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Mensagem por Brenda Coelho Seg 21 Jun 2021, 11:35

Texto: 
A BANALIDADE DO MAL 
Muito se ouve, se fala e se sente acerca da violência. O ódio se encontra disseminado, como se não fosse possível habitar o mesmo espaço do outro que pensa e age diferente. A violência institucional do Estado prolifera. Contudo, as práticas sociais agressivas não se resumem à tradicional oposição Estado versus sociedade. Entre cada indivíduo das comunidades, dos bairros, dos mesmos transportes públicos, ronda o fantasma da violência. Certamente, as causas desses fenômenos são múltiplas, talvez tanto quanto o são suas ocorrências. Sofrem mais do dinamismo da continuidade do que das rupturas. Apesar das várias facetas sob as quais poderíamos analisar a violência estrutural, há certos mecanismos e estratégias que se repetem. Como funcionam? Mais ainda: quais funções e dispositivos de manutenção dessas práticas se atualizam no mundo do trabalho, na sociabilidade desigual e na urbanidade precária? A continuidade, permanência e sofisticação dos modos da violência poderiam ser sintetizadas, na experiência brasileira, em duas formas fundamentais e dominantes: o racismo e o machismo. O país cordial e democrático, em seu cotidiano, tem três mulheres assassinadas por dia. E a maioria das vítimas é composta de mulheres negras. Se o normal é a violência, o racismo e o machismo, de que modo a mulher ou o jovem negro podem experimentar uma autodefinição de sua existência, condição necessária para repensar o quadro de violência? A Constituição de 1988 seria a promessa de novas práticas, da produção de sujeitos universais – interrompendo a história de vitimizações contínuas de mulheres, índios, idosos, adolescentes, quilombolas, trabalhadores. A nova lei, legitimada na fundamentação futura de uma outra vida, seria a redenção para esses sujeitos. Porém, com a narrativa de construção do Estado de direito, soberano, centralizado, formado pelos “brasileiros”, subjaz franco e atuante, ainda que silencioso e rasteiro, o discurso do conflito, do inimigo, das lutas que continuam, que permanecem constitutivas da existência do país. Os vivas à democracia, à Constituição, às leis e à ordem convivem com o ódio ao outro via racismo agressivo, preconceito contra o nordestino, dentre outros. A ideia de sermos um único sujeito, o brasileiro alegre e complacente, convive com a prática da diferença não tolerada, com a consideração do outro, do estranho, do estrangeiro, como aquele que não é “nós”. A produção do outro e, portanto, a continuidade histórica da violência se devem, em grande medida, à persistência e ao incremento do racismo e do machismo, autorizando a agressão física ou moral. Qualquer saída para essa situação somente terá alguma possibilidade de efetivação sob políticas, atos e afetos de respeito às mulheres, aos jovens negros e aos que não têm posses, pois são essas as subjetividades e as sociabilidades que são alvos das estruturas violentas


Questão: Na exposição dos fatos que analisa, o autor apresenta expectativas que considera frustradas. Um recurso linguístico empregado para marcar essa quebra de expectativas é:
 (A) termo assertivo em “Certamente, as causas desses fenômenos são múltiplas,” (l. 6)
 (B) expressão enfática em "Mais ainda: quais funções e dispositivos de manutenção dessas práticas se atualizam” (l. 9-10)   (C) sequência gradativa em “A continuidade, permanência e sofisticação dos modos da violência” (l. 11)
 (D) tempo verbal em “A Constituição de 1988 seria a promessa de novas práticas,” (l. 17)
Gabarito letra B, mas não consigo entender porque não a D.

Brenda Coelho
Iniciante

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Data de inscrição : 05/01/2021

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