[ENEM] OS DESAFIOS DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

OS DESAFIOS DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL: COMO IMPLEMENTAR UMA SAÚDE DE QUALIDADE A TODOS?

                A Constituição Cidadã, promulgada em 1988, é assim conhecida por proporcionar avanços e conquistas sociais em um período de redemocratização do país. Entre seus frutos está a criação do Sistema Único de Saúde, o SUS, que revolucionou a saúde pública brasileira oferecendo atendimento médico gratuito e universal ao defender a máxima “saúde é um bem de todos e um dever do Estado”. Entretanto, na prática, direitos e deveres chocam-se com obstáculos que colocam em risco a continuidade deste programa reconhecido internacionalmente, tornando necessária a implementação de medidas eficazes para sua manutenção.

                Oferecer saúde de qualidade a toda população, além de ser uma meta ambiciosa e desafiadora para o Brasil, país marcado historicamente pela desigualdade social, também é importante para o fortalecimento da democracia, à medida em que põe em prática o princípio da equidade. No entanto, mesmo com todos os avanços do SUS e do Estado democrático, milhares de pessoas têm seu direito à saúde cerceado devido aos problemas estruturais e administrativos, os quais se agravam cada vez mais. O sucateamento da saúde pública se evidencia desde a carência de medicamentos, materiais básicos e profissionais da saúde, até a precária estrutura dos hospitais e unidades de atendimento, quando não inexistência destas últimas em muitas regiões do país; impossibilitando o atendimento médico necessário para muitos cidadãos, os quais, não raramente, chegam a morrer sem ter seu direito concedido.

                Por outro lado, enquanto a população é prejudicada com os problemas estruturais, a carência de recursos humanos associada a uma ineficiente gestão pública dos recursos financeiros destinados à saúde revela-se causadora da problemática em questão. Atualmente, a administração estatal do SUS está comprometida por casos de corrupção e desvio de verbas, além da excessiva burocratização; problemas causados pelo Estado brasileiro controlado por uma classe política desinteressada com a saúde e qualidade de vida da população. Além disso, o modus operandi vigente no Sistema de Saúde é direcionado ao tratamento de doenças e não para a prevenção destas através da atenção básica, capaz de resolver até 80% dos casos; o que torna a população mais vulnerável e dependente do SUS, enquanto este não consegue alcançar a todos de modo igualitário, como proposto inicialmente.

                Diante disso, é necessária a implementação de medidas eficazes para a manutenção do SUS e promoção de uma saúde de qualidade a todos. A mobilização de profissionais da saúde pode conscientizar a população no sentido de cobrar dos gestores e políticos melhor planejamento e gestão eficiente dos recursos públicos. Por outro lado, cabe ao Estado cumprir com seu dever e investir na valorização destes profissionais e em infraestrutura para o pleno exercício de suas profissões; como também investimentos no atendimento básico – que tem se mostrado um vetor na promoção da saúde -  realizado no espaço rural e urbano; e educação da população através de campanhas que incentivem bons hábitos de saúde e qualidade de vida. Em suma, apenas com a participação conjunta do Estado e da sociedade civil será possível criar a consciência de que a saúde de qualidade é um bem maior entre os direitos fundamentais, e que é possível oferece-la a todos.