Sobre curso de economia

Não cursei Economia, mas tenho alguns amigos que já estão cursando e um que está num estágio.

O mercado de trabalho está relativamente bom, mas isso depende de várias questões, como qualificação técnica do profissional e, fatalmente, indicação profissional (isso é algo que impera bastante em muitas áreas e nessa isso é bem presente).

Uma reclamação contínua que ouvi dos meus colegas que estão em alguns cursos públicos, como na FEA-USP, é uma tendência maior para a área de humanidades ao longo da grade obrigatória, ao invés de um equilíbrio entre exatas e humanidades (afinal a Economia é, os adoradores de Hayek que reclamem, matemática e científica, apesar de várias incertezas). Nesse ponto se destacam muitas vezes os engenheiros, e vale observar que um engenheiro financeiro chega a ganhar cem vezes mais do que o salário médio de outras engenharias (pesquise sobre os quants de Wall Street, por exemplo). Mas, especialmente num mundo globalizado e com tendências neoliberais, o mercado para economistas continua plenamente aceso mesmo para aqueles que não desejam ser analistas financeiros.

Não sei dizer qual o melhor curso efetivamente, acho que depende da sua visão filosófica do que o define como melhor. Se tiver condições, vá para Harvard, Yale ou Columbia; essas sim sem dúvida são as melhores na área.

Pessoalmente, por tudo o que eu ouvi sobre e pesquisei (há uns dois anos eu desejava cursar economia), acredito que a FGV possua o melhor curso de economia do país, sob os critérios que eu julgo mais importantes. A grade curricular possui um ótimo equilíbrio entre ciências exatas aplicadas à economia (econometria, probabilidade-estatística, álgebra linear, programação [vale ressaltar o papel fundamental que isso tem desempenhado na economia moderna, e cursos como o da USP não possuem cadeiras nessa área], teoria dos jogos etc]) e as ciências humanas e sociais no contexto econômico. Além disso, segundo a revista Foreign Policy, a FGV é uma das melhores think tanks (usina de ideias, em tradução meio livre) do mundo; coisa que nenhuma instituição pública do país é, além de considerar a queda internacional do renome da USP (o Chile a desbancou, como deve ter visto).

Coisas pessoais mesmo. Aspirações para o futuro, curiosidades e preferências intelectuais. Eu admito que não via futuro em Economia, por que eu só aceitaria trabalhar numa determinada empresa norte-americana "X" que dificilmente aceitaria alguém que não fosse um summa cum laude de Harvard ou filho de um político estadunidense.  Admito que eu ainda aceitaria um emprego nessa empresa, mas em economia seria muito mais difícil conseguir uma vaga lá; eis o principal motivo da desistência. Mas se você é mais flexível ou se, como a grande maioria, só se importa com o prazer das matérias do curso e/ou aquisição financeira, então não há problemas; se gostar do curso, pode ter certeza de que há espaço no mercado de trabalho.