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Enem 2012

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Mensagem por Isadora1998 Seg 19 Set 2016, 16:11

QUESTÃO 126
Sambinha
Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras.
Afobadas braços dados depressinha
Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens da rua.
As costureirinhas vão explorando perigos...
Vestido é de seda.
Roupa-branca é de morim.
Falando conversas fiadas
As duas costureirinhas passam por mim.
— Você vai?
— Não vou não!
Parece que a rua parou pra escutá-las.
Nem trilhos sapecas
Jogam mais bondes um pro outro.
E o Sol da tardinha de abril
Espia entre as pálpebras sapiroquentas de duas nuvens.
As nuvens são vermelhas.
A tardinha cor-de-rosa.
Fiquei querendo bem aquelas duas costureirinhas...
Fizeram-me peito batendo
Tão bonitas, tão modernas, tão brasileiras!
Isto é...
Uma era ítalo-brasileira.
Outra era áfrico-brasileira.
Uma era branca.
Outra era preta.
ANDRADE, M. Os melhores poemas. São Paulo: Global, 1988.
Os poetas do Modernismo, sobretudo em sua primeira 
fase, procuraram incorporar a oralidade ao fazer poético, 
como parte de seu projeto de configuração de uma 
identidade linguística e nacional. No poema de Mário de 
Andrade esse projeto revela-se, pois
A-o poema capta uma cena do cotidiano — o caminhar 
de duas costureirinhas pela rua das Palmeiras — mas 
o andamento dos versos é truncado, o que faz com 
que o evento perca a naturalidade. 
B-a sensibilidade do eu poético parece captar 
o movimento dançante das costureirinhas — 
depressinha — que, em última instância, representam 
um Brasil de “todas as cores”. 
C-o excesso de liberdade usado pelo poeta ao 
desrespeitar regras gramaticais, como as de 
pontuação, prejudica a compreensão do poema.
D-a sensibilidade do artista não escapa do viés machista 
que marcava a sociedade do início do século XX, 
machismo expresso em “que até dão vontade pros 
homens da rua”.
E-o eu poético usa de ironia ao dizer da emoção de 
ver moças “tão modernas, tão brasileiras”, pois faz 
questão de afirmar as origens africana e italiana 
das mesmas.
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Mensagem por Diego A Dom 09 Out 2016, 11:24

Sambinha

Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras.
Afobadas braços dados depressinha
Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens da rua.
As costureirinhas vão explorando perigos...
Vestido é de seda.
Roupa-branca é de morim.
Falando conversas fiadas
As duas costureirinhas passam por mim.
— Você vai?
   — Não vou não!
Parece que a rua parou pra escutá-las.
Nem trilhos sapecas
Jogam mais bondes um pro outro.
E o Sol da tardinha de abril
Espia entre as pálpebras sapiroquentas de duas nuvens.
As nuvens são vermelhas.
A tardinha cor-de-rosa.
Fiquei querendo bem aquelas duas costureirinhas...
Fizeram-me peito batendo
Tão bonitas, tão modernas, tão brasileiras!
Isto é...
Uma era ítalo-brasileira.
Outra era áfrico-brasileira.
Uma era branca.
Outra era preta.
ANDRADE, M. Os melhores poemas. São Paulo: Global, 1988.

Os poetas do Modernismo, sobretudo em sua primeira 
fase, procuraram incorporar a oralidade ao fazer poético, 
como parte de seu projeto de configuração de uma 
identidade linguística e nacional. No poema de Mário de 
Andrade esse projeto revela-se

A-o poema capta uma cena do cotidiano — o caminhar 
de duas costureirinhas pela rua das Palmeiras — mas 
o andamento dos versos é truncado, o que faz com 
que o evento perca a naturalidade.
Acredito que não, pois temos a facilidade dos versos, a musicalidade.

B- a sensibilidade do eu poético parece captar 
o movimento dançante das costureirinhas — 
depressinha — que, em última instância, representam 
um Brasil de “todas as cores”.
Creio ser a resposta correta. A música faz parte do Movimento Antropofágico e tem objetivos musicais, a resposta está de acordo com esse modelos.

C-o excesso de liberdade usado pelo poeta ao 
desrespeitar regras gramaticais, como as de 
pontuação, prejudica a compreensão do poema.
Vários textos do modernismo seguem uma linha mais livre, e isso não prejudica a leitura nem a compreensão

D-a sensibilidade do artista não escapa do viés machista 
que marcava a sociedade do início do século XX, 
machismo expresso em “que até dão vontade pros 
homens da rua”.
Isso seria avaliar com modelos atuais uma sociedade com outros valores. Falso

E-o eu poético usa de ironia ao dizer da emoção de 
ver moças “tão modernas, tão brasileiras”, pois faz 
questão de afirmar as origens africana e italiana 
das mesmas.
Não, ele está deixando explícito a formação cultural brasileira.

Recomendo que leia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_antropof%C3%A1gico#Caracter.C3.ADsticas
http://www.blocosonline.com.br/literatura/prosa/artigos/art042.htm

____________________________________________
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*Não crie novo tópico para questão existente, comente junto dessa. (V)
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Mensagem por Isadora1998 Seg 10 Out 2016, 10:57

Obrigada !
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