Campo
Elétrico
(energia,
trabalho e potencial no campo elétrico: uma
discussão teórica quase sem cálculo)
Por: Euclides
I
- Fundamentos
Vamos
falar de fenômenos que ocorrem em razão da
existência de cargas elétricas e de
suas propriedades. Lembremo-nos então dessas propriedades
fundamentais.
Experiências
levadas a cabo ainda no final do século XIX mostraram que:
-
dois elétrons colocados nas proximidades um do outro e
livres de quaisquer
forças externas repelem-se mutuamente.
-
um próton e um elétron colocados nas proximidades
um do outro e livres de
quaisquer forças externas atraem-se mutuamente.
A
razão fundamental de porque isso acontece,
não a conhecemos. Somos
forçados a admitir, contudo, que se trata de uma regra
básica no Universo. Já
estivemos às voltas com coisa semelhante. Desde que o
primeiro homo sapiens observou a
Natureza à sua
volta, soube que “coisas que
estão mais
altas que o chão, tendem a cair para o
chão”.
Dizemos
que essas coisas que sempre acontecem do mesmo jeito na Natureza
obedecem a
leis naturais, ou físicas.
Bem,
essas ações de repulsão ou de
atração entre prótons e
elétrons sugerem que iguais
se repelem e diferentes se atraem. A
propriedade intrínseca a cada
partícula foi denominada carga
elétrica. Para
diferenciá-las, a do próton foi chamada positiva e a do elétron negativa. Portanto uma
convenção
estabelecida.
O passo seguinte foi pensar em: como isso acontece? Cientistas são criaturas lógicas e era muito intrigante que tais coisas ocorressem à distância, sem nenhum meio material entre as partículas que pudesse servir de condutor de uma força. Era preciso criar um modelo que pudesse explicar os fenômenos em todos os seus aspectos.
A
interrogação permaneceu até que
surgiu, por um trabalho intelectual de
Einstein, a Teoria do Campo.
Trabalhando
em sua teoria da relatividade geral, Einstein modificou por completo a
noção
que tínhamos do espaço. Até
então o espaço era apenas um grande vazio onde as
coisas existiam e os fenômenos ocorriam. Einstein
propôs que o espaço e o tempo
eram coisas integradas (ele os chamou de continum
espaço-tempo) cuja geometria e propriedades de
ponto a ponto, eram
alteradas pela presença de massa.
O
campo gravitacional foi concebido assim, como uma
perturbação na geometria e
nas propriedades do espaço circundante a uma massa. Essa
perturbação atua como
algo que “modifica os caminhos pelo
espaço”. Nas proximidades de uma massa
“todos os caminhos convergem para ela”. Newton
já havia calculado a força de
atração gravitacional e sabemos que ela diminui
inversamente ao quadrado da
distância. Isto está grifado porque o
mesmo ocorre num campo elétrico e,
portanto, deve ser algo relacionado a uma propriedade do campo.
Então
vemos que o conceito de campo foi estendido muito satisfatoriamente
à
eletricidade.
Há,
entretanto uma diferença fundamental: conhecemos apenas um
tipo de massa e o
campo gravitacional é exclusivamente atrativo.
São dois os tipos de carga
conhecidas e o campo elétrico pode ser atrativo ou repulsivo.
II
– Elementos do campo
Na
imensidão do espaço um planeta como a Terra pode
ser considerado uma massa
pontual, da mesma maneira que um elétron ou
próton do nosso ponto de vista.
Vamos falar de campos gerados por elementos pontuais.
Verifica-se que o campo se manifesta igualmente de maneira tridimensional no espaço ao redor do elemento gerador, sendo de mesma intensidade à mesma distância em qualquer direção (não há direções preferenciais) e decaindo, em qualquer direção, com o inverso do quadrado da distância. Representa-se o campo com linhas de forças radiais ao elemento gerador.
cargas
negativas
cargas positivas
Todas
essas coisas são estabelecidas por convenções
convenientes ao estudo. As
linhas tracejadas e concêntricas chamam-se equipotenciais,
ao longo das
quais o campo tem o mesmo valor.
Assim
representamos o campo de uma carga positiva como de afastamento e o de
uma
carga negativa como de aproximação. Isto vale
dizer que uma carga de prova
positiva colocada num campo elétrico vai se deslocar no
mesmo sentido das
linhas do campo e uma carga de prova negativa se deslocará
no sentido oposto ao
das linhas de campo.
Propriedade
fundamental do Campo Elétrico
Se
colocarmos uma pequena carga de prova q1 num
ponto do campo elétrico
ela receberá uma força F1.
Se a carga q1 for
sucessivamente substituída por cargas q2,
q3, ....., qn.
Essas cargas receberão forças F2,
F3,..., Fn,
de tal maneira que:
tem no campo
elétrico o seu equivalente
Energia Potencial no
Campo elétrico
As
molas elásticas tendem a permanecer naturalmente num
determinado comprimento.
Se fixarmos uma das extremidades de uma mola e a comprimirmos fazendo
força na
outra e então a deixarmos presa, sabemos que ela
estará pronta para voltar
fazendo força. A energia que empregamos para comprimi-la
fica armazenada,
pronta para realizar trabalho, como energia potencial.
Se
o campo elétrico pode realizar trabalho sobre uma carga
é intuitivo pensar que
ele possui energia potencial armazenada. Cada ponto do campo
elétrico possui
uma energia potencial a ele relacionada.
Sabemos
da Mecânica que o trabalho necessário para mover
um corpo entre dois pontos do
campo gravitacional é igual à
diferença de energia potencial entre os pontos.
O
mesmo ocorre no campo elétrico.
Vamos verificar qual será o trabalho que o campo elétrico de uma carga Q+ deve fazer para trazer uma carga q- desde uma distância d até um ponto do campo que usaremos como referencial zero:
Faremos
agora como fizemos anteriormente, substituindo a carga por outras q1,
q2,....,qn. Analogamente
vamos verificar que:
Num
circuito elétrico, quando dois pontos estão no
mesmo potencial não circulará
corrente elétrica.
A
diferença de potencial é tratada abreviadamente
por ddp ou recebe o nome
de Tensão Elétrica.
Como cargas positivas e cargas negativas se movem em sentidos opostos num campo elétrico, foi convencionado que as cargas negativas se movem do potencial mais baixo para o mais alto, e a positiva do potencial mais alto para o mais baixo. É uma forma de dizer que cargas negativas se deslocam para um pólo positivo enquanto as positivas se deslocam para um pólo negativo.