(UnB) Colisões, inércia?... dúvida teórica

Questão do PAS da UnB, 2013, primeira etapa:

Considere as duas situações relatadas a seguir. Na primeira situação, uma pessoa (massa m_p ) está dirigindo, à velocidade v, a moto CG 125 (massa m_C_G ), que se choca com um obstáculo. Na segunda, essa mesma pessoa, à mesma velocidade v com que dirigiu a moto CG 125, está dirigindo o Camaro (massa m_c_a_m ), que se choca com um obstáculo. Considerando m_c_a_m = 32 \cdot m_p e m_C_G = 2 \cdot m_p , calcule a razão entre as velocidades finais (após a colisão) da referida pessoa no Camaro e na CG. Assuma que as velocidades da moto e do Camaro sejam nulas depois do choque.

Gabarito:

A minha dúvida consiste no fenômeno físico estudado pela questão, não nos cálculos envolvidos. O enunciado na verdade é bem sugestivo em relação à resolução, pois a própria organização do texto e os dados disponíveis dão a entender que se deve trabalhar com colisões, conservação da quantidade de movimento etc. Nesse caso, se considerássemos a conservação da quantidade de movimento do sistema veículo-pessoa nas duas situações, é bem fácil chegar à resposta que consta no gabarito. Mas eu ainda não consegui compreender como isso funcionaria de fato. Se uma pessoa dirige um carro e o carro cessa o movimento bruscamente após colidir com um obstáculo, não deveria a pessoa, por inércia, seguir com a mesma velocidade que tinha o carro? Quer dizer, não entendo como pode fazer sentido trabalhar a conservação da quantidade de movimento do sistema pessoa-veículo, já que o veículo se choca com um obstáculo, transferindo, para ele, quantidade de movimento e também energia cinética - aliás, a questão diz "assuma que as velocidades da moto e do Camaro sejam nulas depois do choque", dando a entender que o referido choque seja perfeitamente inelástico. Quer dizer, se fizermos os cálculos da forma como sugere a questão, chegando à resposta do gabarito, concluímos que a pessoa, após o choque quando dirigindo o carro, adquire uma velocidade 33 vezes maior do que tinha antes, e, na moto, 3 vezes maior; ou seja, aumenta (e consideravelmente) de quantidade de movimento, o que implica, de acordo com a segunda e a primeira leis de Newton, que alguma força tenha atuado sobre ela durante o choque. Que força seria essa? Quer dizer, o carro - após atingir o repouso - não empurra a pessoa, já que vinham com mesma velocidade; no máximo, após a parada do carro, a pessoa poderia sofrer a força aplicada pelo cinto de segurança e alcançar o repouso, ou seja, não enxergo motivo nenhum para que a pessoa aumente de velocidade após estes choques. Enfim, perdão pelo texto imenso, apenas quero que entendam o meu ponto de vista e esclareçam essa dúvida que me aflige. Muito grato desde já!

O texto do enunciado sugere que, nos dois casos, a pessoa seja lançada para a frente sem impedimento.

Na colisão (mesmo com a parada total do veículo) a quantidade de movimento do sistema (pessoa veículo) deve se conservar. Devido à massa do automóvel muito maior, a velocidade da pessoa nesse caso será proporcionalmente maior ---> 33/3.

Trata-se da conservação da quantidade de movimento apenas.

Por que a quantidade de movimento se conserva, nesse caso, já que há interação do veículo com outro objeto (no caso, algum "obstáculo" mencionado pelo texto)? Além disso, se a pessoa aumenta de velocidade após a colisão, deve ter atuado alguma força sobre ela; que força seria essa?

Não tem força alguma. O momento linear se conserva e isso é uma lei física.

Veja o interessante vídeo