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Mensagem por carlos.r Dom 17 Mar 2013, 16:40

"O rápido desenvolvimento da engenharia genética está forçando uma reavaliação da
questão do controle da pesquisa científica pelos órgãos legislativos. Este controle foi praticamente
perdido durante a década de 70, quando as primeiras experiências envolvendo a manipulação
explícita de genes foram desenvolvidas. O que existia antes, 'cruzar' animais ou plantas para criar
05 novas raças ou híbridos, é coisa bem diferente, pois não envolve a manipulação direta dos genes.
Todos sabem que cães e gatos são espécies diferentes e que não se misturam: entretanto, por
meio da manipulação genética direta, essas duas espécies podem, em princípio, ser 'misturadas'.
Uma das técnicas mais comuns de manipulação genética é a passagem de genes de um
organismo a outro usando vírus ou bactérias: os genes de um organismo são transplantados ao
10 vírus, que, por sua vez, é implantado no organismo em que se deseja depositar o material genético.
Esse organismo pode ser um peixe ou uma espécie de milho ou tomate. Com isso, os genes
espalham-se pelo organismo, transformando seu material genético e, portanto, algumas de suas
propriedades. Por exemplo, podem-se desenvolver espécies de milho resistentes a certos insetos
que o usam como alimento, controlando geneticamente certas pragas agrícolas; ou um tipo de
15 tomate que cresce mais rápido e é mais produtivo. Até aí tudo bem, a ciência a serviço da população,
como deveria ser. Podemos imaginar um futuro em que os alimentos modificados geneticamente
irão solucionar um dos maiores problemas que afligem a humanidade, a fome. O dilema começa
ao examinarmos os possíveis efeitos ambientais dos alimentos transgênicos.
Se microrganismos são usados como 'pontes' genéticas, transmitindo material de uma
20 planta a outra ou de um animal a outro, como podemos nos certificar de que esse material não se
espalhará para outras plantas ou animais? Para responder a essa questão, virologistas dos Institutos
Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA desenvolveram experiência em que um gene causador de
câncer em ratos foi transplantado para uma bactéria, que foi então implantada em outros animais,
para observar se estes também desenvolveriam câncer. Em caso afirmativo, a experiência provaria
25 que o câncer pode se tornar uma doença contagiosa por meio da manipulação genética. Os
cientistas começaram errando, escolhendo uma bactéria frágil. Por quê? Por que eles não tinham
nenhum interesse em comprovar os perigos da manipulação genética; existiam outros interesses
em jogo – políticos, econômicos e também de controle da pesquisa científica. Mesmo assim, a
bactéria infectou alguns animais com câncer, segundo os NIH. Esses resultados não foram
30 publicados em jornais científicos, e o jornal 'The New York Times' anunciou, citando depoimento
oficial dos NIH de 1979, que os 'riscos são menores do que o temido'. Caso encerrado!
Experiências recentes realizadas na Universidade de Cornell, nos EUA, mostraram que
larvas da borboleta monarca que se alimentam de plantas impregnadas com o pólen de um tipo de
milho transgênico morrem em grandes quantidades. Ainda é cedo para saber como os resultados
35 se manifestarão fora do laboratório, mas o perigo existe. A verdade é que ainda não temos
comprovação científica de que a manipulação genética de alimentos e animais não poderá gerar
efeitos danosos à nossa saúde ou ao equilíbrio ecológico. Não acredito que seja possível impedir
o desenvolvimento da pesquisa genética. Também jamais sugeriria tal coisa, que me parece absurda;
a ciência precisa ter liberdade para progredir e uma legislação proibindo certos tópicos de pesquisa
40 é, na minha opinião, equivalente à censura de imprensa ou à repressão da opinião pública.
Por outro lado, essa liberdade só pode funcionar se submetida a intensa supervisão da
comunidade científica, aliada a órgãos governamentais, livre de interesses econômicos que possam
comprometer os resultados. Existem questões éticas sérias que precisam ser debatidas abertamente
com a sociedade, desde a criação de alimentos transgênicos até a manipulação de genes humanos.
45 O Brasil deve tomar sua própria iniciativa, desenvolvendo critérios e experiências que testem os
efeitos da manipulação genética dentro de seus vários ecossistemas. Só assim poderemos
transformar a manipulação genética em um dos maiores benefícios da ciência – e não em um
monstro."

Assinale a ÚNICA alternativa em que a palavra ou expressão em negrito NÃO está adequadamente
interpretada de acordo com seu sentido no texto.
A) "O que existia antes, 'cruzar' animais ou plantas para criar novas raças ou híbridos, é coisa bem
diferente..." (linhas 4-5) = mistura de espécies diferentes
B) "(...) mostraram que larvas da borboleta monarca que se alimentam de plantas impregnadas com o
pólen de um tipo de milho transgênico morrem em grandes quantidades." (linhas 32-34) = imbuídas.
C) "(...) os alimentos modificados geneticamente irão solucionar um dos maiores problemas que afligem
a humanidade, a fome." (linhas 16-17) = atormentam
D) "(...) essa liberdade só pode funcionar se submetida a intensa supervisão da comunidade científica..."
(linhas 41-42) = inspeção

Marquei a letra D, mas a correta é B, gostaria de saber por quê?

carlos.r
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