Reféns do tempo- Crônica Argumentativa

Desde o Período Paleolítico, em que surgiram as propriedades e a agricultura, as mudanças têm sido inerentes à realidade física e intelectual da humanidade, sejam elas políticas ou sociais. No entanto, o efeito da sociedade Pós-Moderna tem sido propulsor para inserir uma mudança- ao menos sensorial- nas leis da física: a passagem do tempo. A lógica é simples, e as consequências complexas. Vinte e quatro horas não têm sido suficientes para por em prática todos os objetivos do dia e, com isso, a liquidez do tempo, conforme sintetizou Zigmunt Bauman,tem contribuído cada vez mais para tornar as pessoas um poço de culpa e inquietude.
Em mais um dia comum, perco a briga para o despertador e acordo antes do Sol. Conecto-me à rádio para despertar mais depressa. "Hoje o tempo voa, amor. Escorre pelas mãos" são as primeiras palavras que ouço, seguidas poucos minutos depois por "Sempre em frente. Não temos tempo a perder". Lulu Santos e Legião Urbana foram certeiros em suas letras. A noção de tempo parece liquidar-se diante de nossos próprios olhos de tal forma que seria necessário um dia de, no mínimo, trinta e seis horas para colocar em prática tudo o que foi planejado.
E imerso nessa sociedade Pós-Moderna, o triunfo é dado àquele que obtém o maior sucesso profissional em menor tempo. Os jornais vangloriam o aluno que estudou vinte e cinco horas por dia para conseguir uma vaga na faculdade, e o jovem de 25 anos que conquistou o CEO de uma empresa, nem que para isso tenha sido necessário ingerir dois litros e meio de café e cartelas de comprimidos diariamente para suportar essa necessidade de correr contra o tempo.
E nessa corrida, o sentimento de incompetência torna-se inerente à verocidade do relógio. Isso porque estamos o tempo todo com um sentimento de culpa afligindo o peito e perguntando para nós mesmos como fazer mais. Produzir mais estudar mais administrar mais em menos tempo menos dias menos anos. Carregando olheiras enormes e seguindo uma lógica irracional de tempo que não é coerente com a capacidade humana mas que, supostamente, é necessária na Modernidade.
Por fim, que me perdoe John Stuart, mas a ideia de que somos soberanos sobre nosso corpo e mente é tão errata como essa briga contra o relógio. Mas agora eu preciso dormir, porque já é noite e a leitura dessas trinta linhas foi o tempo suficiente para o meu dia discorrer. E amanhã tudo se repetirá.


Alguém pode corrigir, por gentileza??
Eu fiz poucas crônicas argumentativas, então qualquer erro estrutural, ou qualquer erro no geral, sugestão de melhoria, podem apontar.

Logo mais tento expor alguma crítica. Mesmo assim, de conteúdo está nível Pir2: Fera! hehe

Bom texto! 

Desde o Período Paleolítico, em que surgiram as propriedades e a agricultura, as mudanças têm sido inerentes à realidade física e intelectual da humanidade, sejam elas políticas ou sociais. No entanto, o efeito da sociedade Pós-Moderna tem sido propulsor para inserir uma mudança- ao menos sensorial- nas leis da física: a passagem do tempo. A lógica é simples, e as consequências complexas. Vinte e quatro horas não têm sido suficientes para por[pôr] em prática todos os objetivos do dia e, com isso, a liquidez do tempo, conforme sintetizou Zigmunt Bauman, tem contribuído cada vez mais para tornar as pessoas um poço de culpa e inquietude.

O termo "liquidez do tempo" me chamou atenção desde a primeira vez que li. O que você quis dizer com isso? Posso estar errado, mas o conceito de Bauman diz respeito à liquidez das relações. Veja bem, não vejo nenhum desconto por esse possível equívoco, mas sabendo que a filosofia de Bauman faz uma das mais importantes leituras da nossa época, acho importante você dar uma atenção especial pra essa. Certo?!!

Em mais um dia comum, perco a briga para o despertador e acordo antes do Sol. Conecto-me à rádio para despertar mais depressa. "Hoje o tempo voa, amor. Escorre pelas mãos" são as primeiras palavras que ouço, seguidas poucos minutos depois por "Sempre em frente. Não temos tempo a perder". Lulu Santos e Legião Urbana foram certeiros em suas letras[dois pontos] A noção de tempo parece liquidar-se diante de nossos próprios olhos de tal forma que seria necessário um dia de, no mínimo, trinta e seis horas para colocar em prática tudo o que foi planejado.

Esse parágrafo ficou muito legal, por que você não fez dele sua intro?

E imerso nessa sociedade Pós-Moderna, o triunfo é dado àquele que obtém o maior sucesso profissional em menor tempo. Os jornais vangloriam o aluno que estudou vinte e cinco horas por dia para conseguir uma vaga na faculdade, e o jovem de 25 anos que conquistou o CEO de uma empresa, nem que para isso tenha sido necessário ingerir dois litros e meio de café e cartelas de comprimidos diariamente para suportar essa necessidade de correr contra o tempo.

E nessa corrida, o sentimento de incompetência torna-se inerente à velocidade do relógio. Isso porque estamos o tempo todo com um sentimento de culpa afligindo o peito e perguntando para nós mesmos como fazer mais. Produzir mais[,] estudar mais[,] administrar mais[,] tudo em menos tempo[,] menos dias[,] menos anos. Carregando olheiras enormes e seguindo uma lógica irracional de tempo que não é coerente com a capacidade humana[,] mas que, supostamente, é necessária na Modernidade.

Acredito que para evitar o paralelismo a inclusão do "tudo" seja necessária

Por fim, que me perdoe John Stuart, mas a ideia de que somos soberanos sobre nosso corpo e mente é tão errata[errada] como essa briga contra o relógio. Mas agora eu preciso dormir, porque já é noite e a leitura dessas trinta linhas foi o tempo suficiente para o meu dia discorrer. E amanhã tudo se repetirá.

Vamos sentir a falta de você ter colocado 2ª parágrafo na introdução aqui, pois começando a narrativa do seu dia no segundo parágrafo você perdeu características do gênero.

*Achei muito boa de conteúdo, de argumentação. Mantendo-se a estrutura em: 1ª ambientalização > 2ª argumentação > 3ª conclusão/fechamento; fica fácil do corretor perceber o projeto de texto e de você obter uma boa nota. Contudo, como dito, inverter o 2º parágrafo e 1º é essencial.
**Atente-se sempre aos comandos da proposta e do texto motivador, muitas vezes conseguir inserir um parágrafo tratando de um assunto presente ou no texto motivador, ou no comando seja necessário para a banca.

Vamos sentir a falta de você ter colocado 2ª parágrafo na introdução aqui, pois começando a narrativa do seu dia no segundo parágrafo você perdeu características do gênero.




Eu ter começado o texto com aquele meu primeiro parágrafo descaracteriza o gênero? Por que??? 
Só pra saber mesmo, pra eu não cometer mais o mesmo erro. Pensei que estivesse certo...

Nessa parte aqui que você colocou a vírgula, eu não coloquei propositalmente. Estou treinando para a UFGD e vi uma veterana falando que eles avaliam bastante o texto no sentido poético mesmo, e a falta de vírgula foi proposital pra leitura ficar mais "corrida" e sem pausas, assim como o tempo. Será que eu perderia nota por isso?? Só tentei deixar um pouco mais "poético"...

Complicado!! 

Assim, inicialmente, penso que se eles tiverem um quadro com os critérios avaliados, e nesse estiver explicito que se espera alguma característica poética ou estilística do autor, então você fez corretíssimo. Contudo, se as analises forem subjetivas, e cada corretor precisar olhar por si próprio se há marcas poéticas, logo você tem chance de perder nota. Portanto, o ideal é conhecer a prova mesmo e os métodos de avaliação.

Eu ter começado o texto com aquele meu primeiro parágrafo descaracteriza o gênero? Por que???  Shocked
Só pra saber mesmo, pra eu não cometer mais o mesmo erro. Pensei que estivesse certo...

Você iniciou um período dissertativo-argumentativo. Para a crônica espera-se a apresenta das personagem (se houver), do tempo e espaço. Quando você expôs em 1ª pessoa a narrativa, no segundo parágrafo, e delimitou o espaço e o tempo, você conseguiu construir uma progressão para o texto, que segue a narrativa, assim argumentar e dissertar são em parte complementares. Do modo que está aparenta perder a organização, ou seja, começa por uma dissertação e salta para uma narrativa, após volta pra narrativa. De outro modo, iniciando pela narrativa, você inclui dissertação e argumentação dentro dela, tipo "dissertação e argumentação fazem parte da narrativa" e não "contém uma narrativa nessa dissertação".

Cara, que texto legal !

Liliana Rodrigues escreveu:E nessa corrida, o sentimento de incompetência torna-se inerente à velocidade do relógio. Isso porque estamos o tempo todo com um sentimento de culpa afligindo o peito e perguntando para nós mesmos como fazer mais. Produzir mais[,] estudar mais[,] administrar mais[,] tudo em menos tempo[,] menos dias[,] menos anos. Carregando olheiras enormes e seguindo uma lógica irracional de tempo que não é coerente com a capacidade humana[,] mas que, supostamente, é necessária na Modernidade.


Nessa parte aqui que você colocou a vírgula, eu não coloquei propositalmente. Estou treinando para a UFGD e vi uma veterana falando que eles avaliam bastante o texto no sentido poético mesmo, e a falta de vírgula foi proposital pra leitura ficar mais "corrida" e sem pausas, assim como o tempo. Será que eu perderia nota por isso?? Só tentei deixar um pouco mais "poético"...

Uma sugestão seria utilizar o recurso estilístico do polissíndeto, para a ideia de simultaneidade, acúmulo.Ex.: Produzir mais, e estudar mais, e administrar mais...

Diego A
Obrigada pelas dicas!! Vão me ajudar demais, e eu vou prestar mais atenção da próxima vez