ita 2010

“Foram-se os tempos em que tínhamos um sistema educacional realmente conveniente.”
Conveniente a que? É conveniente ao sistema educacional público que haja a aprovação automática; mais estatísticas benéficas para o governo, milhões de jovens que se formam nas escolas etc. É conveniente ao sistema educacional privado que os professores deem notas boas para os alunos, pois isso diminui a chance de que os pais retirem seus filhos das escolas – e, portanto, diminui a chance de a escola perder o capital que entra. O que o sr. quer dizer com sistema educacional conveniente? Deixe isso explícito, seja mais claro, enfático.

“Não quer dizer que o Brasil já foi um país avançado na educação, mas já tivemos profissionais melhores e pais mais cientes do que consiste a educação”
E, já que você levantou o tema de que os professores e pais não sabem o que realmente é educação... o que realmente é educação? Quem colocou o assunto em pauta foi o sr. Não precisa dedicar um parágrafo a isso, mas coloque como “(...) mais cientes sobre a formação acadêmica e intelectual que é a educação”, caso você acredite que a educação consista em uma formação majoritariamente intelectual, ou “(...)mais cientes sobre a formação de um cidadão consciente, que é o principal constituinte da educação”, caso você acredite que a educação é composta pela formação cidadã. Dentre outros. O sr. não precisa abordar extensivamente sobre o que é educação, afinal nem pedagogos ou psicólogos/psiquiatras devem ter chegado à um consenso. Apenas aborde suavemente o tema que o sr. levantou.
 
“A evolução social seguida do fracasso de quem só tentava planejar algo que levasse a educação para um nível mais alto são a realidade de hoje.”
Fracasso de quem? Não entendi. E que evolução social? O sr. não explicou nada. Trecho extremamente confuso.

“Precisamos de algo que motive o aluno, que desperte curiosidade.
 Existem excelentes profissionais na área da educação, a maioria é, portanto a culpa das notas baixas não é do professor e nem doas alunos, mas dos pais e dos avos, que julgam erradamente o verdadeiro significado de uma nota geração após geração”
Contradição: no final do terceiro parágrafo, é dito que as escolas são depósitos de crianças, que possuem alunos, mas não estudantes e que é necessário que haja algo que desperte o interesse do aluno para a escola (ou seja, uma ação do professor, dado que o professor é responsável por dar a matéria de um modo formal ou mais interativo); no parágrafo seguinte, entretanto, os professores são isentos de culpa. De quem é a culpa afinal?
Além disso, há uma parte especialmente mal construída:
“Existem excelentes profissionais na área da educação, a maioria é, portanto a culpa das notas baixas”
“Existem excelentes profissionais; na realidade, a maioria destes o é. Portanto, a culpa das notas baixas(...)”
Fora isso, há duas brechas na argumentação:
1ª - no início do terceiro parágrafo, é dito que se trata de um processo em que ninguém leva unicamente toda a culpa; no início do quarto parágrafo, entretanto, é dito que a maioria dos professores é excelente e que os alunos também não são culpados, mas sim os pais e os avós. Absurdo. Nem na Mecânica Quântica alguém pode levar toda a culpa e não levar toda a culpa simultaneamente;
2ª - existem excelentes profissionais na área da educação? Mas, no primeiro parágrafo, na segunda frase, mais especificamente, foi dito que já possuímos profissionais melhores. Se hoje os nossos são excelentes, mas não são tão bons quanto antigamente, o que eles eram antigamente? Matemáticos russos? Clones de Gauss?... Deus?
No trecho imediatamente seguinte:
“Ela não tem valor e nem faz sentido por si só. Não existem limites e não deveriam existir totais. Trata-se de um incentivo para sempre buscarmos fazer o nosso melhor e estender-mos nossos horizontes.”
Por que a nota não tem valor e nem faz sentido por si só? Argumente.
Não existem limites? Limites do que? Explique.
Não deveriam existir totais? Hã?
O que trata-se de um incentivo para buscarmos o melhor? As notas? Mas as notas não eram algo sem sentido por si só? Por que agora elas constituem um incentivo para buscarmos melhorar? O que fez com as notas ganhassem um papel de maior importância?
“Estendermos” não tem hífen.
 
A ortografia peca bastante e a argumentação é frágil em muitos trechos. Recomendo que leia e pratique mais. Escrever e se expressar bem é fundamental, especialmente no mercado de trabalho atual – o que não exclui os engenheiros e os analistas financeiros. Uma boa argumentação é fundamental para sua vida tanto quanto as ciências exatas. Quando o sr. divergir de opinião com um companheiro de trabalho sobre como proceder, qual dos dois vai implementar suas ideias? Aquele que for mais convincente, o que possuir uma comunicação melhor, aquele que argumentar melhor.

Darei a nota no padrão do ITA (100 pontos), conforme o edital: “12.6 A avaliação da redação, cuja pontuação é de zero a cem, obedece a 4 (quatro) critérios: tema (de zero a 30 pontos); tipo de texto (de zero a 30 pontos); coesão e coerência (de zero a 20 pontos); e modalidade – conformidade com a norma padrão da Língua Portuguesa (de zero a 20 pontos).”
a) tema e tipo de texto - clareza e consistência dos argumentos em defesa de um ponto de vista sobre o assunto:  20 pontos;
b) coesão e coerência do texto: 10 pontos;
c) modalidade - domínio do português padrão: 5 pontos.
Nota final: 35/100.
Espero ter ajudado.