Tributo a Tycho Brahe
Por: Euclides              




A História da Ciência é o liame que ata no tempo e no nosso entendimento os elos que representam cada capítulo da aventura humana na descoberta das Leis Naturais e na edificação do conhecimento que se acumula geração após geração.

Muita gente já ouviu falar de Isaac Newton, Galileu Galilei e Johannes Kepler. Esses homens, apesar de terem vivido há mais de quatrocentos anos tiveram seus nomes lembrados continuamente durante esses quatro séculos por suas descobertas científicas que constituíram as bases da Física e da Astronomia modernas e por sua contribuição indelével na formulação do que chamamos o Método Científico.

Talvez poucos tenham ouvido falar em Tycho Brahe.

Brahe nasceu em Copenhagen em 14 de dezembro de 1546, quase cem anos antes de Newton e foi contemporâneo de Galileu e Kepler. Quando, ainda na juventude, presenciou um eclipse cuja data havia sido predita com exatidão pelos sábios da época, sua paixão pela astronomia não mais se conteve e dedicou-se inteiramente a ela.

O que diferenciou sobremaneira o trabalho de Tycho Brahe foi sua decidida opção pela observação contínua dos astros, para o que construía ele mesmo seus instrumentos numa época em que ainda não se dispunham de relógios e das lunetas. Suas centenas de registros eram minuciosos e extraordinariamente precisos para a época.

Ainda na Dinamarca esteve a serviço do rei Frederik II como astrônomo. O rei ofereceu-lhe uma ilha inteira (a Dinamarca é um país com grande número de ilhas) chamada Hveen, onde foi construído um observatório. Lá Tycho construiu mecanismos de medição do tempo como clepsidras e ampulhetas e contratou assistentes que o auxiliavam efetuando a medição do tempo durante suas observações e construiu um sextante de 1,60 metros de braço para as medidas angulares.

Seu trabalho reduziu a imprecisão de medidas de 10 minutos de arco para 1 minuto de arco.

Posteriormente, em 1599, com a morte do rei, Tycho indispôs-se com o sucessor e abandonou a Dinamarca a convite do rei Rudolph II que o nomeou matemático imperial e foi viver em Praga. Nessa cidade prosseguiu suas magníficas e foi onde recebeu a visita de Kepler que, luterano, fugia da perseguição religiosa na Áustria que então fazia parte do Sacro Império Romano. Contratou Kepler em 1600 como assistente. Tycho morreu pouco tempo depois em 24 de outubro de 1601 em Praga, onde seu corpo encontra-se enterrado na igreja Tyn.

Tycho Brahe era homem de personalidade introvertida e tímida. Muito zeloso de seus registros, aos quais Kepler não teve o acesso pleno que desejava enquanto Tycho era vivo. Consta que pouco antes de sua morte Tycho teria pedido a Kepler que não tornasse vão o trabalho de sua vida.

Kepler que conhecia e respeitava a precisão dos trabalhos de Tycho Brahe refez seus cálculos inúmeras vezes reformulando seus pressupostos até que concordassem com os registros de Brahe. Todo o trabalho de Kepler provavelmente não teria sido possível sem Tycho Brahe.