Interpretação e Literatura [2]
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Interpretação e Literatura [2]
Leia o poema abaixo.
Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.
Quais das assertivas a seguir estão corretas?
I - No primeiro quarteto, o poeta pergunta pelo legado que deixará para o país a que deve tudo o que lhe é caro; no segundo quarteto, há uma invocação um tanto irônica do mundo, não se trata mais apenas do país: há uma ampliação da referência que atravessaria os limites geográficos para lidar com o mundo/realidade.
II - A forma soneto e a referência a Orfeu, o mitológico poeta grego capaz de encantar a todos com o som da sua lira, revelam que o modernismo de Drummond agora se associa com o parnasianismo, o que permite ao poeta reivindicar uma posição fixa na tradição, em contraste com Orfeu, perplexo entre o talvez e o se.
III - No último terceto, o poeta alega que, da sua trajetória um tanto instável, restará uma pedra que havia em meio do caminho, o que equivale a uma paráfrase, agora em registro formal e sério, dos versos do célebre poema do início de sua carreira modernista: No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho (...).
(A) Apenas II.
(B) Apenas III.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas I e III.
(E) I, II e III.
Gabarito D.
Por que a assertiva II está errada? O usufruto da cultura clássica e a utilização dos sonetos não são o suficiente para associar Carlos Drummond de Andrade ao Parnasianismo? São necessárias mais condições para que esta associação seja feita?
Segue uma explicação que achei: Conforme leitura do poema, apenas a assertiva II é incorreta, uma vez que não é a referência ao poeta mitológico Orfeu, tampouco a forma soneto que irão associar Drummond à escola parnasiana, haja vista as diferenças de plano estético do poeta referido aos poetas parnasianos.
Que diferenças de plano estético, a não-utilização de rimas ricas e de métrica rigorosa? E quanto ao plano psicológico, também é um motivo para não podermos associar Drummond de Andrade ao Parnasianismo, certo?
Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.
Quais das assertivas a seguir estão corretas?
I - No primeiro quarteto, o poeta pergunta pelo legado que deixará para o país a que deve tudo o que lhe é caro; no segundo quarteto, há uma invocação um tanto irônica do mundo, não se trata mais apenas do país: há uma ampliação da referência que atravessaria os limites geográficos para lidar com o mundo/realidade.
II - A forma soneto e a referência a Orfeu, o mitológico poeta grego capaz de encantar a todos com o som da sua lira, revelam que o modernismo de Drummond agora se associa com o parnasianismo, o que permite ao poeta reivindicar uma posição fixa na tradição, em contraste com Orfeu, perplexo entre o talvez e o se.
III - No último terceto, o poeta alega que, da sua trajetória um tanto instável, restará uma pedra que havia em meio do caminho, o que equivale a uma paráfrase, agora em registro formal e sério, dos versos do célebre poema do início de sua carreira modernista: No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho (...).
(A) Apenas II.
(B) Apenas III.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas I e III.
(E) I, II e III.
Gabarito D.
Por que a assertiva II está errada? O usufruto da cultura clássica e a utilização dos sonetos não são o suficiente para associar Carlos Drummond de Andrade ao Parnasianismo? São necessárias mais condições para que esta associação seja feita?
Segue uma explicação que achei: Conforme leitura do poema, apenas a assertiva II é incorreta, uma vez que não é a referência ao poeta mitológico Orfeu, tampouco a forma soneto que irão associar Drummond à escola parnasiana, haja vista as diferenças de plano estético do poeta referido aos poetas parnasianos.
Que diferenças de plano estético, a não-utilização de rimas ricas e de métrica rigorosa? E quanto ao plano psicológico, também é um motivo para não podermos associar Drummond de Andrade ao Parnasianismo, certo?
Re: Interpretação e Literatura [2]
Nem todo soneto é parnasiano. Versos parnsianos se caracterizam pelo uso de rimas decassílabas/dodecassílabas (ou alexandrinas). O principal do Parnasianismo e que inexiste nesse poema do Drummond é a objetividade temática. Não se esqueça que os autores da 2* geração do Modernismo são extremamente subjetivos no que tange à essência humana.
Nina Luizet- matadora
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