Redação modelo Enem - 5

por hugo araujo Qua 20 Jul 2016, 18:49

Relembrando a primeira mensagem :

Enem 2014, 3° aplicação.

Tema: '' Alternativas para a escassez de água no Brasil ''

A escassez de água no Brasil é uma nova realidade para algumas regiões. Nos últimos anos o Sudeste do país, como em Minas Gerais e em São Paulo - áreas com cerca de 24 milhões de pessoas - passou a conviver com essa questão, seja pela insuficiência de políticas ambientais, seja pela ausência de hábitos sustentáveis. Por isso, é notória a necessidade de se analisar as causas dessa problemática a fim de propor alternativas para minimizar as suas consequências e o seu alastramento no território nacional.

A ação antrópica sobre a natureza está alterando as características climáticas do país. Além dos fenômenos naturais, como o La Ninã, a degradação de florestas e a emissão de gases estufas nos centros urbanos contribuem para as alterações climáticas e, consequentemente, pluviométricas. A exemplo disso, no ano passado, a represa cantareira em São Paulo atingiu o seu menor volume já registrado. Diante disso, é preciso que o poder público reveja suas políticas de sustentabilidade.

Outrossim é o uso irregular dos recursos hídricos. Seja nas indústrias, nos domicílios ou nas ruas, o desperdício de água é uma constante. No entanto, o intenso agravamento dessa problemática obriga tanto os governos, quanto a sociedade se adequarem à essa realidade que possui traços históricos na região nordestina e, por isso, pode ser uma referência para as novas localidades acometidas por essa questão, pois faz parte da formação do sertanejo a noção de uso eficiente dos mananciais. Nesse sentido, evidencia-se a necessidade da prática de hábitos sustentáveis.

Percebe-se, portanto, que as alternativas para a escassez de água no Brasil dependem tanto do Estado quando da sociedade civil. Para o educador Paulo Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Seguindo esse pensamento, o Ministério da Educação pode promover nos currículos escolares disciplinas que incentivem hábitos sustentáveis, como o reúso da água para limpeza doméstica. Além disso, o Governo pode elaborar políticas de desenvolvimento sustentável, como através de emendas constitucionais, e aumentar o rigor das leis e da fiscalização afim de proteger os recursos hídricos. Desse modo, pode-se amenizar o avanço de uma problemática histórica no país.

por hugo araujo Sáb 10 Set 2016, 00:57

Reescrita. Alguém poderia comentar. Desde já agradeço.

É notório o problema da escassez de água em regiões populosas do Sudeste. O maior reservatório de água potável paulistano - o Sistema Cantareira - registrou, em 2015, o seu menor volume, o chamado volume morto. Há várias causas para o avanço da falta d'água no território nacional, mas todas têm origens comuns: a intensa urbanização das últimas décadas e a ineficiência na gestão dos recursos hídricos, tanto pelas autoridades, como pela população.

A expansão da malha urbana degrada os mananciais de diversas formas. A construção civil, por exemplo, avança, cada vez mais, sobre os leitos dos reservatórios, como rios, destruindo as matas ciliares, cuja função é proteger esses recursos hídricos. Além disso, a poluição gerada nos centros urbanos, como dos esgotos, inviabiliza o consumo e encarece o tratamento d'água. Vale destacar também que, o crescimento populacional aumenta a demanda desse recurso, tanto no âmbito domiciliar, quanto no campo para produção de alimentos. Por essas razões, os estados mais urbanizados, como São Paulo, têm visto essas questões se agravarem nos últimos anos.

Do mesmo modo, este problema é amplificado pela má administração dos recursos hídricos. É consenso que os últimos regimes climáticos, com longos períodos de estiagem, não foram favoráveis. No entanto, as autoridades e a população não se organizaram para amenizar tal situação - vazamentos em tubulações e pessoas lavando calçadas e carros sem controle do gasto d'água são cenas comuns nos centros urbanos. A situação é tão grave que, em 2015, algumas cidades decretaram estado de calamidade pública e tiveram que racionar o consumo por alguns meses. Diante desse quadro, medidas de longo prazo devem ser adotadas para evitar transtornos mais graves no futuro.

Verifica-se, portanto, que a escassez de água está ligada, especialmente, aos problemas gerados pelo crescimento urbano e pela ineficiência administrativa no uso dos recursos hídricos pela sociedade. Tendo em vista as dimensões do problema, os Estados e Municípios devem adotar medidas punitivas mais severas quanto aos desperdícios e degradações dos mananciais, mas, por outro lado, podem subsidiar, como forma de incentivo, o consumo tanto de residências, quanto de empresas e indústrias que conseguem diminuir o uso de água. Além disso, a mídia e as escolas podem realizar campanhas no intuito de conscientizar a população e, por fim, governos e empresas privadas devem investir em tecnologias para aumentar a eficiência no consumo desse recurso, como no aproveitamento de águas pluviais e sistemas de reuso. Desse modo, pode-se atenuar essa questão que já atinge milhões de brasileiros.

por Hayzel Sh Sáb 10 Set 2016, 04:33

Tema: "Alternativas[1] para a escassez de água no Brasil"

É notório o problema da escassez de água em regiões populosas do Sudeste. O maior reservatório de água potável paulistano - o Sistema Cantareira - registrou, em 2015, o seu menor volume, o chamado volume morto.[2] Há várias causas para o avanço da falta d'água no território nacional, mas todas[3] têm origens comuns: a intensa urbanização¹ das últimas décadas e a ineficiência na gestão dos recursos hídricos², tanto pelas autoridades, como pela população.

De fato[1], a expansão da malha urbana¹ degrada os mananciais de diversas formas. A construção civil, por exemplo, avança, cada vez mais, sobre os leitos de reservatórios, como rios, destruindo as matas ciliares, cuja função é proteger esses recursos hídricos. Além disso, a poluição gerada nos centros urbanos, como de esgotos, inviabiliza o consumo e encarece o tratamento d'água. Não obstante, vale destacar também[2] que[1] o crescimento populacional aumenta a demanda desse recurso, tanto no âmbito domiciliar, quanto no campo para produção de alimentos. Por essas razões, os estados mais urbanizados, como São Paulo, têm visto essas questões se agravarem nos últimos anos.[1]

Do mesmo modo, ~~este~~ esse[2] problema é amplificado pela má administração dos recursos hídricos². É consenso que os últimos regimes climáticos, com longos períodos de estiagem, não foram favoráveis. No entanto, as autoridades e a população não se organizaram para amenizar tal situação - vazamentos em tubulações e pessoas lavando calçadas e carros sem controle do gasto d'água são cenas comuns nos centros urbanos. A situação é tão grave que, em 2015, algumas cidades decretaram estado de calamidade pública e tiveram que racionar o consumo por alguns meses. Diante desse quadro, medidas de longo prazo devem ser adotadas para evitar transtornos mais graves no futuro.[2]

Verifica-se, portanto, que a escassez de água está ligada, especialmente, aos problemas gerados pelo crescimento urbano e pela ineficiência administrativa no uso dos recursos hídricos pela sociedade. Tendo em vista as dimensões do problema, os Estados e Municípios devem adotar medidas punitivas mais severas quanto aos desperdícios e degradações dos mananciais [no que consistem as medidas punitivas?], mas, por outro lado, podem subsidiar, como forma de incentivo, o consumo tanto de residências, quanto de empresas e indústrias que conseguem diminuir o uso de água. Além disso, a mídia e as escolas podem realizar campanhas [no que consistem as campanhas?] no intuito de conscientizar a população e, por fim, governos e empresas privadas devem investir em tecnologias para aumentar a eficiência no consumo desse recurso, como no aproveitamento de águas pluviais e sistemas de reuso. Desse modo, pode-se atenuar essa questão,[3] que já atinge milhões de brasileiros.

Nota: 840/1000
Competência I (norma): 200/200
Competência II (tema): 160/200
Competência III (argumentos): 160/200
Competência IV (coesão): 160/200 *
Competência V (solução): 160/200 *

[1]Não se recomenda o uso da vírgula neste caso.
[2]Pronome anafórico e não catafórico. Dessa forma, substitua este por esse.
[3]Oração subordinada adjetiva explicativa, e não restritiva. Assim, há a necessidade de uso de vírgula.

[1]Recomendo usar a palavra do tema, alternativas, ou sinônimos próximos, na introdução e/ou na conclusão. Você usa outros sinônimos, não está errado, mas acho mais seguro escancarar as palavras do tema mesmo.
[2]Eu acho que a contextualização do tema não ficou propícia, porque ela abrange apenas parte do tema, que é a escassez de água em São Paulo. No entanto, o tema da redação diz respeito à escassez de água não apenas em São Paulo, mas em todo o território nacional. Depois dessa contextualização, você apresenta a sua tese, dizendo que são várias as causas para a escassez de água no território nacional, o que não fica muito coerente com a contextualização, que engloba apenas um Estado.
Eu abriria a redação, por exemplo, com o pensamento de algum filósofo, para dizer que as pessoas (e as autoridades, como você diz) são negligentes sobre a questão da água. Além de ser mais abrangente, é mais autoral. Vou falar sobre essa bagagem cultural específica nos comentários sobre a Competência III, mas ela (e outras quaisquer) pode ser usada tranquilamente no parágrafo de introdução mesmo (e não apenas no meio dos parágrafos argumentativos).
[3]Todas? Generalizações podem ser perigosas. Eu escreveria algo como: ...elas têm, não raro, origens comuns...

[1]Esse parágrafo me pareceu excessivamente expositivo. Senti falta de maior carga argumentativa.
[2]A negligência da população em relação à questão da água (desperdício quando lavam carros e calçadas) é um argumento um tanto previsível (alta previsibilidade dos argumentos impede a nota máxima na Competência III). Talvez fazer um argumento de autoridade (ou seja, embasando-se na ideia de alguém importante) seja um fator pra aumentar sua nota nos argumentos. Assim, a única coisa que eu modificaria no terceiro parágrafo da sua redação seria apresentar (gastando uma linha e meia, no máximo) o conceito de Uso Público da Razão, do filósofo Immanuel Kant, o qual baseia-se no uso da razão para a tomada de decisões que sejam boas universalmente, socialmente, e não apenas individualmente. Se as pessoas fizessem uso público da razão, não seriam negligentes quando à questão do desperdício de água e etc. Dá pra usar essa ideia tanto para abrir a redação, quanto no meio dos parágrafos argumentativos (não nos dois simultaneamente).
É uma bagagem cultural coringa, porque envolve a tomada de soluções por seres humanos, e isso engloba praticamente todos os temas (recomendo dar uma boa lida sobre o que Kant entende por Liberdade).

[1]Sei que é difícil colocar conectivo já no segundo parágrafo da redação, mas, caso consiga, vai deixar a coesão externa ainda mais clara! O que eu escolhi dá certo quase sempre. Mas você não perderia nota por não fazer isso.
[2]Também não é um erro, mas acrescentei esse conectivo, sem alterar o sentido do período, pra ficar melhor, ou seja, com a coesão interna mais explícita.
*A Competência IV (coesão) diz respeito ao uso adequado de conectivos (que você fez de forma excelente) e de substituições (sinônimos, por exemplo), das quais eu creio que você não fez uso devido. Digo isso porque você repetiu a palavra problema quatro vezes; recursos hídricos quatro vezes também. Como esse "erro" de substituição se repete duas vezes, não tem como dar a nota máxima nessa competência, muito embora eu ache que os corretores do ENEM mesmo não teriam percebido isso, porque eu contei com CTRL+F.

*Os problemas discutidos no segundo parágrafo da redação são: impactos da construção civil; poluição que prejudica o tratamento de água; grande uso de água nas residências e agricultura. Já no terceiro parágrafo você fala da má utilização dos recursos hídricos pela população e pelas autoridades.
Só não encontrei na conclusão a solução para o problema da poluição e tratamento de água. Além disso, eu responderia (nunca é demais) as perguntas grifadas em verde, entre colchetes, lá em cima.

por Hayzel Sh Sáb 10 Set 2016, 04:42

Mas acho que, no ENEM (desconsiderando minha correção), sua nota seria algo bem próximo de (caso os corretores não considerassem [2] algo muito grave):

Nota: 920/1000
Competência I (norma): 200/200
Competência II (tema): 160/200
Competência III (argumentos): 160/200
Competência IV (coesão): 200/200
Competência V (solução): 200/200

Concordaria facilmente com 960 também, mas não com 1000, por causa, sobretudo, de [2].

por **Diego A** Sáb 10 Set 2016, 09:57

HayzelS, suas correções tem sido bem coerentes, nao tenha dúvida!

Quero deixar só uma dica, se vc nao se incomodar e tiver condições, imprima os textos que for corrigir, pois le-los na tela do PC é fatigante

por hugo araujo Dom 11 Set 2016, 19:23

Muito Obrigado, HayzelS.

Excelente, concordo com todos os seus comentários.

Fico muito focado nós textos de apoio; isso, as vezes, pode ser negativo, como ocorreu nesse texto. O tema engloba todo o território nacional, ou seja, eu deveria falar das regiões que convivem com a seca há muito tempo, como o nordeste. Mas nos textos de apoio encontrei uma inclinação para a crise atual dos recursos hídricos da região sudeste, e isso acabou me induzindo. Isso pode até ser uma pegadinha da banca do enem.

Eu poderia ter iniciado o tópico frasal assim na introdução: ''É notório a busca por alternativas à escassez de água no território nacional.''

Sempre depois do tópico frasal, gosto de usar alguma contextualização para chamar a atenção do corretor.

Usei o exemplo de São Paulo por ser algo que está em evidência. Sendo um tema genérico, quanto a territorialidade, você acha que esse exemplo na contextualização restringiu demais a abordagem da problemática ou eu posso mantê-lo e ao longo do texto englobo essa questão como algo comum em todo o país ?

Eu achei que o acréscimo do conectivo ''De fato'' no segundo parágrafo fez com que o mesmo ficasse com uma denotação mais argumentativa, como você observou que ele estava um tanto expositivo demais. Nesse quesito eu tenho dificuldades. Um caráter mais argumentativo seria a presença de marcas autorais no texto ?

Quanto a citação que você recomendou, achei excelente e vou estudar mais sobre a mesma.

Eu poderia falar também de educação nessa redação, a falta de educação gera indivíduos omissos às causas que fazem parte da vida em sociedade.

Por essa razão, eu acho que talvez ficaria legal citar Paulo Freire, o mesmo diz que '' o maior objetivo da educação é conscientizar o individuo''. Poderia utilizar essa ideia até na conclusão quando proponho as campanhas a serem realizadas pelas escolas.

Vou reescrever mais uma vez essa redação, vou tentar enxugar a argumentação a fim de sumarizar mais as ideias.

Mais uma vez, muito obrigado. Abraços.

por **Diego A** Qua 19 Out 2016, 17:43

Hugo,

O problema ficou por conta do seguinte:

"É notório o problema da escassez de água em regiões populosas do Sudeste. O maior reservatório de água potável paulistano - o Sistema Cantareira - registrou, em 2015, o seu menor volume, o chamado volume morto. Há várias causas para o avanço da falta d'água no território nacional"

Essa marcação do primeiro período com "É notório o problema..." já trouxe todo o tratamento do tema para uma região, depois, não faria mais sentido você tentar levar para o âmbito nacional, como foi feito.

Contudo, quanto a citação da cidade de SP, não há problema que você traga para contextualizar.

Quanto às citações de autores, a noção que tenho é que elas precisam ser trabalhadas, quer dizer, o mais seguro é separar um parágrafo para exemplificar o que ela significa, ou o que se pode absorver da mesma. Dificilmente eu colocaria uma citação na conclusão, às vezes alguma frase que buscasse alguma citação já feita, ou do tipo:

"feito isso estaremos evitando a ___ e ___, como almejava (pessoa tal)", pra fechar a conclusão.

Sendo que já teríamos feito um argumento de autoridade com o mesmo autor previamente.