Entendendo Física e Química

Existe muita sofisticação no nosso "computador mental". A mais interessante leitura que fiz sobre esses processos cognitivos foram a "Crítica da Razão Pura" e a "Crítica da Razão Prática" ambos de Kant. Como cada um de nós tem um cérebro e faz uso dele, cada um, bastando que seja um bom observador de si mesmo, tem uma boa idéia de como esses processos mentais funcionam.

Aliás, a expressão "bom observador", em si, é chave de muitas respostas. É claro que observar é algo mais que contemplar ou simplesmente ver. A observação é uma interação dialética que efetua perguntas, busca respostas, assimila, generaliza ou particulariza, compara, na tentativa de criar um modêlo capaz de explicar o objeto observado.

Maçãs e outros frutos e objetos caíram durante milênios, mas só uma pessoa foi capaz de observar com agudeza e encontrar o modelo que explicou o fenômeno.

Eu acredito que a matemática não seja uma ciência. Minha crença é que ela é uma linguagem natural da mente, uma das muitas formas de processos mentais intrínsecos à propria mente humana. Mesmo sem saber o nome das figuras, todo ser humano sabe distinguir um triângulo de um quadrado ou outra forma geométrica. Esse processo de distinção é essencialmente matemático, assim como contar, agrupar, etc.

As coisas no mundo ao nosso redor podem ser descritas ou interpretadas com o uso de várias linguagens naturais da mente. Há coisas que podem ser bem descritas com palavras, outras com música, outras com pinturas e outras com matemática.

Parece que, de alguma maneira, nós nos especializamos em algumas delas e nem tanto em outras. A nossa especialização em linguagens da mente nos conduz preferencialmente a um campo de atividade. Acho que isso justifica a facilidade que sentimos naturalmente para esta ou aquela ciência. Entretanto todos possuímos a mesma dotação para qualquer dessas linguagens e somos capazes de desenvolvê-las, com maior ou menor dificuldade.

Se desejamos aprender as ciências da natureza, é ela, a Natureza que deve ser observada. Os alunos de geologia, por exemplo, recebem aulas teóricas em que aprendem o papel dos processos químicos e termodinâmicos na modelagem da crosta, recebem aulas de laboratório em que aprendem a observar em ambiente controlado alguns desses fenômenos e finalmente recebem uma grande quantidade de aulas de campo, inevitáveis para a compreensão "in situ" dos modelos estudados.

Quanto maior for a nossa habilidade nas linguagens dominantes em determinada ciência, mais fácil ela se nos parece. É também evidente que "o uso do cachimbo entorta a boca", ou seja, quanto mais lidamos com uma coisa mais ela se nos torna conhecida e simples.