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Justiça com as próprias mãos

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Mensagem por Convidado Ter 27 Jan 2015, 09:17

Embora esse tema esteja meio desatualizado, estou tentando aperfeiçoar algumas redações que fiz anteriormente, para obter um bom desempenho na prova de redação do ENEM. Enviei essa redação para o Banco de Redações do Brasil Escola e obtive nota 9 e o comentário do corretor foi o seguinte:

"Bom texto. Bem escrito, que faz uma análise coerente sobre o tema proposto. No entanto, faltou uma conclusão que mostre melhor sua própria visão sobre o assunto. A análise foi feita, mas faltou concluir. É, portanto, algo aceitável ou não? 
Continue exercitando sua escrita." 

Tentei melhorar um pouco minha conclusão (uma das partes que eu mais tenho dificuldade). A proposta está abaixo:


Tema: Justiça com as próprias mãos.


A violência aumenta, o sistema de segurança pública falha e a sensação de impotência e insegurança cresce. Diante disso, grupos de pessoas resolvem se reunir para, elas mesmas, julgar e penalizar suspeitos de cometer crimes. Se auto intitulam como "justiceiros", que buscam fazer a justiça, que aparentemente não é feita pelo poder público, com as próprias mãos. As "penas" vão de amarrar suspeitos a postes, humilhação, espancamento e, em alguns casos, até execução. O Brasil, no entanto, é um Estado Democrático de Direito, ou seja, um país regido por leis que defendem o direito à julgamento pelo sistema judiciário e a aplicação de penas não degradantes e que também não incluem a pena de morte. Portanto, justiceiros também estariam cometendo crimes, de acordo com a lei. O tema proposto pelo Banco de Redações em março de 2014 e que deverá ser retratado em sua redação é: Justiceiros: o que você acha deste tipo de atitude?


Para realizar a proposta, você deverá construir uma DISSERTAÇÃO, demonstrar domínio da norma culta da língua, mobilizar diversas áreas do conhecimento, ou seja, seu conhecimento de mundo, para desenvolver o tema, respeitando a estrutura do texto dissertativo-argumentativo. Além disso, você deve levar em consideração os textos apresentados na coletânea, levantar os principais argumentos defendidos e realizar uma crítica análise dos mesmos, deixando claro seu posicionamento diante do tema na conclusão do texto. 


Elabore sua redação considerando as ideias a seguir:


Embora concordem que não se trata de um fenômeno novo na cidade, e que chacinas, grupos de extermínio, milícias e outras formas de fazer justiça com as próprias mãos sejam parte da realidade de todo o país, os entrevistados acreditam que os casos são preocupantes e merecem atenção cuidadosa da população e do governo. [Portal R7.com - leia na íntegra]


A Anistia Internacional condenou veementemente nesta quinta-feira os casos de tortura e homicídio praticados por grupos de "justiceiros" nas últimas semanas no Rio de Janeiro, e que geraram um intenso debate em todo o país. O diretor-executivo da Anistia Internacional para o Brasil, Atila Roque, afirmou nesta quinta-feira que o país tem que escolher "entre o Estado de direito ou a barbárie" ao referir-se ao apoio de algumas pessoas aos crimes cometidos por "justiceiros" contra supostos criminosos. [Portal R7.com - leia na íntegra]


O Estado é omisso. A polícia, desmoralizada. A Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem, que, ainda por cima, foi desarmado? Se defender, claro! O contra-ataque aos bandidos é o que eu chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite.[Blog Rachel Sheherazade - leia na íntegra] 


A minha redação:


O juízo de valor como juízo de fato
            A ineficiência das normas e dos valores vigentes em uma sociedade conduz os indivíduos à condição natural, defendida por Thomas Hobbes, onde vigora a guerra de todos contra todos. Os linchamentos, sintoma característico dessa anomia social, permitem diagnosticar o Brasil como um Estado debilitado em suas funções vitais, distribuídas entre os três poderes.
            O conceito superficial de que a vingança é o sentimento que influencia a ação dos justiceiros exclui um conjunto anteriormente vivenciado de sensações de insegurança, abandono e insatisfação relativas ao meio em que vivem. Sob a ótica de Karl Marx, sendo o indivíduo resultado das circunstâncias ao qual está exposto, a concepção de “justiça com as próprias mãos” consiste em uma alternativa para se obter um fim preestabelecido, onde as referidas sensações estejam ausentes. A vingança, nesse contexto, é uma espécie de justiça selvagem que visa o bem-estar social.
          A ambiguidade da justiça é consequência de interpretações oriundas de duas instâncias diferentes: os marginalizados pela sociedade, representados pelos linchadores, e o Estado. Este aceita a justiça apenas como o cumprimento das leis, enquanto aqueles a admitem como igualdade e acesso a serviços públicos de qualidade, que devem ser oferecidos pela estrutura estatal. Dessa forma, a atitude dos justiceiros é motivada, sobretudo, por se sentirem injustiçados pelo Estado.
            Os linchamentos consistem, então, em uma maneira de vingar-se contra o Estado, apropriando-se de sua capacidade de julgar e condenar, para obterem o que lhes deveria ser concedido pela própria Constituição. É uma manifestação característica de grupos oprimidos, que deve ser combatida pelo Estado, paralelamente ao desenvolvimento de práticas fiscais mais eficientes sobre as obrigações do judiciário e a destinação do erário público. 

Obrigado.

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Mensagem por Fito42 Ter 27 Jan 2015, 11:39

Dezotti escreveu:

O juízo de valor como juízo de fato
            A ineficiência das normas e dos valores vigentes em uma sociedade conduz os indivíduos à condição natural, defendida por Thomas Hobbes, onde vigora a guerra de todos contra todos. Os linchamentos, sintoma característico dessa anomia social [explicitar a anomia social, o termo ficou pressuposto], permitem diagnosticar o Brasil como um Estado debilitado em suas funções vitais, distribuídas entre os três poderes. [explicar a tese:distribuídas entre os três poderes, ou seja, (paráfrase da tese para torná-la clara)]
            O conceito superficial de que a vingança é o sentimento que influencia a ação dos justiceiros exclui um conjunto anteriormente vivenciado de sensações de insegurança, abandono e insatisfação relativas ao meio em que vivem. Sob a ótica de Karl Marx, sendo o indivíduo resultado das circunstâncias ao qual está exposto, a concepção de “justiça com as próprias mãos” consiste em uma alternativa para se obter um fim preestabelecido, onde as referidas sensações estejam ausentes. A vingança, nesse contexto, é uma espécie de justiça selvagem que visa o bem-estar social.
          A ambiguidade da justiça é consequência de interpretações oriundas de duas instâncias diferentes: os marginalizados pela sociedade, representados pelos linchadores, e o Estado. Este aceita a justiça apenas como o cumprimento das leis, enquanto aqueles a admitem como igualdade e acesso a serviços públicos [quais serviços? Polícia? Explicitar] de qualidade, que devem ser oferecidos pela estrutura estatal. Dessa forma, a atitude dos justiceiros é motivada, sobretudo, por se sentirem injustiçados pelo Estado.
            Os linchamentos consistem, então, em uma maneira de vingar-se contra [eu não diria contra, mas sim uma espécie de complementar o Estado Legal] o Estado, apropriando-se de sua capacidade de julgar e condenar, para obterem o que lhes deveria ser concedido pela própria Constituição. É uma manifestação característica de grupos oprimidos, que deve ser combatida pelo Estado, paralelamente ao desenvolvimento de práticas fiscais mais eficientes sobre as obrigações do judiciário e a destinação do erário público. 

Obrigado.

     No geral o texto ficou muito bom. Obedeceu a estrutura de uma dissertação argumentativa (apresentou a tese e os argumentos, todos coerentes e relacionados). Na minha opinião, o seu maior problema foi termos e expressões pressupostas. Na introdução, por exemplo, você citou Thomas Hobbes, o que pareceu uma informação jogada; se você explicasse um pouco mais, essa bagagem cultural passaria a ser um ponto forte no seu texto. Por ex: 
"[...]conduz os indivíduos" ao Estado Natural, em que caracterizam a individualidade e a luta pelos interesses em particular e, consequentemente, a guerra de todos contra todos, como defendia Thomas Hobbes em sua filosofia contratualista. 
Sobretudo na introdução, essas informações de outras áreas do conhecimentos devem ser melhor desenvolvidas.
     Além desses termos, os conectivos também foram o seu ponto fraco. Poderia existir conjunções nos 2º e 3º parágrafos que retomassem o trecho anterior. No ENEM, esse ponto equivale a 20% da nota! É importante manter a progressão textual.
     Por último, sua conclusão. Ela começou retomando as ideias anteriores, bom. O problema foi a sua proposta de intervenção. Não está claro o que fazer e nem como fazer.
     Apesar desses pequenos deslizes, você mereceria, pelo menos, uns 8,3
     Foi importantíssimo apresentar as bagagens culturais (Hobbes, Marx e o materialismo histórico, conceito de anomia social), elas dão peso argumentativo. Nesse tema em específico daria para usar o conceito de solidariedade orgânica e mecânica do Durkheim perfeitamente. Procure saber a respeito.
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Mensagem por Convidado Ter 27 Jan 2015, 11:50

Valeu Fito42. Apresentar propostas de intervenção é sempre uma dificuldade, pelo menos para mim. Tenho que ampliar o meu conhecimento de mundo, embora admita que propor soluções para os linchamentos e até mesmo para o racismo (em outras dissertações) não seja algo naturalmente fácil.

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Mensagem por Fito42 Ter 27 Jan 2015, 11:56

Realmente não é. Na verdade você precisa propor uma proposta que amenize o problema. Minha dica é que você fuja do corriqueiro: conscientização através da mídia.
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