Redação modelo ENEM

por romulos1 Qua 02 Dez 2020, 16:55

Fala, pessoal, alguém pode corrigir para mim?
Essa citação do Paulo Freire é bem coringa, mas não quero me limitar a ela, poderiam me indicar uma outra, para eu pesquisar?
Acham que tangenciei o tema?
Tema: a cultura da automedicação em prejuízo da saúde da população no Brasil

A Constituição Federal de 1988 define, no artigo 6°, que o Estado tem o dever de assegurar a saúde da população. Todavia, no atual cenário brasileiro, o que é descrito em lei não se concretiza plenamente na realidade, tendo em vista a grande quantidade de pessoas que se automedicam, ação que, muito frequentemente, leva a prejuízos à saúde do indivíduo. Logo, é notório que isso representa um sério problema que, para ser solucionado, precisa ter suas principais causas avaliadas, sendo elas: uma educação deficitária e uma cultura incentivadora do consumo.
Em primeira análise, é possível inferir que a falta de conhecimentos básicos sobre os riscos da automedicação e as medidas a serem tomadas em casos de doenças amplificam o problema. Nesse sentido, de acordo com o conceito de pedagogia libertadora, de Paulo Freire, a escola tem o dever não só de ensinar conteúdos técnicos ao aluno, mas também de desenvolver nele as capacidades crítica e analítica que o permitem mudar e entender sua realidade. Assim, percebe-se que as instituições de ensino brasileiras vão de encontro à ideia freiriana, já que não instruem o estudante quanto a conceitos referentes a sua saúde, o que tem como resultado um aumento na quantidade de pessoas que, por não compreenderem os perigos, se acham aptos a prescreverem medicamentos a si mesmos.
Além disso, uma cultura que força um pensamento consumista incentiva as pessoas a comprarem medicamentos sem prescrição médica. Segundo a escola de Frankfurt, no mundo capitalista, o objetivo das empresas é unicamente o lucro e, para atingi-lo, elas desenvolvem, através do marketing, uma cultura que incentiva os indivíduos a consumirem produtos, mesmo sem necessidade. Sob tal ótica, as pessoas são instigadas pela publicidade a terem um pensamento que as leva à automedicação, com o fito de gerar ganhos às corporações.
Depreende-se, portanto, que a cultura de automedicação é um problema que urge solução. Para isso, o Ministério da Saúde- órgão governamental máximo do assunto- deve conscientizar a população quanto aos riscos da autoprescrição, por ser originada da falta de informações, por meio de campanhas nas principais redes de comunicação, sobretudo a televisão, com o intuito de diminuir a ocorrência dessa ação, o que leva a uma melhora na saúde do povo. Consequentemente, o que é definido na Carta Magna torna-se mais próximo da realidade.

por _Arthur_ Qua 02 Dez 2020, 18:54

A Constituição Federal de 1988 define, no artigo 6°, que o Estado tem o dever de assegurar a saúde da população. Todavia, no atual cenário brasileiro, o que é descrito em lei não se concretiza plenamente na realidade, tendo em vista a grande quantidade de pessoas que se automedicam, ação que, muito frequentemente, leva prejuízos à saúde do indivíduo. Nesse contexto, é notório que a automedicação representa um sério problema no Brasil, cujas causas principais são: educação deficitária e uma cultura incentivadora do consumo.
É indubitável que a falta de conhecimentos básicos sobre os riscos da automedicação e as medidas a serem tomadas em casos de doenças amplificam a problemática [evite repetir palavra perto]. Nesse sentido, de acordo com o conceito de pedagogia libertadora, de Paulo Freire, a escola tem o dever não só de ensinar conteúdos técnicos ao aluno, mas também de desenvolver nele as capacidades crítica e analítica que o permitem mudar e entender sua realidade. Assim, percebe-se que a diretriz das instituições de ensino brasileiras vai de encontro à premissa freiriana, já que não fomenta a instrução do estudante quanto a conceitos referentes a sua saúde, o que tem como resultado, por sua vez, um aumento na quantidade de pessoas que, por desconhecerem os perigos, vilipendiam a própria saúde ao se automedicarem. ["se acham" depois da vírgula estava errado. O correto seria "acham-se". Outra: tanto "se acham" quanto "acham-se" são informais]
Além disso, uma cultura que força um pensamento consumista incentiva as pessoas a comprarem medicamentos sem prescrição médica. Segundo a Escola de Frankfurt, o objetivo das empresas é unicamente o lucro e, para atingi-lo, elas disseminam um efêmero e ilusório conceito de satisfação, a qual será supostamente alcançada caso se compre determinado produto por elas ofertado. Desse modo, a indução à compra de medicamentos dos quais o indivíduo não precisa, acarreta a automedicação e, por fim, retroalimenta o capitalismo selvagem.
Depreende-se, portanto, que a cultura de automedicação é um problema que urge solução no Brasil. Para isso, o Ministério da Saúde - instância máxima responsável pela saúde da população - deve ~~conscientizar~~ instruir ["conscientizar", enquanto ação, pode ser considerado elemento nulo, evite] a população quanto aos riscos da autoprescrição, já que põe em risco a saúde dela [a frase anterior era uma obviedade gritante], por meio de campanhas nas principais redes de comunicação, sobretudo nas emissoras abertas de televisão, com o intuito de diminuir a ocorrência dessa ação e, assim, preservar a integridade do povo. Dessa forma, o que é preconizado pela Carta Magna se tornará uma realidade.

por _Arthur_ Qua 02 Dez 2020, 19:01

Quanto ao requerimento de repertório: conceito de "habitus", de Pierre Bourdieu, o qual diz que o indivíduo normaliza, incorpora e reproduz a estrutura social vigente. Nesse tema, por exemplo: por que o indivíduo se automedica? Por que todo mundo o faz (estrutura social vigente), daí ele normaliza, incorpora e reproduz esse comportamento, embora seja imprudente.

por Ceruko Qua 02 Dez 2020, 21:12

Outro repertório interessante é o filósofo contemporâneo Byung-Chul Han, que diz que a atual conjuntura do capitalismo engendra uma "Sociedade do Desempenho", marcada pela busca incessante por melhores resultados. Acredito que ficaria interessante uma abordagem dessa cultura de automedicação na busca pelo sucesso e alta performance constante no âmbito laboral e/ou estudantil.

por victormanfro99 Qui 03 Dez 2020, 10:12

"se acham" depois da vírgula estava errado." Acho que não está errado. "Na conformidade com lição de Evanildo Bechara, no caso de vocábulos ou de uma oração que se intercalem na subordinada, "exigindo uma pausa antes do verbo, o pronome átono pode vir enclítico"
https://migalhas.uol.com.br/coluna/gramatigalhas/93990/colocacao-de-pronomes---atracao-remota

por _Arthur_ Qui 03 Dez 2020, 14:11

victormanfro99 escreveu:"se acham" depois da vírgula estava errado." Acho que não está errado. "Na conformidade com lição de Evanildo Bechara, no caso de vocábulos ou de uma oração que se intercalem na subordinada, "exigindo uma pausa antes do verbo, o pronome átono pode vir enclítico"
https://migalhas.uol.com.br/coluna/gramatigalhas/93990/colocacao-de-pronomes---atracao-remota

Essa matéria está muito técnica, não entendi muito bem. Gostei desta: https://minhasmemoriaspraconcurso.wordpress.com/2018/05/03/em-regra-nao-e-permitido-proclise-apos-a-virgula-mas-atencao-com-particula-atrativa-que-exista-anteriormente/#:~:text=Em%20regra%2C%20n%C3%A3o%20%C3%A9%20permitido%20pr%C3%B3clise%20ap%C3%B3s%20v%C3%ADrgula%2C%20todavia%20nesse,pronome%20relativo%3A%20%E2%80%9Cque%E2%80%9D.&text=Qquando%20temos%20conjun%C3%A7%C3%B5es%20subordinativas%20(quando,atrai%20o%20pronome%20%22SE%22.

Eu realmente não sabia dessa exceção (até porque nunca pesquisei, kk). Obrigado, victor.

por _Arthur_ Dom 06 Dez 2020, 10:02

Mais alguns erros que deixei passar:

Nesse sentido, de acordo com o conceito de pedagogia libertadora, de Paulo Freire, a escola tem o dever não só de ensinar conteúdos técnicos ao aluno, mas também de desenvolver nele as capacidades crítica e analítica que ~~o permitem~~ lhe permitam mudar e entender a sua realidade.

O verbo permitir é transitivo indireto, logo, usa-se "lhe" em vez de "o".
A intenção é possibilitar que o aluno entenda sua realidade, não temos, portanto, uma certeza. Sendo assim, usa-se permitam em vez de permitem.

Para entender melhor:
https://www20.opovo.com.br/app/colunas/aopedaletra/2011/12/19/noticiasaopedaletra,2359735/propostas-que-permitem-permitam-pensar.shtml

https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/regencia-verbo-permitir.htm

por romulos1 Dom 06 Dez 2020, 16:53

Entendo, realmente esse do "lhe" servir para verbos indiretos eu não sabia. Obrigado, Arthur!

por _Arthur_ Dom 06 Dez 2020, 19:06

Eis mais uma sugestão de repertório e um exemplo de como usá-lo (embora esse tema não seja muito favorável):
em vermelho, as partes que ligam o argumento ao repertório.

Por outro lado, é válido ressaltar que há pessoas que se automedicam por serem irresponsáveis. Nesse sentido, segundo Sérgio Buarque de Holanda, o brasileiro, embora reivindique os seus direitos - quando os conhece -, não cumpre com os seus deveres. Assim, verifica-se que o hábito de se automedicar vai ao encontro do pensamento buarquiano, uma vez que, apesar de exigir celeridade no tocante à lista de espera de consultas do sistema público [direito], substancial parcela dos indivíduos ignora a incumbência [dever]de cuidar da própria saúde ao vilipendiá-la com o uso de medicamentos sem prescrição médica - ainda que a bula condene tal prática, o que, por fim, denuncia a incoerência desse segmento populacional.

por _Arthur_ Ter 08 Dez 2020, 13:33

romulo, como você usa muito esse repertório do Paulo Freire, acrescente mais esta palavrinha para aumentar a articulação entre ele e a argumentação:
Assim, percebe-se que a diretriz tecnicista das instituições de ensino brasileiras vai de encontro à premissa freiriana