A persistência da violência contra a mulher

Relembrando a primeira mensagem :

[size=37]A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um problema muito presente. Isso deve ser enfrentado, uma vez que, diariamente, mulheres são vítimas dessa questão. Nesse sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico cultural e o desrespeito às leis.[/size]
  [size=37]Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao homem. Comprova-se isso pelo fato de elas poderem exercer direitos políticos, ingressarem no mercado de trabalho e escolherem suas próprias roupas muito tempo depois do gênero oposto. Esse cenário, juntamente aos inúmeros casos de violência contra as mulheres, corroboram a ideia de que elas são vítimas de um legado histórico-cultural. Nesse ínterim, a cultura machista prevaleceu ao longo dos anos a ponto de enraizar-se na sociedade contemporânea, mesmo que de forma implícita, à primeira vista.[/size]
  [size=37]Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei, independente de cor, raça ou gênero, sendo a isonomia salarial, aquela que prevê mesmo salário para os que desempenham mesma função, também garantida por lei. No entanto, o que se observa em diversas partes do país, é a gritante diferença entre os salários de homens e mulheres, principalmente se estas foram negras. Esse fato causa extrema decepção e constrangimento a elas, as quais sentem-se inseguras e sem ter a quem recorrer. Desse modo, medidas fazem-se necessárias para solucionar a problemática.[/size]
  [size=37]Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as mulheres da violência, tanto física quanto moral, criando campanhas de combate à violência, além de impor leis mais rígidas e punições mais severas para aqueles que não as cumprem. Some-se a isso investimentos em educação, valorizando e capacitando os professores, no intuito de formar cidadãos mais comprometidos em garantir o bem-estar da sociedade como um todo.[/size]

Com relação à gramática e aos recursos coesivos, acho que o texto cumpriu as exigências adequadamente. Mas no caso dos argumentos usados e a temática trabalhada não acho que todas as normas foram seguidas. 
Na minha opinião, os argumentos são rasos, carecem de fatos e exemplificações para trabalhar a retórica e o convencimento. Além disso, as propostas de intervenções não são bem detalhadas. Dizer que deve-se criar campanhas, leis mais rígidas ou formar cidadãos mais conscientes não é o que se espera de meios de ação bem detalhados ao meu ver.

Bom, essa é só a minha opinião. Já que os avaliadores consideraram uma redação nota mil deve ter cumprido o suficiente dentro de cada competência.

Eu acho que o pior foi o terceiro parágrafo,  no qual houve fuga evidente do tema.

Realmente, no terceiro parágrafo ela falando de diferença salarial, principalmente se a mulher for negra... Enfim, não dou muito palpite porque não manjo, mas, no mínimo peculiar!

Tomara que um corretor desses avalie a minha redação.

Kkkkk, da próxima vez avisa que a redação não é sua, né. A redação está excelente, mas acho que não merece 1000 não, no máximo 920~960. Segue a correção:

A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um problema muito presente. Isso deve ser enfrentado, uma vez que, diariamente, mulheres são vítimas dessa questão. Nesse sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico cultural e o desrespeito às leis.
  Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao homem. Comprova-se isso pelo fato de elas poderem terem conseguido[1] exercer direitos políticos, ingressarem no mercado de trabalho e escolherem suas próprias roupas muito tempo depois do gênero oposto. Esse cenário, juntamente aos inúmeros casos de violência contra as mulheres, corroboram corrobora[2] a ideia de que elas são vítimas de um legado histórico-cultural. Nesse ínterim, a cultura machista prevaleceu ao longo dos anos a ponto de enraizar-se na sociedade contemporânea, mesmo que de forma implícita, à primeira vista.
  Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei, independente de cor, raça ou gênero, sendo a isonomia salarial, aquela que prevê mesmo salário para os que desempenham mesma função, também garantida por lei. No entanto, o que se observa em diversas partes do país, é a gritante diferença entre os salários de homens e mulheres, principalmente se estas elas[3] foram forem[4] negras. Esse fato causa extrema decepção e constrangimento a elas, as quais sentem-se inseguras e sem ter a quem recorrer. Desse modo, medidas fazem-se necessárias para solucionar a problemática.
  Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as mulheres da violência, tanto física quanto moral, criando campanhas de combate à violência [que campanhas? e por que meios elas devem ser implementadas?], além de impor leis mais rígidas e punições mais severas [que leis e punições?] para aqueles que não as cumprem. Some-se a isso investimentos em educação [quem deve investir em educação?], valorizando e capacitando os professores, no intuito de formar cidadãos mais comprometidos em garantir o bem-estar da sociedade como um todo.

NOTA: 840/1000
Competência I (norma): 160/200
Competência II (tema): 200/200
Competência III (argumentos): 160/200
Competência IV (coesão): 200/200
Competência V (solução): 120/200

Em relação à competência I:
[1]A construção não ficou clara. Tentei consertar.
[2]Erro de concordância verbal. O verbo corroborar deve concordar com cenário; não devendo, portanto, flexionar-se no plural.
[3]Estas é um pronome catafórico, mas foi usado como sendo anafórico pela aluna. Consertei substituindo por elas.
[4]O verbo ser deveria estar no modo subjuntivo.
*Não sei se [2] é um erro de fato. Caso não seja, talvez seja possível dar a nota 200/200 na competência I sim, porque erros leves são tolerados, mas não erros graves, como os de concordância e regência.

Em relação à competência II (tema), falar sobre aspectos históricos com propriedade, os quais causam a violência contra a mulher e o machismo, bem como falar sobre a questão da diferença salarial (violência moral), embasando-se na Constituição, certamente é uma discussão muito mais autoral do que a média e, assim, fora do senso comum também. A estrutura da redação também está muito boa (tópico frasal + discussão + fechamento).

Em relação à competência III (argumentos): os dois corretores deram a nota máxima para a aluna, mas eu não consigo fazer isso, pelos seguintes motivos:
Não consegui identificar uma "progressão temática adequada ao desenvolvimento do tema, revelando que a redação foi planejada e que as ideias desenvolvidas são pouco a pouco apresentadas, em uma ordem lógica", porque não há conectivo evidenciando a relação de sentido entre o segundo e terceiro parágrafos da redação. O projeto de texto está sim bem feito, porque no segundo parágrafo ela apresenta um contexto histórico, e no terceiro parágrafo ela fala dos problemas atuais das mulheres, mas é preciso ficar voltando no texto várias vezes pra identificar isso, por motivos de: má escolha vocabular e ausência de conectivo para explicitar a relação pretendida, dando, numa primeira leitura, a impressão de que as informações foram "jogadas".

Em relação à competência IV (coesão), a aluna não se valeu devidamente dos recursos linguísticos de conexão para fazer uma boa coesão externa (entre os parágrafos argumentativos), dando a impressão, num primeiro momento, de que as ideias foram "jogadas", "distribuídas" aleatoriamente entre esses parágrafos. A nota 200 na competência IV prevê pleno domínio dos recursos coesivos e, como a coesão não está perfeita, não acho que mereça fazer parte das 100/5.6 milhões de redações nota máxima.

Em relação à competência V (solução), onde estão as soluções para os seguintes problemas que foram discutidos no corpo do texto?

1- As mulheres ganham menores salários e têm pouco espaço na política.
Solucionar esse problema envolve, por exemplo, a abertura de mais espaço para as mulheres no Congresso Nacional. Nada do tipo foi proposto no parágrafo de conclusão.

2- As mulheres sentem-se inseguras e não têm a quem recorrer.
Solucionar esse problema envolve, por exemplo, o fornecimento de auxílio psicológico às mulheres, a criação de mais centros de denúncia, bem como o fornecimento de Defensoria Pública às mulheres agredidas, tanto física como moralmente.

3- O legado machista ainda persiste firme na sociedade.
A aluna solucionou esse problema dizendo que é necessário capacitar professores para formar cidadãos de bem. Mas não deixou claro que isso atacaria exatamente o problema do machismo. 

A proposta de intervenção, portanto, não é clara, nem inovadora, que são dois requisitos fundamentais para se tirar 200 na competência V. Embora as soluções estejam relacionadas ao que foi discutido no texto, elas não são suficientes, tampouco devidamente detalhadas (veja perguntas em verde, entre colchetes).
Também não dou a nota 160 na competência V porque alguns dos requisitos para essa nota são: proposta de intervenção clara e meios explícitos para que se chegue à solução dos problemas.

PS: eu fui muito chata na correção da Competência III (argumentos). Acho que daria pra dar 200/200 tranquilamente, o que aumentaria a nota dela para 880/1000. Só não fiz isso porque o projeto de texto não está totalmente claro e objetivo pra mim e, em tese, a redação tem que estar impecável para ficar entre as 100 nota máxima.

PS²: não concordo de forma alguma com a nota 200/200 na Competência V (solução), pelos motivos citados pelo Guilherme Mesquita, sobretudo. 160/200 é até coerente, mas ainda fico com 120/200.

PS³: já li uma redação nota mil do ano passado com dois erros de regência verbal (erros graves). Os corretores não perceberam esses deslizes e deram a nota máxima na Competência I (norma), sendo que a nota deveria ser 160, fornecendo ao aluno a nota final de 960, sem dúvidas.

E eu botando defeito... Violência moral, como não pensei nisso...
HayzelS iluminando minha cabeça! 

Hayzel, eu só não disse que era uma redação nota 1000 pq eu pensei que ninguém fosse querer corrigir.Além disso,  saber que a redação tirou 1000 iria influenciar a avaliação das pessoas.
Voltando a redação , eu achei que você foi muito generosa.Mostrei para o meu professor (sem dizer que essa redação tinha tirado 1000) e ele deu 700 , o que ele achou pior foi a parte do desenvolvimento do tema devido à fuga do mesmo no terceiro parágrafo.

Maria,

Você e seu professor não perceberam que a aluna chama a diferença salarial entre homens e mulheres de "violência moral". Isso é sinônimo de "violência simbólica", que acontece sem coação física, mas causando danos psicológicos ou morais. Assim, para a aluna, esse tipo de violência causa "decepção" e "constrangimento" às mulheres. É sim um tipo de agressão e violência contra a mulher. Os corretores do ENEM tinham isso em mente quando foram corrigir a redação.

Pra mim, a aluna deixou claro sim que isso é um tipo de violência contra a mulher, não fugindo ao tema!

No entanto, ela poderia ter sido mais autoral e clara citando o sociólogo que tem a ideia de "violência simbólica", que é o Pierre Bourdieu: https://pt.wikipedia.org/wiki/Viol%C3%AAncia_simb%C3%B3lica