Economia chinesa

O principal articulador do atual modelo econômico chinês argumenta que o mercado é só um instrumento econômico, que se emprega de forma indistinta tanto no capitalismo como no socialismo. Porém os próprios chineses já estão sentindo, na sua sociedade, o seu real significado: o mercado não é algo neutro, ou um instrumental técnico que possibilita à sociedade utilizá-lo para a construção e edificação do socialismo. Ele é, ao contrário do que diz o articulador, um instrumento do capitalismo e é inerente à sua estrutura como modo de produção. A sua utilização está levando a uma polarização da sociedade chinesa.


No texto, as reformas econômicas ocorridas na China são colocadas como antagônicas à construção de um país socialista. Nesse contexto, a característica fundamental do socialismo, à qual o modelo econômico chinês atual se contrapõe é a

a) desestatização da economia.
b) instauração de um partido único.
c) manutenção da livre concorrência.
d) formação de sindicatos trabalhistas.
e) extinção gradual das classes sociais.

Gabarito:

Por que não alternativa C?

a característica fundamental do socialismo, à qual o modelo econômico chinês atual se contrapõe é

Desde quando a "manutenção da livre concorrência" é característica fundamental do socialismo?

Sempre pensei que fosse uma característica da ideologia socialista, Euclides. :scratch:

Meu erro aparenta ser crasso; entretanto, se me permite: onde peco em afirmar que é tal conceito é fundamental ao socialismo?

Christian M. Martins escreveu:Sempre pensei que fosse uma característica da ideologia socialista, Euclides. :scratch:

Meu erro aparenta ser crasso; entretanto, se me permite: onde peco em afirmar que é tal conceito é fundamental ao socialismo?

O erro é crasso e fundamental.

A livre iniciativa, que leva à livre concorrência, é um postulado do liberalismo econômico alojado nas raízes do capitalismo. A economia socialista é tipicamente estatal. Todas as empresas devem pertencer ao estado. O que deve ser produzido e quanto deve ser produzido é decidido por um planejamento estatal. Não deve haver classes sociais, há um partido único que controla todos os meios de produção e de comunicação.

Karl Marx batizou, nos seus escritos, essa circunstância de "ditadura do proletariado", fase da qual o socialismo real nunca passou.

O sufocamento da livre-iniciativa, que é uma característica inerente à natureza humana, acabou gerando uma elevada corrupção em que os próceres do partido viviam em luxo e abundância, surgiu um mercado negro de gêneros contrabandeados ou escamoteados das linhas de produção, cartões de racionamento, pondo fim ao socialismo na Hungria, na Polônia, na Tchecoeslováquia (ex-república), Romênia, Albânia e finalmente na ex-URSS.

Os dirigentes chineses, na percepção da estagnação que a economia estatal produz, iniciaram há décadas, logo após a morte de Mao-Tsé-Tung (se não me engano, com seu sucessor, Deng Hsiao Ping) experiências tipicamente capitalistas, inicialmente em atividades e bolsões regionais escolhidos. Aos poucos a experiência capitalista começou a surtir resultados  e foi expandida. Com elas ressurgiram novamente as classes sociais e hoje há uma quantidade de milionários na China que estão adquirindo até mesmo algumas das tradicionais vinícolas francesas.

chineses vestiam-se todos da mesma forma em 1960	Uma avenida de Pequim atualmente

Explicação impecável, Euclides. Então, posso assertar que a afirmativa está incorreta pois em um Estado socialista sequer existe livre concorrência para que hajam intervenções, correto?

Em um socialismo utópico seria assim, já que não existiria essa ideia capitalista de mercado e lucro, e tudo seria produzido para o uso e o bem de todos, não existiria classes ou desigualdade social. Dessa maneira, eu acredito que nem existiriam as empresas, e sim uma produção cooperativa, então para que a intervenção na livre concorrência se esse conceito nem existiria? Mas, no socialismo de mercado da China, que existe em um contexto capitalista, o que acontece é o contrário: existem tantas intervenções do Estado, de modo que não há uma livre concorrência nesse país, uma vez que sabemos que se não existisse essa intervenção e o Estado não controlasse a produção de riquezas, tudo provavelmente aconteceria da mesma forma que em países capitalistas, e as pessoas procurariam sempre o lucro, que os daria um maior poder aquisitivo e consequentemente um padrão de vida melhor (uma vez que somos seres humanos, mas não quero entrar em méritos filosóficos); e em contrapartida, o governo precisa dessas riquezas para garantir muitos serviços à população. Já que vivemos em mundo globalizado e diversificado, e muitas matérias-primas necessárias para indústria chinesa( que é o que gera riqueza, que alimenta o governo e propicia o Estado do bem-estar social) vem de outros países, como o Brasil, esse país socialista precisa ter um mercado, mesmo que controlado para gerar riquezas e assim conseguir garantir o “bem-estar” da população e o seu.
Eu espero que tenha dado entender, pois eu acho que ficou um pouco confuso.

Perfeito, Mateus. Aliada à postagem de Euclides, a sua soluciona todas as dúvidas.

Muito obrigado.