinado para se adaptar.

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link], não coloco fé em cursos online para o ITA, mas não conheço profundamente. Talvez te dê alguma base, mas acho que só isso mesmo. Não é dificil perceber, todavia, que não é a mesma coisa que um presencial com professores que estão ali há 20 anos aprovando gente. Carlos, faça o que eu falei, tente se você acha que vale a pena, mas mantenha todas as outras portas abertas. Sinceramente, na minha opinião, o ITA não vale 5 anos de tentativas, talvez umas duas, esse é o máximo pra mim, devido aos confortos oferecidos. Conheço passou no limite e diz que vale, por isso reforço que é a minha opnião.

Minha base em exatas não é tão horrível como você palpitou (ou pareceu demonstrar), William. Passei em Engenharia Elétrica na UFMG e na UERJ, mas não quis entrar porque tenho uma "tara" na área da aeronáutica, não me vejo em outro curso, e o ITA abriria essa porta pra mim, principalmente na área militar. Tenho um histórico bom em exatas na FUVEST em vestibulares anteriores, mas fica limitado apenas a conteúdos do Ensino Médio. Pelo que vi do ITA, ele pede algo além de tais conteúdos, e esses livros recomendados acredito que me direcionariam, sabe?
Sobre outros concursos, esse é o meu medo, pois quase passei na EsPCEx e acredito que estudando para o ITA, eu passe em outra escola militar antes, aí é que o psicológico pesa na decisão de seguir nela ou largar pra tentar outro ano pro ITA, mas enfim, isso é algo que ainda não aconteceu, então é irrelevante.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link] Bom, a respeito dos cursinhos ainda vou pensar mais um pouco, pois só conheço a fundo o Poliedro. Vou usar 2020 pra finalizar os livros que eu citei (e mais alguns outros) pra pegar uma "bagagem militar", pra aí sim ir à um cursinho.

Boa sorte, mas cuidado para não se frustrar. Entrar em uma carreira militar, mesmo no ITA / aeronáutica não é garantia alguma de que vá trabalhar com engenharia de aviões ou aeroespacial. A certeza de trabalhar com aviões é maior na EMBRAER do que na FAB. Mas boa sorte com suas escolhas, sempre atento às ilusões, até mais!

Sim, eu já vi um relato desse tipo: a pessoa escolheu ser militar e acabou nos quartéis limpando capim, mesmo depois de sair do ITA, mostrando que o Brasil claramente não se importa com o desenvolvimento aeroespacial, espero que mude com Bolsonaro.
Sobre se frustrar, você está se referindo apenas com a área militar, ou tem outra coisa que posso esperar que talvez vai me frustrar?

Na verdade você pode se frustrar com qualquer coisa. Quando você começar engenharia, vai ver que não é bem o que imaginava que seria (pelo menos não é pra mim e nem para os meus colegas - mas isso pode acontecer com qualquer curso que você escolha, vale lembrar). A área militar é feita de uma forma bem prática: você é militar antes de ser engenheiro, e se eles precisarem de um militar num lugar X e decidirem que tem que ser você, será, independentemente da sua formação. Não chegar a ser limpar capim, como você disse; vai ser algum cargo de chefia, mas pode ser de algo bem nada a ver... como uma garagem, no início, pelo menos. A chance de trabalhar com engenharia é alta, mas não significa que será um trabalho legal ou prático também, devido à falta de recursos das Forças Armadas. E conforme for promovido à capitão/major, suas funções vão ser inevitavelmente administrativas e de gerenciamento. Se quer dedicar sua vida aos estudos puramente acadêmicos como disse, pode ser bem vantajoso ser militar, mas não há garantias de que vai conseguir ser instrutor/professor no ITA, por exemplo. São bem poucas e raras as vagas.
Essas coisas que eu disse acontecem e não são raras; porém, não são eternas também. É importante lembrar que sempre existem casos ao contrário, de gente que está muito feliz exercendo engenharia nas Forças Armadas.

Entendi. Véi, agradeço pelas mensagens. Meus objetivos já estão planejando, só preciso montar uma rotina agora e pegar as coisas pra valer.
Valeu mesmo pela ajuda!